quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Resurrection Fest 2012 04/08/2012 - Resurrection Field - Viveiro, Espanha

    Para o leitor ou internauta que acompanhas nossas aventuras pelo velho continente, sabe que este ano, por motivos de saúde, foi impossível nossa presença no Hellfest. Para compensar optamos pelo Resurrection Fest, um festival que vem crescendo a cada ano e em sua sexta edição apresentou um cartaz que, no mínimo, podemos chamar de histórico. O festival que é realizado em Viveiro, uma cidadezinha galega, onde o verão parece passar distante já que pelas noites o casaco se torna necessário para suportar um fresco doze graus de temperatura.


Vale lembrar que, o festival surgiu no ano de 2006 quando os jovens locais tentaram encaixar dentro da programação das festas de Viveiro um show do Sick of it All. Ideia esta que foi apoiada pelo prefeito e que se chamaria Viveiro Summer Fest. Dois dias antes do show, que seria gratuito, os nova iorquinos cancelaram por doença de um dos integrantes. Muitas criticas e frustração foram ouvidas e sentidas, muita gente até achou que tudo não passara de um grande boato. Tudo isso serviu de combustivel para que meses mais tarde, num recinto fechado, surgisse a primeira edição do festival com os mesmos Sick of it All e Walls of Jericho. Isso mesmo, o Resurrection teve em sua primeira edição duas bandas gringas e alguma local como abertura. Devido ao sucesso as edições foram crescendo e por estes passados 6 anos bandas como Down, Pennywise, Misfitis, Napalm Death, Bring Me The Horizon e muitos outros marcaram presença em Viveiro. Destacando a melhor combinação qualidade preço com relação a outros festivais de verão na Europa, apenas 55 Euros num total de 64 apresentações. O que também chama atenção é a quantidade de jovens que vão subindo ao trem ao longo do trajeto que te leva até Viveiro. Sim, um trecho da viagem tem que ser feito de trem, destes que passam por estreitas pontes em meio de vales de natureza quase virgem, alguns com somente algumas vacas no pasto. A cada estação, subia uma dezena de jovens que tem o Resurrection como única salvação para realizar seus sonhos de assistir suas bandas favoritas, afinal, que grupo tocaria numa cidade com apenas 2 ou 3 mil habitantes?

  Após uma viagem que parecia eterna chegamos ao Resu! como é intimamente chamado por aqui. Tudo bem básico mas o suficiente para não se complicar. O evento é montado em um campo de futebol, em um lado (onde fica uma das balizas) o palco Monster. No outro uma lona de boa capacidade com o Palco da Jagermeister, além de um pequeno palco a Arnette para apresentações acústicas de algumas bandas e outras tantas de bandas pequenas. Fora das quatro linhas uma gigante lona com o merchandising, banheiros, restaurantes, área vip, caixa electrônico, pista de skate e bares. Um total de 42.000 metros quadrados de alegria.


Para abrir a festa tivemos os espanhóis do Moksha no Monster Stage seguidos do postmetal espanhol do Adrift e Another Day Will Come. Todas com a difícil missão de tocar na primeira hora e agradar a um publico pequeno. Com relação ao som da bandas nada que reclamar, poderiam tranquilamente estar em horários de maior publico mas alguém tem que inaugurar a festa. 
Pouco depois e também no Monster, os portugueses do More Than a Thousand deram as caras. Fazem parte deste novo metalcore ao estilo August Burns Red, The Ghost Inside, etc. Tecnicamente um bom show e para um publico maior, o que não dá para entender é a comunicação em inglês já que o idioma local, o galego, é muito parecido junto ao excesso de "motherfuckers" na comunicação que mais parecia Evan do Biohazard que outra coisa. A única diferença é que Evan é "rato" do Brooklyn. Por mencionar Nova Iorque conferimos no Jagermeister o provenientes desta cidade This is Hell. Outro show brutal desta banda que visita a Espanha com certa frequência mas que não cansamos de assisti-la. Levantaram público e a primeira nuvem de poeira local com músicas de seu mais recente álbum, o Black Mass. Destaque total para o guitarrista Rick Jimenez, que desde os primeiros acordes de "Acid Rain" não para de saltar, verdadeiro pés de mola. Show curto e intenso, apenas meia hora.


 Para a mesma quantidade de minutos e no palco maior se apresentou o Strenght Approach e demonstrou o porque está na estrada há 16 anos com um hardcore solido. De volta a lona empoeirada foi a vez do Converge e apesar da apresentação ter um setlist diferente do que vimos no Hellfest do ano passado, a impressão continuou a mesma, que a banda não repete ao vivo o que se escuta no disco. A apresentação é excelente e a performance de Jacob Bannon (vocal) é única, mais parece um Golum, aquele personagem do filme Senhor dos Anéis. Desta vez abriram o set com "Jane Doe" e seus onze arrastados minutos. Neste tempo, Jacob deu um show à parte, interpretação corporal acima de tudo. Desceu ao público, deu trabalho aos seguranças, se babou durante o ato. Quando digo que a banda não repete o estúdio não quer dizer que o show seja ruim mas que aqueles berros não se repetem e que todos os vocais são guturais, que ao final de 40 minutos só diferimos as canções por seus riffs e não por refrão como muitos esperavam. Após a já citada abertura a demolição ficou por conta de "Dark Horses" e ver a banda executar este tema junto ao baixista que parece estar sendo eletrocutado a meio metro de distancia dos olhos é para não esquecer. Quando tocaram "Axe to Fall" foi como perde-los de vista na nuvem de poeira, as melecas ficam negras em segundos. Também merece destaque "Heartache" do disco No Heroes, para mim, um dos melhores do gênero.

Para baixar um pouco a poeira dar um clima de verão o Reel Big Fish entra em seguida com suas camisas floridas, óculos coloridos o saxofonisa moicano fazendo a festa. Outro extremo se lembrarmos que estávamos no Converge. "The Kids Don't Like it" e "Everything Suck" foram as mais celebradas.

 As 21:40 entrou no palco mais uma banda considerada o novo fenómeno do estilo screamo e porque não uma referencia no estilo com somente dois discos lançados. Pianos Become The Teeth é mais uma banda que faz de sua performance no palco um grande ato e não decepcionaram o bom publico que compareceu para aprecia-los. De volta ao ar livre foi a vez de receber Set Your Goals e seu som pop punk. Com toda sinceridade, é um estilo que não consigo gostar. Aquelas vozes de menininho de escola, o vocalista fazendo o coraçãozinho com as mãos como um jogador de futebol ou um funkeiro ou mesmo sei la o que foi de ter a necessidade de correr antes da hora ao palco poeira para conferir o brutal show do Nasum. Apesar de ser um grande fã do Agnostic Front que viria na sequência, elegi no momento que subiram ao palco como o show do dia, o melhor. Sólido, potente, gritado e tecnicamente sujo, foi o que apresentaram os suecos que após vinte anos de estrada se despedem da mesma, não sabemos se para sempre ou apenas um hiato mas a grande verdade é que para muitos esta foi a última oportunidade de vê-los demolindo um palco e a trilha sonora deste ato teve como responsáveis principais músicas como "Masshypnosis" e "Bulshit" entre a uma dezena mais do setlist.
Saindo de uma baliza para outra era visível o bandeirão do Agnostic Front ao fundo do Palco. Emoção à parte tenho que ser realista. Foi a primeira vez que vejo o AF num palco grande de festival e de cara digo que o melhor é tê-los em palcos pequenos. Muito mais intensos e próximo ao publico do que foi neste primeiro dia de Resurrection. Por momentos senti o publico distante da banda como não tinha visto nas diversas ocasiões que assisti aos nova iorquinos mas isso foi apenas um detalhe.

O disco é novo mas a abertura ficou por conta de "Eliminator" após a entrada triunfal de Stigma, uma atracão à parte. Do novo veio a música titulo entre as primeiras da noite, "My Life My Way". Claro que os clássicos como "Friend or Foe" e "Your Mistake" marcaram presença e novos hinos como "For My Family" foram celebrados à altura. Ponto alto da noite ficou por conta da participação de Pirri da banda Escuela de Odio nos vocais de "Police State". O que realmente não deu para entender foi o cover dos Ramones, "Blitzkrieg Bop", num show curto em que o Agnostic Front tem discos e repertório de sobra para apresentar, deixando de fora um clássico como "Anthem", por exemplo. 

Para fechar a noite mais uma banda da capital mundial, H2O. Está aí um grupo que realmente sentia saudades, a última vez que assisti a banda ao vivo foi há mais de dez anos e garanto, o tempo parece não passar para Toby Morse, nosso frontman em questão parece mesmo se cuidar como manda quem utiliza um X na mão. Abrindo a apresentação com "1995" e "Nothing to Prove" e não deixando de lado temas como "One Life, One Chance", "Still Here", "Everready" e "Guilty By Association" com a participação de membros do Strenght Approach e fechando com "Friends Like You" do recente álbum de covers, este em especial pertencente ao Sick of It All e "What Happened?". Apesar de curto uma boa seleção de músicas para fechar o primeiro dia de festival.

 No segundo dia, o cansaço já começava a bater forte e deixamos passar as primeiras bandas. Tampouco chegamos no fim da festa, num horário intermediário conferimos de perto MxPx Allstars. Particularmente não sou um grande fã da banda mas tenho que reconhecer que fizeram um grande show. Quem chegou relativamente cedo pôde curtir músicas como "Punk Rock Girl" e "Aces Up" além da participação de Steph, guitarrista do Descendents, na música "Far Away".

  Na primeira visita à lona empoeirada Jagermeinster, aliás, não me refiro a este palco como ruim, vale deixar claro que era de bom tamanho e acústica só que...Bem, continuando. Ali tocou Proud 'Z, banda de Madrid e bastante conhecida na cena hardcore nacional e que não deixou pedra sobre pedra. Já os americanos do Unearth foram a primeira visita metal do dia. Boa banda por sinal com seu metalcore feito a base de guitarras de sete cordas e baixo de cinco. Apesar do bom show e músicas como "Endless" e "My Will be Done" e seus breakdowns fica a mesma sensação do More Than A Thousand do dia anterior quando o vocalista não sabia se fazia pose de gatinho ou de bad boy falando motherfuckers a cada dois por três. Desta vez o personagem foi o guitarrista que mandava beijinhos e piscava um olho para o público enquanto ao fundo o som era demolidor, algo não encaixava.
O mesmo não posso dizer o Suicide Silence que roubou a cena, pelo menos até o momento com uma apresentação de tirar o fôlego. Mesmo com a lesão de um dos guitarristas na primeira música do set, "Wake Up" de No Time To Bleed, na verdade uma torção de joelho após um movimento brusco somado a seu peso (categoria pesado) a banda não tirou o pé do acelerador e atacaram com "Slaves to Substance". E o guitarrista lesionado? nada que uma dose de vodka oferecida pelo próprio vocalista ainda no palco e uma cadeira improvisada numa caixa o impedisse de finalizar a apresentação e seguir em turnê com direito a visita ao Wacken que rolou no mesmo fim de semana. O vocalista multi-tatuado Mitch Lucker regeu o público com maestria.
Curiosidade seria a palavra exata para resumir o que todos sentíamos antes do Against Me! Afinal, estaríamos diante de Tom Gabel ou Laura Jane Grace? Sim, Gabel que durante anos liderou a banda como homem, anunciou recentemente que mudaria de sexo. O que parecia uma piada ou mesmo a necessidade de incorporar o personagem do conceitual disco que vem sendo composto sobre uma prostituta transexual é na verdade uma grande realidade. Quem vimos diante do publico era finalmente uma mistura que poderíamos chamar de Laura Gabel, já que a transformação ainda não está completa e a voz continua a mesma. Abrindo com "True Trans Soul Rebel" e "Cliché Guevara" levantou o público com a aguardada "I Was a Teenage Anarchist", um verdadeiro hino para muitos e que deixa de lado qualquer que seja a opção sexual, seja de quem seja. Bom show. 
O festival ofereceu com Municipal Waste, assim como Angelus Apatrida que comentarmos mais adiante, não só mais uma banda de metal mas uma banda que trás um revival do thrash metal 80's. Não só a aparência de seus membros mas também no inconfundivel som que tanto marcou aquela década com bandas como Exodus. O público virou muito com porradas como "Unleash the Bastards" e headbangueou com "Beer Pressure". Por um momento já não sabiamos o que era fumaça de palco ou "fumaça" dos pés, público totalmente entregue.

  Os batidos Sociedad Alkoholika também atraiu grande publico, mesmo este já tendo assistido a banda muitas e muitas vezes, nem tanto pelos nativos de Viveiro e adjacências mas pelo grande publico que vinha de fora. Pouca luz no palco mas muito peso nas caixas de som.

  Próxima parada Glassjaw: O quarteto americano pisou em solo espanhol para única apresentação após 10 anos de ausência e podemos perceber de cara que o Fugazi nunca esteve tão vivo. Após a passagem de Pianos Becomes the Teeths pelo festival, foi a vez de Glassjaw mostrar todo seu posthardcore e ritmos variados, quebrados, interrompidos por berros de seu vocalista que também tem uma performance única no palco. Abrindo com "Tip Your Bartender" de Worship and Tribute, seguiram com "Mu Empire" do mesmo álbum e até finalizarem com "Siberian Kiss" foram repassados doze capitulos em um show de uma hora que fechou a noite no palco Jagermeister.  
 E por falar em fechar a noite, no palco principal tivemos dois grandes nomes californianos, Suicidal Tendencies e Descendents. O primeiro é um velho conhecido para todos nós. O Suicidal fez, mais uma vez, um dos melhores shows do festival. Ainda que já não conte com a presença de Mike Clark na guitarra, uma figura que, ainda que não faça parte da formação original da banda, está na mesma há vinte e cinco anos e representa bem a imagem do Suicidal. Ainda assim e com o jovem Nico Santora em seu lugar e dando conta do recado abriram com "You Can't Bring me Down", "Ain't Gonna Take It" e "Institutionalized" em sequência, um inicio avassalador e que deixou a galera enlouquecida. Não satisfeitos colocaram as cartas na mesa com "War Inside My Head", "Freedumb" e "Subliminal" com um Mike Muir mais em forma do que nunca, correndo de um lado a outro e dando muito trabalho aos fotografos. Não acaba por aqui, após "Possessed to Skate" e "Cyco Vision" entra uma surpreendente "How I Will Laugh Tomorrow" numa previa para o grande finale com "Pledge Your Allegience" e duzentas pessoas no palco de hábito, o que não estava previsto era um "Memories of Tomorrow" embutida no meio antes dos gritos de encerramento de S.T.

 Já os Descendents...bem, fica até dificil comentar tal atuação após vê-los direto da barricada com um enorme sorriso que não saia do rosto. Há tempos não assistia um show em que naturalmente te coloca um smile na cara. Começar uma apresentação com "Everything Sucks" e com Milo debruçado no publico enlouquece qualquer um. Fato curioso foi que pisei no fio de microfone do lendário vocalista o que o deixou "sem" voz por alguns segundos. Milo mal havia se juntado aos companheiros de palco quando soaram os primeiros acordes de "Hope" jogando "Silly Girl" ao terceiro posto. Dai em diante foi só curtir ao show diretamente da barricada, ainda que não de frente mas numa posição privilegiada. Não muito depois "I'm the One" marcou presença e a galera acompanhou. E a introdução de baixo em "My Age" deixa claro de uma vez por todas que os Descendents, apesar de uma banda punk rock está longe do básico de três acordes, suas canções são complexas para tocar, que o diga as linhas de baixo de "Van". Apesar dos muitos kilos à mais, Bill deixa claro que ainda manda nas baquetas mas quem rouba a cena mesmo é o vocalista. Baixando no publico uma vez mais, distribuindo o energético Monster que patrocina o evento na fila do gargarejo até dar uma acalmada num tipo de teatro com "All-O-Gistics". Entre o setlist de vinte e oito músicas podemos destacar "Rotting Out", uma mais hardcore com "Coffe Mug", "Suburban Home" e "Kabuki Girl". Uma apresentação sem meias palavras e com muita diversão. Sonho realizado para muitos.
Para o terceiro e último dia de festival, chegamos justo para a apresentação do Skarhead. Mais uma banda com muita historia nas costas que se apresentou por meia hora. Nada que incomodasse aos integrantes que deixam claro que além de passar sua mensagem, querem diversão acima de tudo. Entre as mais celebradas pelo publico se encontra "Dogs of War" e "Kings of Crime" tendo o vocalista Ezec, mais conhecido como Danny Diablo com discursos de união entre uma e outra. E para abrir o dia no Jagermeister tivemos os australianos do Deez Nuts. O quarteto mandou bem e demonstrou que é bem mais rápido e pesado ao vivo do que em estúdio. Abrindo a apresentação com "Stay Truth" e "Damm Right". Sem pose de durões e o vocalista tem até um jeitão rapper que faz lembrar Freddy do Madball. Uma apresentação à altura de uma banda que vem crescendo no cenário mas que vai de degrau em degrau para não se complicar.
A tarde de Sábado recebia então mais uma banda do revival do metal dos oitenta. Angelus Apatrida é a nova sensação do metal espanhol. Provenientes da cidade de Albacete, o quarteto já desponta como o futuro grande nome do metal mundial. Com quatro discos na conta, sendo o primeiro considerado um dos melhores debutes do cenário espanhol em anos, com os últimos Clockwork (2010) e The Call lançado este ano dá a sensação que a banda busca a perfeição no estilo. Enquanto a banda repassava o som 15 minutos antes do horário marcado o publico já pedia o inicio da apresentação. Definitivamente não decepcionaram apesar de um setlist curto e um show de quase cinquenta minutos, neste tempo foi possível conferir temas como "You are Next" e "Blast Off". Atenção neste nome.

Em outro aguardado momento do publico metal, o The Black Dahlia Murder fez um pesadíssimo show, igualmente de cinquenta minutos. Gritos guturais ou rasgados, uma bateria rápida e insana e um vocalista que fisicamente lembra Barney do Napalm Death com uma atuação ao limite. Hora com cara de furioso para o público, hora interpretando uma das letras passeando pelo palco como Alice no país das Maravilhas. Para destacar somente uma das muitas boas porradas que escutamos deixamos à cargo de "What a Horrible Night to Have a Curse".
Ao final do Black Dhalia corremos para um reencontro no lado musical, pois o Good Riddance pisava no Resurrection com a bandeira de turnê de reunião após um hiato de anos. Comentava sobre um reencontro musical porque o Good Riddance foi uma das bandas que mais assisti entre os anos 2000 e 2002 numa larga visita que fiz ao Canadá. Mesmo com o já comentado hiato a banda soa perfeita musicalmente, na verdade dá a sensação de que nunca houve tal stop. Musica como "Shadows of Deafeat" e "Heresy, Hypocrisy, and Revenge" soaram como no disco. Igualmente podemos dizer com "Steps" e "Last Believer" com dedicatória a Tony Sly em que o vocalista Russ Rankin ficou visivelmente emocionado. Show impecável.

No mesmo palco e uma hora após o GR tivemos outro grande nome do festival no estilo punk rock, o Anti-Flag. Defendendo o bom disco The General Strike, lançado este ano, o quarteto mostrou mais uma vez em terras espanholas o porque vem sendo referencia no estilo nos últimos anos. Além do já considerado clássico "Die For the Government" e da levinha "Turncoat" chamaram o a galera com "Fuck Police Brutality" e "Broken Bones" do atual lançamento além de "The New Sound" ambas com refrões pegajosos. Destaque absoluto para o baixista Chris 2, sempre um show em cima do palco som seus memoráveis saltos.


 Já tínhamos o sabor de fim de festa quando os Dead Kennedys subiram no palco da lona para encerrar as atividades do palco Jagermeister. Particularmente sou um grande fã da banda e havia uma grande expectativa de assisti-los apesar de estar consciente que sem Jello Biafra o show não seria o mesmo. É sempre difícil substituir um vocalista, quanto mais um deste porte, um verdadeiro personagem do punk mundial. Mesmo assim, ter a Klaus Flouride, D.H. Peligro e East Bay Ray diante de seus olhos já seria o suficiente. Contando também que comparações com o passado seriam inevitáveis. É triste aceitar a decepção, num principio aceitei calado, achei que era impressão minha ou cisma com Ron "Skip" Greer ao tentar repassar a performance de palco de Biafra. Está aí um grande erro quando se substitui um frontmen. Quando sai uma voz e entra outra, com o tempo se aceita, agora ver a Greer tentando se expressar corporal e sarcasticamente com Jello é exagero. O pior é que não parou por aí, o próprio trio nos instrumentos deixou à desejar. Parecia faltar algo, um pouco mais de lenha para subir o fogo mesmo com clássicos como "Forward to Death" e "Police Truck" como os batedores diante do carro oficial dos Kennedys. Um "Let's Lynch the Landlord", "Kill the Poor" e "MP3 Get Off the Air" (versão modernizada do MTV Get Off...) como seguranças laterais e "Nazi Punks Fuck Off", "California Uber Alles" e "Holiday in Cambodia" como guarda costas. Mesmo assim os snipers conseguiram acertar o alvo e matar os Kennedys. Até mesmo um rapaz de 23 anos que estava a meu lado comentava que aquilo era um engano. Por outro lado fico feliz por haver estado tão perto dos integrantes de uma banda que tanto gosto e vê-los tocando musicas que fizeram parte da minha formação. Talvez esta não tenha sido uma noite brilhante, um daqueles dias que as coisas não dão muito certo, quem sabe numa próxima oportunidade?

 Restava por assistir At The Gates e Hatebreed. Os suecos do At The Gates, sinónimo de agressividade, raiva, técnica e presição como mesmo define a pagina do festival, deixou claro que são os reis do death metal melódico. A voz rasgada de de Lindberg fez vibrar o público metal que se reuniu para celebrar o encerramento do evento. Músicas como "Slaughter of the Soul" e "Cold" fizeram estremecer até as balizas do campo de futebol guardadas em algum canto do evento.
Para finalizar o festival a banda favorita do patrocinador, Hatebreed. Tenho uma relação de amor e ódio com esta. Suas musicas são bem compostas, letras com frases marcantes, etc. Mas não consigo associar a imagem de seus integrantes com a musica e ritmo imposto pelos mesmos. Tenho sempre a impressão de estar diante de um Hardcore pré-fabricado. Jasta com suas frases feitas, as mesmas que utiliza a cada show, as que aparecem em seus DVDs como, "quando eu falar Hate vocês gritam Breed", ou mesmo "quero ver suas mãos pro alto", entre outros além do estilo professor com de aeróbica com saltos combinados com palmas, tenho a sensação de estar assistindo uma atuação ensaiada, com um roteiro decorado. Uma banda onde os próprios integrantes assumem que trabalham 24 horas por dia, 1 no palco e 23 fora dele, com imagem, patrocínio, produtos, etc. Sinceramente prefiro bandas que saem dos becos, sem nenhuma expectativa e tem como objetivo serem reconhecidas e respeitadas. Desabafo e opiniões particulares à parte, o show, musicalmente falando, foi bom porém curto. A banda saiu com mais de dez minutos de atraso do horário previsto mas encerrou com "I Will Be Heard" no horário previsto e sem direito ao bis, ainda que o publico pedisse mais. Enquanto estiveram no palco demonstraram todo seu potencial com "Proven", "To The Threshold" "Become a Fuse", e claro "Destroy Everything" e "Never Let it Die". No tempo em que permaneceram no palco provaram, apesar de tudo, que tecnicamente estão superiores as demais bandas e seu lado mainstream de momento é imbativel. Ou seja, num apanhado geral, o saldo é positivo e um show a ser visto seja num festival ou numa sala menor, a intensidade é a mesma já que em geral o roteiro não muda.

Fim de festa, hora de descansar por umas quatro horas antes de passar o dia viajando de transporte em transporte até chegar em home sweet home e confessar que verdadeiramente foi um risco fazer tudo isso, já que fisicamente as condições eram complicadas com uma prótese de Aorta costurada no peito. Fui levado pelo desejo e sonho de assistir lendas do punk rock. Alguém já leu algo de Pablo Neruda? "Morre lentamente quem não viaja, quem não lê ou mesmo não acha graça em si mesmo. Quem se torna escravo do hábito. Quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não permite, pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos..." Se pudesse contribuir diria que "Morre lentamente quem não tem uma paixão na vida, quem acredita que esta paixão não muda o mundo mas que te trás uma felicidade extrema, mesmo sabendo que o retorno é simples sorriso..."
Fui.
Enviado por Mauricio Melo

Confira fotos desse show, por Mauricio Melo:










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