O quinteto levou uma ducha de água fria antecipada ao receber a noticia de que no mesmo dia de sua apresentação em Barcelona estava programada uma greve geral na Espanha. Não sabemos quem se programou primeiro, se a greve ou a promotora. O que sabemos é que este show estava programado há meses, tantos quanto a greve. Lembrando que protestar na Europa é coisa séria, o pau come solto e sem medo do sangue escorrer. Na última grande greve geral, a cidade de Barcelona ardeu literalmente. Carros (incluindo os de policia) foram queimados, a borrachada sobrou para pernas e crânios, vitrines de grandes lojas foram apedrejadas, etc, etc. Desta vez, Barcelona esteve relativamente tranquila e a coisa engrossou na capital, Madrid e também em Valencia. E no meio deste turbilhão estavam o Everytime I Die lançando "Ex-Lives" que por ironia ou coincidência tem em sua capa um confronto entre policiais e protestantes. Digo por ironia porque justamente por causa da paralisação, o show ficou praticamente vazio. A sala 2 do teatro Apolo que já é pequena mas que seria ideal para o show já que o palco tem meio metro de altura e não há barricadas não recebeu o público esperado em número. Com os transportes funcionando a serviço mínimo somente entre as 6 e as 9 da manhã e das 5 as 8 e meia da noite o público se encolheu em casa. Engana-se quem acha que os taxistas fizeram a festa, muitos aderiram a paralização por opção ou obrigação já que encontrar um grupo de manifestantes com seu taxi é correr riscos de ser apedrejado, no mínimo. O público presente se resumiu a quem tem veículo próprio, algo pouco comum na Europa, e bicicletas além de alguns valentes via canela.
A abertura da noite ficou por conta de Clouds Over Normandie, uma banda catalã de metal-core extremamente técnica e com grande destaque para seu baterista, o rapaz simplesmente destruiu a cozinha.
Com um fisicamente irreconhecível Keith Buckley nos vocais já que o rapaz sustenta uma barba ao melhor estilo Papai Smurf, bem diferente de quando nos vimos pela última vez no Hellfest de 2011 junta a sua outra banda, o The Damned Things que também participam integrantes do Anthrax e Fall Out Boy e que tocam um hard rock de qualidade, o rapaz só teve tempo de dar boa noite antes de abrirem com "Underwater Bimbos From Outer Space" que também abre o álbum "Ex Lives" e o diminuto público já foi a loucura. Sentimento este que aumentou aos primeiros acordes de "The Marvelous Slut" e "Bored Stiff". Somente após esta sequência Keith dá sinais de comunicação, entendendo perfeitamente a situação de greve geral e agradecendo aos que ali estavam. Num geral o show, como esperado, foi um misto de antigos e novos temas e claro que "I Suck (Blood)" e "Indian Giver" do disco novo não podiam faltar assim como "No Son of Mine" e "We're Wolf" do The Big Dirty.
Não podíamos esperar nada diferente desta banda, show intenso, movimentação de palco com integrantes esbarrando uns aos outros, público entregue e até mesmo um guitarrista tocando no balcão do bar, de quebra pediu uma cerveja a garçonete e bebeu a gelada numa tragada só, confirmando de uma vez por todas a lenda de que seus integrantes são uns festeiros tão intenso quanto sua música.
Até a próxima.
Este show foi produzido pela promotora: CAP CAP.
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