MAXIMUM CAVALERA TOUR 2013
Soulfly, Incite & Lody Kong
Data: 04/07/2013 - Sala Salamanra - Barcelona
Texto, fotos e vídeo: Mauricio Melo.
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Se tivéssemos que criar uma manchete sensacionalista para a atual turnê mundial do Soulfly, como seria? "Max Cavalera cria monstros e sai em tour mundial"? ou talvez algo que encaixasse melhor no que vimos ontem na cidade de Barcelona, "Max Cavalera apresenta seu legado e sai em turnê familiar". Acredito que a segunda opção seria a melhor ainda que menos sensacional por se tratar da verdade. Ao anunciar a Maximum Cavalera Tour, nosso barbudo e ainda ícone do metal brasileiro no que nos referimos representar o Brasil no exterior, deixou claro que junto ao Incite e Lody Kong o ônibus que viajaria por toda Europa seria muito mais do que um meio de transporte, seria em absoluto a residência da família para os próximos meses. Já se foram os tempos em que os Cavalera deixavam a molecada sob cuidados de "babás", se é que algum dia deixaram porque me lembro perfeitamente que na tour do Chaos A.D. (Sepultura) o pequeno Zyon já subia ao palco para acenar para o público de diferentes países.
Como o tempo não para, nos damos conta de nosso envelhecimento (ou uso) quando nos deparamos com Lody Kong e Iggor Cavalera (sobrinho) nos vocais e o próprio Zyon nas baquetas aquecendo articulações para o show principal. Lody Kong mais parece um Nirvana hardcore, o jovem tem até uma postura parecida ainda que não toque com guitarra invertida. Apesar do local relativamente vazio, dado que as 20:30 ainda estamos sob luz solar e muita gente se deixa enganar com os horários, o quarteto tocou com vontade, possivelmente seguindo os conselhos dos mais experientes da família. O mesmo Igor voltaria mais tarde ao palco para cantar uma das músicas com Max.
Mas antes deste momento tivemos Incite, banda mais conhecida dentro do clã dos Cavalera, apesar de Richie ser um enteado do Max o rapaz defende bem o sobrenome da família com seus guturais e boa movimentação de palco. Já havia conferido o Incite anteriormente e tive a sensação de que desta vez o público não abraçou a banda como devia. Os catalães de plantão, salvo um par de músicas, não se movimentaram como devido.
Talvez o público estivesse mesmo guardando forças para o Soulfly que chegava à Barcelona com Enslaved debaixo do braço e toda a história construída através dos anos junto ao Sepultura e mesmo com o Soulfly, além do já comentado "novo" baterista da banda, Zyon Cavalera. Quem esperava um setlist pelo menos parecido ao que vem apresentando em grandes festivais europeus definitivamente se enganou, músicas do "novo" disco somente no meio do set. Abertura avassaladora com "Prophecy" seguida de "Back to the Primivite" e "Defeat U". Até mesmo os covers do Sepultura, "Refuse / Resist", "Territory" e "Arise", Nailbomb com "Cockroaches", foram tocados antes de "World Scum" e "Gladiator" que se não me engano foram as únicas do já citado álbum. O som da sala Salamandra apresentou algumas falhas, em diversas vezes embolado mas pelo menos não faltou eletricidade como em outras ocasiões. Há muito não via o Max tão ativo e líder de sua própria banda, em suas últimas visitas e até mesmo durante a apresentação do Cavalera Conspiracy no Hellfest em 2011, esteve muito estático. Desta vez o vimos saltar, agitar o público e passar mais tempo sem sua guitarra em punho, com Marc Rizzo à sua direita as preocupações com riffs são desnecessárias. O mesmo podemos dizer com Tony Campos, o ex-baixista do Static X encaixou perfeitamente na função e deu ao grupo um idioma mais, o castellano. O Sr. Cavalera mais parecia um rapper com tanta liberdade no tablado. Não sabemos se o set foi definitivamente curto ou se o tempo passou voando mas a verdade é que num piscar de olhos e um pouco mais de uma dúzia de porradas sonoras, Max e sua trupe dão por encerrada sua apresentação em Barcelona ao som de "Jumpdafuckup" e "Eye For an Eye" e ao que tudo indica este ano tem disco novo o que significa mais shows e encontros com os velhos amigos.
E Zyon? Ah, o que dizer?! A criatura nem se abala com a bateria que quase o engole no que definimos em tamanho. Enquanto as pauladas comem na linha de frente, só para para ver aquele moleque magrinho, um pouco corcunda como o tio, destruindo os tambores. Se depender do que vimos ontem, a família Cavalera terá um representante nas baquetas do metal por muitos e muitos anos.
Algumas famílias se reúnem e passeiam num parque, outras saem num ônibus com a intenção de demolir ao mundo o Maximum possível.
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