quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Helmet @ Barcelona 2012

Como é bom voltar no tempo! O homem vive tentando se manter jovem, voltar ao passado e continuar curtindo aquele momento, desejando que este não se acabe. Mas acredito que a máquina do tempo foi inventada há anos, ou melhor dizendo, há muitos séculos. Esta máquina? A música.

Quem de nós, que gostamos de Helmet e vivemos todas as descobertas dos anos 90 não consegue sentir, ou pelo menos lembrar da mesma sensação quando se escuta um disco como "Nevermind" do Nirvana e "Meantime" da banda em questão? Pois é isso, a pura máquina do tempo. Lembro bem quando o Nirvana apresentou ao mundo o disco que verdadeiramente mudou o rumo da música e que este chegou à nossas mãos, foi foda! Porque desde os mais radicais quanto os mais "melódicos" gostaram do que ouviram, e eu particularmente fui um deles.

E o que tem a ver o disco do Nirvana com os 20 anos de celebração de "Meantime"? Tudo, é claro! Dois anos antes o mesmo Helmet havia apresentado ao mundo seu debut, "Strap it On", e ninguém nem ouviu falar nisto. Um ano após este lançamento e com o boom do "grunge", bandas como as de Seattle massacravam as rádios e televisões da época. Todos viraram roqueiro e o mundo redescobriu as guitarras, três acordes e vozes gritadas ao microfone. Nesta onda toda quem acabou tendo uma oportunidade foi Page Hamilton e seus rapazes que repetiram a fórmula do disco de estréia e apresentaram uma demo a Interscope Records, que apesar de um selo pequeno estava diretamente ligada a uma multi-nacional, numa época em que todos queriam explorar ao máximo novas bandas que poderiam mudar (novamente) o rumo da música.

"Meantime" não mudou o rumo mas conseguiu vender um milhão de cópias e até hoje é considerado um dos melhores discos da década de noventa. A banda estava no lugar e momento adequado quando gravou o disco. A mesma seqüência de música dois anos antes ou uma década mais tarde e não estaríamos aqui escrevendo sobre a turnê de vinte anos deste lançamento por questões matemáticas e porque obviamente não teria o êxito e impacto que teve. Segundo o próprio Page, o disco foi gravado no mesmo estúdio de "Strap It On" e que realmente não existe uma grande diferença entre ambos, apenas mais estrutura como Andy Wallace na mixagem após uma produção de Steve Albini, o que pode ter deixado o álbum um pouco mais polido e accessível para a demanda da época. 

Apesar de Hamilton ser o único integrante daquela formação, a banda atual não deixa a desejar e de perto fomos conferir junto a outros 200 fãs o que teriam a nos oferecer. É realmente estranho ver a celebração de duas décadas de um álbum que vendeu mais de um milhão de cópias, como foi dito anteriormente, numa sala tão pequena. Por outro lado sabemos que os que ali estiveram realmente gostam do Helmet deixando os demais numa posição de que curtiram aquela onda e nada mais.

Celebração à parte, quem abriu o set da noite foi "Wilma's Rainbow" do álbum Betty. Como mesmo explicou Hamilton, as primeiras músicas serviram para aquecer o público antes da sequência aniversariante e que foi tocada de trás pra frente com relação ao disco. Além da já citada música de abertura também tivemos "So Long" de um trabalho mais recente e "Renovation" de Aftertaste.

Quando se deu inicio ao momento esperado com "Role Model" o público foi ao delírio. Pogos, empurrões e até stage-dive foram vistos na sala 2 do Apolo. Page Hamilton de olhos fechados para a interpretação inicial de "FBLA II", baixo pesadão, batera firme e a guitarra de Page reconhecível num único acorde, lembrei no ato que chamávamos o Helmet de rolo compressor quando escutávamos o disco há duas décadas. Todos sabemos que o líder do grupo tem uma técnica incomparável com as seis cordas mas vê-lo a dois palmos de distância foi de tirar o fôlego. A mesma sensação tive no momento de "He feels Bad", "Turned Out", "Unsung", "Give It", além das que faltaram citar.

Claro que o grande motivo em tocar o álbum na ordem contrária se deve ao desejo de esgotar o público com "Ironhead" e "In the Meantime" em reta final. A estratégia foi boa mas o público pediu mais e recebeu com "Milquetoast" em que o baixo fez estremecer a sala, "Exactly What You Want" e "Distracted".

Em definitivo, os anos 90 foi um dos mais criativos com relação à este tipo de música. Como este ficou para trás há mais de década, só nos resta celebra-los com festas deste tipo e torcer para que num futuro, uma nova década possa ter o mesmo impacto.

Ironheaaaad!!!

Promotor deste show: To Be Confirmed Produccions
Enviado por Mauricio Melo

Confira fotos desse show, por Mauricio Melo:

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