sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

The Hives e The Bronx em Barcelona 02/12/2012 - Sala Razzmatazz - Barcelona/Espanha



Domingo 2 de Dezembro, cidade condal mais conhecida da Espanha, Barcelona. Algo de frio na "noite" das quase seis da tarde. Diante da Sala Razzmatazz pouco movimento e o momento exato de perguntar sobre o tour manager do The Bronx. Muito bem recebido pelo mesmo, adentro pelo backstage local.
Enquanto espero Matt para um bate papo rápido sobre o novo disco da banda e também recebo ofertas de água, refrigerante ou cerveja para minha curta espera vejo tranquilamente os integrantes do The Hives em seu jantar pré-show, igualmente simpáticos e tranquilos. Quem não os conhece não sabem o que aqueles comedidos rapazes são capazes em cima de um palco e mais tarde falaremos deles.

Nosso encontro com Matt foi exatamente no palco, sentado na borda e com os pés apoiados num lugar habitual, o fosso dos fotógrafos. Porém era a primeira vez em anos que poderia visualizar a sala de tal ângulo. Realmente uma sensação única, sabendo que ali foi gravado Loco Live dos Ramones, o video oficial Under Siege do Sepultura e que tantos outros nomes passaram por ali. Nomes que vão de Slayer a Jack White, passando por Cobain e toda geração de Seattle, Queens of the Stone Age, Prodigy e muitos outros. Pouco mais de uma hora após nossa conversa o mesmo Matt estava ali, saltitando como um boxeador com microfone em punho liderando os californianos The Bronx. Abrindo a noite com "Ribcage", "Shitty Future" e "Unholy Hand", já de cara podemos sentir como será o disco novo, anunciado para Fevereiro com dois pertardos entre as três primeiras.

Esta não era a primeira vez que os californianos tinham pisado na Razz, há uns dois anos abriram para o Gogol Bordello porém vestidos de El Mariachi, a segunda identidade do grupo. Sorte nossa e do público em geral receber junto ao Hives a primeira identidade do mesmo e poder curtir "Knife Man" na primeira fila e escutar os repetitivos riffs de guitarra na intro. Diante de músicas como "Heart Attack American" ou "History's Stranglers" fica a pergunta, em que estilo exatamente se encaixa a banda. Talvez a melhor resposta é que não encaixa e por isso tocam junto aos Hives, Refused e Gogol. Foram quarenta minutos que passaram voando, talvez porque a apresentação tenha sido de tirar o chapéu. 

Por falar em Chapéu, chegava a hora dos suecos que a julgar pela capa do disco Lex Hives viriam vestidos tal e qual, com seus trajes e chapéus, ao menos é assim em cada turnê. Como gostam muito de um showzinho à parte, seus roadies e assistentes de palco estavam vestidos de ninja. O público já vibrava só ao ver acesso o nome da banda em letras luminosas ao fundo do palco, algo como programa de auditório, bem comum em suas apresentações. Talvez seja isto a única coisa que incomoda um pouco e escrevo antes de comentar o show, porque a sensação é sentida neste momento. Para quem nunca viu aos Hives, é um show a ser visto sem a menor sombra de dúvidas, é divertido, é rock, é suor e é alegria. Para quem já assistiu, o espetáculo entra em outro estágio, o de conferir músicas novas e sentir-se bem de estar naquele ambiente porque as novidades param por aí. As mesmas palavras, brincadeiras e teatrinhos se repetem. Até mesmo aquela congeladinha da banda no final da apresentação enquanto os instrumentos distorcem continua existindo. Lembro de quando os assisti pela primeira vez, lançando o Veni Vidi Vicious no pequeno Cabaret de Montreal que cheguei em casa emocionado e de lá pra cá tive a sorte de assistir pelo menos um show de cada turnê, um deles em praça pública em Barcelona e que fique claro, todos são de maravilha, principalmente para quem gosta da banda e está disposto a assistir ao filme uma vez mais.

Quando a banda escreveu a música "Come On!", com certeza pensaram na abertura de um show e não é a toa que na gravação de estúdio incluíram gritos do público. E assim foi a abertura, um minuto intenso e de alegria recíproca. Ainda mais tendo "Try it Again" e seus pegajosos riffs. Não tão festeiro com "Take Back The Toys" que muito me lembra The Stooges e dando caña como dizem por aqui e com "1000 Answers". Claro que não faltaram músicas como "Main Offender", "Die All Right" e claro "Hate To Say I Told You So" já em fim de festa quando Pelle pediu aos espanhóis que Nicholaus Arson tinha um riff especial para eles, o que gerou certo protesto, fazendo com que o mesmo Almqvist mudasse de discurso e pedisse que os catalães os apoiassem, uma eterna discussão que não levará a nenhum lugar e a nada. Por falar em Almqvist, o rapaz vem melhorando seu castelhano e consegue manter uma boa conversação com o público, que claro, somado ao sotaque sueco e ao personagem que interpreta em cima do palco se torna ainda mais engraçado. O que realmente sentimos falta foi de alguma música de Barely Legal, que é um excelente disco. É incrível ver a escassos centímetros de seus olhos a movimentação da banda, principalmente o já comentado guitarrista Arson e o vocalista Pelle que frequentemente se aproximam do público, deixa o mesmo acariciar a guitarra e este recebe as palhetas após serem romanticamente beijadas. Não menos intenso o outro guitarrista, Vigilante Carlstroem, carinhosamente apelidado de presuntinho sua bicas ao lado de Dr. Matt Destruction contando ainda com Chris Dangerous que parece um gigante numa bateria de criança.

Foram algo em torno de vinte músicas, quase todas do Lex Hives como por exemplo "Go Right Ahead", "I Want More" e "My Time is Coming" outras tantas do The Black and White Album algumas delas mais curtas e outras mais extensas como o caso de "Tick Tick Boom" em que o grupo senta para descansar e pede para que o público faça o mesmo demonstrando um controle total sobre a festa que eles são mais do que protagonistas. Por um momento, uma pequena parcela do planeta se rende aos domínios do The Hives.

E viva o Rock & Roll.
Enviado por Mauricio Melo




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