sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Hellfest Open Air 2011 17/06/2011 - Val de Moine - Clisson, França

1º dia - Sexta-feira 17/06

Pelo segundo ano consecutivo, chegamos até Clisson, França, para cobrir o Hellfest. Festival este que vem se tornando referência na Europa quando se trata de música extrema. Como previa a meteorologia, logo na abertura do festival uma boa chuva (e frio) serviu para reavaliar nossos planos. Nossa jornada que deveria começar as 11:40 da manhã, se deu início uma hora mais tarde, num rápido show do Malevolent Creation que mais valeu para proteger da chuva por terem tocado na "lona" da Rock Hard do que pelo show em si. Não distante dali conferimos oChurch of Misery, que definitivamente coloca o Japão no mapa da música pesada. O "fato" ocorreu no palco Terrorizer, outra lona coberta, e quem lá esteve não se arrependeu, foi arrepiante! Entre esta apresentação e o The Damned Things, banda composta por integrantes do Anthrax, Fall Out Boy e Every Time I Die, tínhamos previsto nosso Krisiun que não chegamos à tempo por pequenas imposições feitas pelo festival, quando queríamos realmente registrar em imagens um concerto, tínhamos que fazer fila para não ficar de fora da barricada e muitas vezes o tempo da fila era o show do palco ao lado que abríamos mão e desta maneira reduzimos a dimensão de nossa cobertura.

The Damned Things que decepcionara em Barcelona dias antes, talvez o fato de Scott Ian ter deixado a turnê repentinamente por uma emergência familiar, tenha feito a banda descarrilhar por uns dias, mas no Hellfest o show foi maiúsculo, hard rock dos bons, pesado, com riffs, refrões pegajosos e quando finalizaram com "We've Got a Situation Here" nos lamentamos que o show tenha sido tão curto, 10 músicas ou 40 minutos, tempo do disco Ironiclast. Para o primeiro encontro com o palco principal 1, tivemos The Cult e um Astbury fisicamente irreconhecível. O frontman outrora vaidoso, exibe barba, cabelos compridos e uma boa barriga. Já musicalmente continua se entendendo muito bem com Billy Duff. Brindaram o público abrindo a apresentação com "Rain" e o resto já podem imaginar como foi, "Sweet Soul Sister", "She Sells Sanctuary", "Love Removal Machine"...


Mostrando o outro lado da moeda, no palco principal 2 estavam The Exploited e um início avassalador com "Let's Start a War" como cartão de visita de outros clássicos como "Troops of Tomorrow", "Fuck the USA", "Cop Cars" e até "Beat the Bastards", além do primeiro mosh-pit da tarde.

Na seqüência conferimos o projeto que deu "certo", Down. Um público dedicado e um grupo mais entrosado do que nunca, talvez esteja vivendo seus melhores dias no que se trata de apresentações ao vivo, com um Phil Anselmo em forma e riffs matadores de Pepper e Kirk.

Previsto para encerrar o dia, Iggy and Stooges anteciparam sua apresentação. Uma vez mais o público ficou boquiaberto ao ver Iggy em plena forma física com seus sessenta e tantos anos de idade, um verdadeiro showman. Dançando e chamando para dançar, descendo constantemente ao público e liderando clássicos como "1969", "Search & Destroy" e claro, "I wanna be your Dog".

Se por um lado a Terrorizer recebia o Clutch o palco principal teve a oportunidade de ver o retorno do Morbid Angel aos palcos lançando seu Illud Divinum Insanus, numa das apresentações mais brutais da noite.

Entre enfrentar uma fila descomunal para o Rob Zombie que acabou encerrando apresentação 25 minutos antes do previsto e ir ao Melvins, ficamos com a segunda opção. Ao ver os integrantes do Down "rolando" de alegria ao fundo do palco, tivemos a sensação de estar no lugar certo. Para fechar a noite de um dos dias mais rock da história do Hellfest, assistimos ao bom show do Monster Magnet.

2º dia - 18/06

Nossa primeira missão para o segundo dia de Hellfest foi o Shai Hulud com um competente show, já que o Your Demise e Whiplash tocaram ainda de manhã. OHammerfall também marcou presença, e mais adiante o bom punk-rock do Raw Power. Quem também levantou poeira e agitou bem o público foi o Municipal Waste, na seqüência podemos conferir de perto o Thin Lizzy. Por algum motivo oUS Bombs não entrou no horário previsto e sim vinte minutos antes do Terror, o que acabou confundido parte do público que queria assistir uma banda ou outra. Nos restou a espera pelo Comeback Kid e seu pefeito show. Apresentando músicas de seu último trabalho Symptons + Cures e petardos como "G.M. Vincent and I" e "Do Yourself a Favor", além das que já conhecemos como "Wake the Dead" ou "False Idols Fall", os canadenses demonstraram que já não se trata de uma banda de kids e que construíram uma boa reputação.



Sodom também esteve no festival e nós assistimos a uma certa distancia já que estávamos na fila para o Black Label Society, para uma barricada de nada menos 50 fotógrafos. Conferimos de perto o que Zakk Wylde e seus irresistíveis riffs em "Crazy Horse" e "Overload" nos oferecia. Foi uma oportunidade de luxo assistir a Wylde ainda sob a luz do dia. Uma pena que encaixaram o D.R.I. no mesmo horário, o que dividiu o público mas quem correu até o palco pequeno ainda teve a oportunidade de vibrar com "Violent Pacification" e "Five Year Plan", entre outras.



A mesma impossibilidade e limitações nos tirou do Kreator, que por sinal parece ter recuperado sua reputação perdida há anos atrás, um show impecável.

Terror também aprontou das suas com seu novo disco Keepers of the Faith, já podemos colocar a musica "You're Caugh" ao mesmo nível de "Better off Without You" ou "Keep Your Mouth Shut", tamanha aceitação. No mesmo palco Terrorizer e sem deixar a poeira baixar, o Converge entrou como uma metralhadora giratória com "Dark Horse". A apresentação do grupo fica marcada não só pela brutalidade musical mas também pela performance em palco de seus integrantes. Desfilaram também hits e riffs de discos como Jane Doe e No Heroes.



Para finalizar esta noite, um dos grupos mais esperados do dia e porque não do evento, Bad Brains. Por algum motivo integrantes de outras bandas não podiam ficar no palco, porém ninguém se rendeu, ao lado, junto aos seguranças todos se derretiam com "Salling On", "I Against I", "Attitude" e todas que queríamos escutar. O mais impressionante? A humildade de seus integrantes que agradeciam ao final de cada música o comparecer do público, na verdade nós que agradecemos pela oportunidade de vê-los.


Terceiro dia 19/06

No terceiro e último dia de festival, após conferir uma tarde de autógrafos com oCavalera Conspiracy vimos de perto um ex-Guns N' Roses e Velvet Revolver,Duff McKagan's e seu projeto Loaded. Um hard rock de qualidade mas desconhecido do grande público. Seu ex-companheiro Slash, jogou com melhor maestria no ano anterior quando tocou músicas de seus ex-grupos junto a seu atual lançamento, levando o público ao delírio. Duff não fez o mesmo e apesar da competência passou um tanto desapercebido.

Já com o Cavalera Conspiracy a coisa foi diferente. Tanto músicas do recém lançado Blunt Force Trauma quanto os clássicos do Sepultura foram recebidos com euforia pelo público. Além disso tivemos uma jam em família em Cockroaches do Nailbomb em que seu filho, desta vez empunhando uma guitarra e um cabelo moicano "destruiu" no palco, Max teve até que dar um "puxão" de orelha no moleque para baixar um pouco a bola, um pouco mais e o adolescente sairía dando porradas com a guitarra do pai nos outros e quebrava tudo. Sensacional!


Judas Priest fez um bom show, levando em consideração que suas últimas apresentações pelo continente não havia agradado. Desta vez não faltaram clássicos e movimentação no palco de Halford com "Break the Law" e claro "Painkiller", que não vem aparecendo em todas apresentações da banda. Para o bis, a tradicional entrada de Halford de Harley e "Freewheel Burning".

Porém, já quase no fim de nossa jornada e para nossa última visita ao palco principal, Ozzy. A recomendação especial era para que protegessemos o equipamento e se possível utilizar capa de chuva, já que o madman parecia estar sofrendo de alguma esclerose e estar atacando os outros com água. Bem, brincadeiras à parte, a verdade é que Ozzy fez um show mágico como já se esperava. O que não esperávamos era o banho, que não foi de água e sim de espuma de barbear ou algo similar, o próprio Ozzy, na segunda música saca uma metralhadora de pressão de abre espuma contra o público, fotógrafos e até mesmo seguranças, salve-se quem puder, teve gente virando boneco de neve. Ir ao show do Ozzy é viajar no tempo com "Bark the Moon" e os clássicos do Black Sabath "War Pigs", "Iron Man" e porque não, "Paranoid". O setlist também foi completo com "Mamma I Coming Home" e "Mr. Crowley" entre muitos outros. Estar num show destes é um privilégio e tão bom que a uma hora e meia do madman no palco passou voando.

Não acabou por aí. Com um estratégico atraso, o Kyuss Lives! esperou o fim da apresentação de Ozzy para o início da sua, e desta forma compactar mais a lona Terrorizer. Os americanos fizeram um show impecável, e para aqueles que acham que Kyuss não pode existir sem Josh Homme, o único integrante a não estar no grupo, o trio Garcia, Olivery e Bjork, com a ajuda de novo guitarrista Bruno, justificou a responsabilidade de fechar com chave de ouro este festival com tantos nomes consagrados. Arriscaria a dizer que além do ouro na chave, ainda colocaram umas pedras de diamante, para dar mais brilho em músicas como "Green Machine", "Thumb" e "Hurricane". A poeira local, as luzes vermelhas utilizadas no palco, o suor, apesar do frio e a emoção deram o clima de desert rock que muitos associam ao grupo. A palavra Lives! Junto ao nome de um grupo nunca foi tão bem encaixada, Kyuss está vivo e muito. Foi um autêntico show de rock.

Entre muitas limitações da organização, a que mais preocupa e desanima são as filas para a barricada de fotógrafos. Em alguns momentos temos que decidir entre estar na fila para um artista ou abrir mão para assistir outro. Algumas vezes, mesmo estando na fila, a barricada chega a seu "limite" (também imposto por eles) de 75 fotógrafos, fazendo com que algumas pessoas percam tempo na fila e ainda assim fiquem de fora. Sair de casa, viajar 960km, acampar, enfrentar chuva, etc, para ir a um evento passar mais tempo em filas do que disfrutando do mesmo, é preocupante.
Enviado por Mauricio Melo





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