quarta-feira, 10 de julho de 2013

A Wilhelm Scream entrevista - Nuno Pereira e sua salada de idiomas em texto e vídeo.




Começamos o mês de Maio com o pé posto no acelerador.  Além de bons shows que tivemos a oportunidade de cobrir ainda tivemos algumas entrevistas, encontros com velhos amigos que passam mais da metade de suas vidas viajando e tocando em palcos em diferentes pontos do planeta, etc.  Por falar em acelerador, se tem uma banda na cena punk-rock / hardcore melódico atual que preza por velocidade, esta é A Wilhelm Scream.  Além de uma técnica apurada, também esbaldam simpatia, amizade, paciência...
No dia em que visitaram Barcelona, uma vez mais acompanhados pela lenda de Hermosa Beach chamada Pennywise, nos reservamos um tempinho para um rápido bate-papo com o vocalista deste quinteto de Boston.  O filho de portugueses Nuno Pereira, nos acompanhou até a esquina próxima a sala Razzmatazz e com sua mistura de português da terrinha no velho continente e seu idioma nativo, o inglês, nos contou detalhes do disco novo, a experiência de estar sempre rodeado de lendários grupos e das boas lembranças que tem do Brasil, influencias, a volta de Jim Lindberg ao Pennywise e reuniões de lendárias bandas.  
Com vocês, Nuno Pereira de A Wilhelm Scream.  


Não podíamos começar diferente né?  Disco novo?
Nuno - O disco novo já esta quase feito, estamos trabalhando na capa e hoje (dia da entrevista), estão masterizando.  Está quase pronto e acho que será muito bom.  

Porque desde 2009 que a banda não lança nada…
Nuno - Sim, quase cinco anos ou seis se considerarmos um álbum completo.

Sim, mas teve o EP Australias?
Nuno - Sim, o EP foi divertido também.  É que passamos tempo com turnês, seis, sete e até oito meses por ano e acaba sendo difícil de escrever, ensaiar.  Tínhamos três meses para faze-lo.  Era escrever as letras, compor e tocar no mesmo dia, foi difícil porém fácil quando conseguíamos estar juntos. 

 Seguirá o formato dos outros, mesmo estilo ou a banda apresentará algo diferente?
 Nuno - acho que grupos de Punk Rock ou Hardcore não podem ficar parados, sempre no mesmo estilo, no mesmo som e também gostamos de experimentar um pouco de tudo.  Então, é um disco do A Wilhelm Scream, será punk rock, barulho, rápido e tudo o que já somos.  Também temos a Mike Supina escrevendo as músicas, ele é muito técnico, Mike é muito técnico.  Vamos ver, será um disco do A Wilhelm Scream.  Possivelmente não gostará na primeira audição mas vai melhorando com o tempo.   


E o produtor?
Nuno - Sim, são Trevor and Mike que estão produzindo.  É divertido trabalhar com estes caras porque nos amamos como irmãos e é muito cômodo


Já que estamos falando no som da banda.  Vejo você vestido com um casado do Hot Water Music e podemos dizer que é uma de suas influências?  Quem mais além de Hot Water Music influenciou o Nuno?  Já que dentro da banda as influências são diversas.
NUNO - Hot Water Music, Propagandhi, Bad Religion ou bandas antigas de skate punk são grandes influencias.  Mas também gosto de coisas como Manu Chao, grupos de Reggae e músicas que em geral me deixam feliz, praticamente posso resumir minhas influências de bandas que transmitem algo positivo, bandas com muita energia.  Hot Water Music por exemplo, quando você os vê tocando percebe que eles realmente se divertem e ao final espera um dia ser como estes caras e em estar em uma banda como esta.  Então sou um sortudo porque estou numa banda assim e todos temos diferentes influencias.  


E como você vê reuniões de bandas como por exemplo o Black Flag com duas formações diferentes, uma que é o Flag e outra Black Flag?
NUNO -  Há poucos dias tocamos com o Flag.  Não quero me meter nisso mas muita gente diz que o Flag é melhor mas não quero opinar, falar besteira.     
   

Falando um pouco de turnês.  É a segunda vez que os vejo e também faço uma entrevista.  Em ambas, acompanhados com o Pennywise, qual a sensação de estar com Fletcher, Jim Lindberg…*
NUNO - É incrível né?  É muito bom ter Jim de volta, é incrível.  Estes caras são muito legais, tudo funciona e tentamos ter uma atmosfera familiar quando estamos em turnê.  Assim podemos estar juntos, ser amigável e com uma banda como o Pennywise é muito fácil porque são tão amigáveis e estão sempre em turnês.  Então quando estamos em turnê e eles também, eventualmente temos que nos encontrar, é como um mandatário.  Adoramos tocar com o Pennywise, é fenomenal, tocando em Barcelona seja com o Pennywise ou somente nosso grupo sendo o principal é excelente porque Barcelona é uma das cidades mais maneiras da Europa, por musica, vida, atmosfera, condições climáticas, garotas, árvores…
Falando em mulheres.  Da última vez que passaram por Barcelona, estive com Robinson vocês estavam com uma turnê marcada para o Brasil, era a primeira vez da banda por lá.  Como foi tudo por lá, à parte das mulheres?
Nuno - Espetacular pá!   Eu tenho mulher, então…tudo tinha alegria, cheio de vida.  Acho que muita gente no Rio, São Paulo ou Curitiba tem um lado "joie de vivre" como se diz em francês.  Comidas, bebidas, tudo foi muito bom.  Voltamos para tocar no Wros Fest e foi espetacular

Alguma banda de Portugal que te chama atenção?
Nuno - Devil in Me, que é muito boa banda além de boas pessoas.  Nos conhecemos através do Comeback Kid.

Comeback Kid que tocou aqui dois dias atrás com Scott Wade no vocal…
Nuno - E como foi?

Diferente mas igualmente bom.
Nuno - Então, Devil in Me que foi muito bom quando estivemos em turnê no Canadá e conseguimos um computador para assistir ao jogo do Benfica

O Benfica ontem classificou para a final da Copa da Uefa contra o Chelsea.
Nuno - Sim, sou Benfica

Mudando um pouco de assunto:  Recentemente Boston foi alvo de ataques terroristas.  Como a banda encara situações como esta, já que vocês são praticamente de lá?
Nuno - Em cidades assim como Boston, que não é tão grande, é antiga, com ruas estreitas com aqui na Europa.  Se você mora próximo a Boston, tem família lá, amigos, tudo é muito próximo, então da a  sensação de que poderia ser eu ou você ou sua namorada.  As pessoas vão curtir férias, fim de semana e era um feriado e um bom negócio para a cidade.  É vergonhoso que um par de loucos, dois garotos, tenham fodido tudo
Recentemente vi uma série de reportagens falando em conspirações, que ao final não eram estes rapazes e sim haviam outros interesses, etc, etc…Como aconteceu no 11 de Setembro.  
Nuno - Não acredito nestas teorias.  Foram estes caras que estão de saco cheio do mundo, de saco cheio dos Estados Unidos.  São pessoas que, viveram nos Estados Unidos por 10 anos e não tinham nenhum amigo, deveriam ser uns escrotos para não conseguir ter amigos.  Simplesmente não entendo, é triste, uma tragédia e por outro lado é bom ver todos unidos na causa.  Quando algo acontece numa cidade, como disse, pequena, faz com que as pessoas se unam.  Foi um bom sentimento depois que pegaram os culpados, pessoas fazendo doações para as pessoas que foram atingidas, que perderam uma familiar, ou perderam membros do corpo.  Estas pessoas agora tem uma imensa conta no hospital.  Ao final foi algo que, apesar de triste, serviu para unir as pessoas e ao mesmo tempo temos o Boston Bruins e Boston Celtics avançando para as eliminatórias e foi uma união só.

Algum contato com o Dropkick Murphys?
Nuno - Sim, sou amigo de alguns integrantes.  Crescemos tocando em alguns shows, conhecemos algumas outras bandas, sou mais amigos de uns do que de outros, são todos legais.  

Falávamos dos Canadenses Comeback Kid mas recentemente vocês também tocaram com o Belvedere, não?
Nuno - Sim, tocamos.  São antigos amigos que temos.  Foi no ano passado que aconteceu, não foi?.  No Canadá a banda é grande, lendas.  É divertido porque pessoas de todas as idades vão ao show.  Normalmente quando vai a estes shows são todos muito jovens mas quando o show é de reunião, todos os hardcores aparecem…
Sim, por exemplo.  Você vem ao Pennywise e a maioria são jovens mas também encontra caras como eu, com 40.  Ou até mesmo Jim Lindberg com quase 50, talvez.  
NUNO - Isso é o que tem o punk rock e sua energia.  Você pode continuar para sempre.  Enquanto houver pessoas indo aos shows não há razão para não tocar.  Então é interessante ver os veteranos juntos aos jovens.  

Como deveria ser em todos os lugares…
Nuno - Exatamente!

Últimas palavras para a galera do Brasil em especial?
Nuno - Esperamos voltar em breve, já com o disco novo e fazer shows muito loucos.  Espero ver todos em nossos shows e vamos zoar!!!
  







  

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