segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Resurrection Fest anuncia Black Flag com datas exclusivas na Espanha e Portugal.

O Festival Resurrection Fest, que acontece anualmente em Viveiro (Galicia) confirmou no dia de hoje como únicas apresentações na Espanha e Portugal o show de reunião do Black Flag ou mesmo Flag como a banda mesmo anunciou no dia da noticia oficial que correu o mundo em questão de minutos.
Vale lembrar que já para a edição de 2013 bandas como Bad Religion, The Casualties, Trivium e Evergreen Terrace já haviam confirmado presença.
Estivemos lá ano passado e podemos confirmar que este está se tornando um dos maiores festivais destinados ao público punk/hardcore da Europa, com mais de 60 bandas em três dias de evento.
Mais informações no site do evento, www.resurrection-fest.com com ingressos já a venda pela bagatela de 50 euros (para os três dias) com direito ao camping.
Imperdível!!!!!
http://www.resurrection-fest.com

Primevera Sound 2013


sábado, 26 de janeiro de 2013

Podcast Substance From Barcelona Episode 3


Fica a Dica - King Cannons

Fica a dica do fim de semana.
King Cannons



ENTREVISTA THE BRONX


ENTREVISTA THE BRONX
by Mauricio Melo

Os californianos do The Bronx passaram por Barcelona no início do mês de Dezembro como banda de abertura para o The Hives.  Para quem não conhece se trata de uma banda californiana que não sabemos em que estilo encaixar, se punk, punk-rock, hardcore ou mesmo mariachi.  Sim, aquele estilo de música mexicana que se toca como seresta.  Engana-se também quem acha que se trata de um grupo de jovens formado há pouco tempo, nada disso.  A banda já atinge uma década e está prestes a lançar seu quarto disco, The Bronx IV.  A mesma lançou dois mais como Mariachis El Bronx e ainda uma primeira experiência como The Drips ainda no início da década passada.  Desta vez com os Hives, anteriormente com o Gogol Bordello e em algumas ocasiões junto ao Refused.  O que será que tem este grupo para ser tão requisitada por grupos tão diferentes entre si?
Para entender um pouco da história deste quinteto, nos sentamos à borda do palco da sala Razzmatazz em Barcelona, antiga sala Zeleste onde os Ramones gravaram o Loco Live e o Sepultura seu primeiro video oficial, Under Siege, durante a turnê do Arise.  
Apesar do curto tempo, tivemos o simpático vocalista Matt por diante, numa fria tarde de início de inverno.  Conversamos um pouco de tudo e sobre as possibilidades de um dia a banda visitar nosso país.
Os melhores momentos desta entrevista vocês conferem agora.  
Por Mauricio Melo

1 - Disco novo:  Poderia nos adiantar algo?
Como foi gravado, onde, etc?

Matt - Sai em Fevereiro.  Antes de mais nada gostaria de dizer que estamos bem orgulhosos do que conseguimos gravar.  Provavelmente o mais simples e básico álbum de The Bronx.  Não criamos nenhuma expectativa em torno do disco porque na maioria das vezes o resultado não é o que imaginávamos.  E uma das coisas que queríamos era simplificar.  Decidimos então fazer algo estilo Ramones mas ao melhor estilo The Bronx e acho que conseguimos, é um bom disco e estou ansioso pelo lançamento.  Também levou muito tempo entre um e outro.

2 - Sim, esta é outra pergunta que temos.  Cinco anos entre o terceiro e o quarto.  Porque tanto tempo?

Matt - Primeiro porque El Bronx Mariachi foi algo sensacional para a gente.  .  Saimos em turnê, tocamos em diferentes países e tivemos a oportunidade de tocar com muitas e diferentes bandas que sempre respeitamos e tocar em cidades que nunca havíamos tocado antes.  Então quando chegou o momento de decidir entre gravar um segundo disco do Mariachi ou um novo disco do The Bronx ainda estávamos muito conectados com o Mariachi El Bronx e não fazia sentido escrever um disco do The Bronx naquele momento porque nossa inspiração girava entorno do Mariachi.  Então, decidimos escrever o segundo disco do El Bronx.  Então claro que todo este ciclo que compor um disco, gravar e lançar te ocupa por uma ano e meio ou até dois.  Tudo bem que demorar cinco anos é louco, eu acho.  Mas como estamos sempre em atividade seja como uma banda ou como outra não temos a sensação de tanto tempo mas sim, é um tempo considerável sem lançar um disco  e quando finalmente terminamos a última turnê do El Bronx Mariachi todos estávamos ansiosos e desejando ir ao estúdio para gravar o novo The Bronx, foi exatamente o que queríamos.  Todos inspirados, com vontade de plugar os instrumentos e tocar alto.  

3 - Acabamos de comentar sobre a dupla identidade da banda. Poderia contar um pouco sobre El Bronx Mariachi para os brasileiros?  Tipo, como surgiu a idéia, etc.

Matt - O The Bronx é uma banda considerada punk, algo agressivo, banda punk.  Soa bastante punk, tanto como música quanto de mentalidade.  Mariachi El Bronx é nossa versão da tradicional música estilo Mariachi, algo que crescemos escutando já em em Los Angeles onde a cultura latina é muito grande.   Um dia decidimos tocar algumas músicas ao estilo Mariachi porque estávamos sem fazer nada no estúdio e se tornou algo inspirador.  Então é como que todas as músicas que tocamos naquele momento, foi feita por nós, tocamos os instrumentos, aprendemos muito com estes discos.  Muitos instrumentos acústicos, a maioria dos Mariachis não tocam bateria, nós tocamos bateria no disco, todos os integrantes do The Bronx tocam no Mariachi El Bronx e se converteu em algo interessante, é como ter dupla identidade.  E acho que agora com as duas bandas estamos completos, todos os tipos de emoção e coisas da vida, entre as duas bandas temos uma visão de 360º de como o mundo é louco e de o quanto é louca a vida.  Realmente é muito bom, até onde sei somos o único grupo de pessoas que realmente tem duas bandas de maneiras tão separadas tão diferentes.  
Foi muito bem aceito pelo público.  è um momento muito bom para a música atualmente no momento.  Acho que as pessoas definitivamente estão abertas para novidades.  O público está pronto para que os músicos façam algo diferente e não esperar que o artista publique o mesmo álbum sempre.  A mentalidade está muito aberta com relação à arte e música do que há cinco anos atrás.  

4 - Voltando ao disco novo.  Quanto tempo demorou a ser gravado?

Matt - Demorou um mês mais ou menos, escrevemos por e gravamos em nosso próprio estúdio em Los Angeles na cidade de Venice.  Mas compomos o disco em lugares diferentes por estarmos em turnê.  Escrevemos o disco e tivemos mais ou menos uma semana e meia de pré-produção com 7 ou 8 músicas escritas. Então saímos em turnê, voltamos… e fizemos mais umas 6 ou 7 músicas em uma semana, uma semana e meia.  Após fomos ao estúdio e gravamos 14 músicas e doze estarão no disco, foi fácil.  Realmente foi bem legal porque o mundo é louco e sempre temos coisas acontecendo em nossas vidas e esta foi a primeira vez que fomos capazes de... estávamos focados somente em nossa música não existia nada de fora e nada em nosso caminho.  Então foi realmente bom e um momento inspirado para gravar um disco.  

Produtor?
Ele fez nosso primeiro disco, acho que tínhamos umas onze músicas gravadas e Beau…Beau  Burchell que fez The Bronx IV, ele fez seis músicas no primeiro disco do The Bronx, o que significa que ele é um amigo de longa data, ele gravou nossas primeiras músicas em sua garagem.  Então imaginamos que seria legal estar com ele outra vez.  Primeiro porque ele é um excelente engenheiro, segundo por que sabe muito de música e terceiro porque nos conhecia e era como ter um amigo por perto, fácil de lidar e se nos chocássemos com um muro nos ajudaria a contornar.  Foi legal.  

5 - Como você mesmo disse o The Bronx e Mariachi El Bronx tocaram com muitas bandas de respeito como Refused, Gogol Bordello e agora com o The Hives, por exemplo.  Claro que cada uma destas bandas tem um público distinto.  O setlist por exemplo vai de acordo com o público ou o The Bronx é o mesmo independente do público, seja Hives ou Refused?

Matt - The Bronx é o mesmo em qualquer situação.  Tocamos o que queremos, claro que nestes casos tocamos algumas músicas que as pessoas gostam mais, não seremos sacanas de ser radical diante de um público que não é especificamente o nosso mas seremos sempre o que somos, não montamos um setlist de acordo com A ou B porque no final das contas soaremos como The Bronx.  Apenas queremos tocar e nos divertir, não tocar a mesma coisa sempre e sempre.  Tocamos coisas antigas e coisas novas.

6 - E o The Drips? 
Matt - Esperamos que saia algo em breve, estamos trabalhando em cima.  

7 - Estranho porque o The Drips é muito parecido ao The Bronx mas não funcionou.  Alguma explicação?

Matt - Acho que não se trata de que funcionou ou não.  Acho que definitivamente não nos dedicamos tanto a nossa primeira banda.  Gravamos um disco muito rápido, acho que fizemos tudo em cinco dias e foi para fazer algo.  Me sinto feliz por ter feito e que anos depois as pessoas continuem gostando.  Faremos outro já que não teremos pressão, nem expectativas nem nada com o The Drips.  Quando sair, saiu e quatro de nós estamos tão ocupados e também bons amigos com duas bandas e turnês, etc, que não temos tempo para dedicar a algo mais.  Não tenho dúvidas que voltaremos a gravar algo

8 - Se fala muito sobre a crise financeira na Europa atualmente.  Até mesmo aqui na Espanha onde as coisas mudaram muito...Sabemos que as bandas punks americanas não se interessam tanto pela política, a atitude fala mais alto.  Ainda assim, como a banda vê tudo isso?

Matt - São coisas pessoais, cada um vê de um jeito.  Temos muita sorte de ter a vida que temos e poder viajar tanto.  Podemos conhecer novas culturas, diferentes economias e hierarquias sociais.  O que nos deixa triste com estas viagens é que em poucos lugares conseguimos ficar mais do que 24 horas.  Então se torna impossível ter um conhecimento mais profundo da situação.  Hoje mesmo caminhamos por Barcelona por umas três horas, visitamos a praia, a catedral, etc e na verdade que parece estar tudo igual que dois anos atrás quando sabemos que a economia está muito pior.  Claro que me importa saber se as pessoas estão bem ou não mas não é o mesmo que "vi com meus próprios olhos".  Porque temos o conhecimento mas não sentimos as situações, vamos embora amanhã.  Nos importamos porque é algo mundial, não é só aqui.  Uma das coisas que acho realmente legal é sobre o estado atual do mundo.  Parece como há um tempo atrás quando era mais jovem no Estados Unidos, vivendo na América somente pensa sobre a América, só se tem um pensamento e não te importa o resto do mundo e acho  que agora mais do que nunca existe uma ideologia que todos pensamos globalmente.  Você não quer que um mal sistema econômico aqui seja o mesmo sistema econômico ruim em sua "casa" então quando um se machuca se machucam todos e fora isso, por outro lado toda esta situação inspira músicos, poetas e tanta coisa boa pode sair de um momento ruim, como Los Angeles 92.  Sou uma pessoa muito positiva, tenho como já comentei uma sorte de estar viajando e acho que isso me amedronta.  Quero que todos lugares, que a maçã inteira seja boa, não quero que somente os Estados Unidos esteja bem ou que somente Londres seja a melhor cidade, quero que todos se sintam bem.  

9 - Falando em Estados Unidos.  Como você ou a banda vêem a reeleição de Obama?

Matt - Legal.  Exatamente o que falávamos.  Obama é um presidente global.  Ele é bom com o restante do mundo em relações com os Estados Unidos.  O candidato da oposição era um candidato a presidente americano dedicado aos interesses dos americanos, não era um pensador global.  Do tipo: "Esta é nossa maneira de ser e quem quiser que nos aceite".  Obama foi muito inteligente e quando foi eleito o mundo não gostava dos Estados Unidos, levávamos anos numa guerra, um presidente de merda e todos nos odiavam onde quer que fôssemos.  E ele foi inteligente ao restabelecer o nome dos Estados Unidos antes de tudo.  Ele fez isso antes e depois começou a trabalhar em nossa restruturação econômica.  Não é divertido ser destratado por ser americano a qualquer lugar que íamos e foi ótimo que ele tenha feito isso pelos americanos.  Agora, tenho a sensação de que em muitos lugares já não somos o alvo, não somos odiados pela nossa nacionalidade.  Acho que entre outras coisas ele tem feito progressos para que tudo seja comum, público.  

10 - Para finalizar.  Brasil um dia?

Matt - Deus, espero de verdade.  Adoraríamos ir e fazer  El Bronx e The Bronx, tocar duas vezes.  Abrir com o Mariachi e detonar tudo com o The Bronx na segunda parte.  Esperamos de verdade ter a oportunidade em tocar lá.  Quem sabe com o disco novo?

Hellfest 2013

Ainda faltam muitos nomes por confirmar.  Mas já da para ter uma idéia.

Groezrock 2013 trailer

          
                    http://www.groezrock.be/news/flag-playing-at-groezrock

Podcast Substance From Barcelona Episodio 2 VERSÃO VIDEO YOUTUBE

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Fim do mistério. Primavera Sound 2013 é uma realidade.


Fim do mistério.  Primavera Sound 2013 é uma realidade.

Nomes como Nick Cave & The Bad Seeds, My Bloody Valentine, Blur, Jesus and Mary Chain, Dinosaur Jr e até mesmo Wu-Tang Clan formarão parte do cartaz do Primavera Sound 2013, no mês de Maio na cidade de Barcelona.  E nós, acreditamos que, uma vez mais seremos um dos selecionados para cobrir o festival com bons textos e belas fotos.  
www.primaverasound.com.es

O Parc del Fòrum abrirá de maneira oficial suas portas na quarta-feira 22 de Maio com vários shows gratuitos como de hábito.  A diferença é que em edições anteriores o palco se situava em algum ponto da cidade, distante do Fòrum.  Desta vez o lugar escolhido será o mesmo que acolhe as edições oficiais do evento e teremos nada mais nada menos que The Vaccines para animar a festa de abertura (e gratuita) e muito bem acompanhados com Delorean, Guards, os jovens do The bots e Aliment, atenção nestes nomes.  

Ao final do anúncio oficial sentimos falta de nomes de "peso", ou seja, aquelas bandas com perfil hardcore, punks, e até black metal como foi o caso do Mayhem e dos reis do grindcore Napalm Death que figuraram no cartaz no ano passado, lembrando que em outras edições também tivemos Motorhead, entre outros.  Para não passar em branco teremos Fucked Up e como comentaremos mais adiante Neurosis.

Parece até que estamos reclamando de barriga cheia diante de um cartaz tão suculento mas não é assim.  Estamos sim, mais do que satisfeitos com tudo o que foi apresentado, por ter sido simpaticamente convidado pelos organizadores a participar desta grande festa e de estar junto a tanta gente da imprensa que faz acontecer no velho continente.  E para tal acontecimento foi organizada uma noite de gala, muito mais proveitosa do que as anteriores coletivas de imprensa.

Para apresentar a noite tivemos a presença de Johann Wald, VJ da MTV Espanha e alguma música ao vivo, entre elas a excelente presença de La Bien Querida.  

Noite que começou morna com a  relação entre VJ e público mas que ao final nosso Johann saiu ganhando, impossível que fosse diferente diante de tal figura.  


Destaca-se também a bela organização do evento e a apresentação do novo patrocinador oficial e principal, a cerveja Heineken.  Quando começaram a circular os boatos segredos com relação ao festival, muita especulação ficou no ar.  Pessoas profetizavam nomes como Slayer, David Bowie e até alucinações como um possível retorno dos Smiths com o primeiro show no festival espanhol.  Mas ninguém profetizou uma mudança de patrocinador já que tudo parecia favorável ao antigo.  Pois bem, ao anunciarem a Heineken como principal dois dias antes da gala os profetas duplicaram suas visões mas a grande verdade é que alguns temeram pela perda de identidade do evento, já que com tanto nome no mercado a cervejaria poderia "sugerir" um festival menos independente.  Nada do que estava previsto aconteceu e como de hábito o Primavera Sound surpreendeu muita gente, manteve a identidade e apresentou uma seleção de nomes de dar inveja a muitos outros festivais.

Tudo bem que a grande maioria dos nomes anunciados já passaram pelo Primavera em diferentes ocasiões como é o caso de My Bloody Valentine, The Jesus and Mary Chain, Phoenix mas conseguir reunir esta nata em uma única edição não é fácil e o evento conseguiu tendo como bônus a apresentação do Blur como inédita.  

Estaria o Primavera Sound jogando a Champions League dos festivais?  Acredito que já estivesse disputando há tempos mas agora com o patrocinador oficial reforçado, disputa diretamente o título.  Tudo isso em apenas 13 anos de existência e muita fidelidade.  Festival este que começou pequeno com a primeira edição em 2001 e foi ganhando proporções que nem mesmo quem organizava esperava.  Um exemplo que nós brasileiros deveríamos seguir, já que em muitas ocasiões se tenta organizar um mega evento já na primeira tacada, difícil.   Traduzindo para números, de 7.700 pessoas da primeira edição a 147.000 no ano passado, deixando claro que é um festival de grupos e músicas que em geral não tocam em rádios convencionais e nem figuram na MTV em horários nobre.  No Primavera não toca U2, Lenny Kravitz ou o mocinho da capa de revista.  Nada contra aos nomes mencionados mas neste evento, até o momento, não encaixa.  

Após bons discursos de seus organizadores um telão baixa ao tradicional palco da Sala Apolo para o anúncio oficial, tão esperado por todos que ali estavam e por milhares de outras pessoas que anualmente acompanham ao festival além da transmissão direta através do Primavera TV que é o canal do festival no Youtube e que possívelmente atraiu milhares de olhares ao redor do mundo.  
Uma coisa ficou claro, foi o segredo mais bem guardado dos últimos meses, nem mesmo grandes nomes da música conseguem reter suas composições sem que alguém consiga com que vaze na internet mas o festival sim conseguiu segurar a onda.

No grande momento uma animação, muito bem elaborada por sinal apresentava os nomes sob gritos de histeria de quem estava no recinto.   Apesar de já sabermos do Blur há meses poucos puderam segurar o grito ao aparecer no telão, junto ao retorno nos palcos do The Postal Service e os irmãos Reid liderando o The Jesus and Mary Chain.  Nick Cave liderando os Bad Seeds, os franceses do Phoenix que arrancaram fortes gritos do público femenino que virão lançar seu novo disco e mais uma vez Kevin Shields com My Bloody Valentine que muito se espera chegar ao festival com disco novo debaixo do braço.   Já passamos pela experiência de assistir em edição recente o My Bloody Valentine e aviso para quem esteja planejando sua viagem com intenção de curtir o festival, tragam protetores de ouvido.  

Para celebrar a tradicional mistura de estilos teremos a crew Wu-Tang Clan comemorando vinte anos de existencia com formação original.  Os espanhóis Los Planetas também marcarão presença e a grande oportunidade de assistir ao The Knife já que o duo sueco não se aventura muito pelo mundo afora.  Muito aplaudido também o anúncio de Band of Horses, uma das mais aguardadas com certeza.  Se já comentamos de My Bloody e Jesus não podemos esquecer de Dinosaur Jr que também apresenta disco novo e por falar em guitarras também teremos Swans e Neurosis.  Com tantos nomes dos 80 e 90 o The Breeders se junta ao time para tocar na íntegra Last Splash.  Bandas catalanas como Manel também oferecerá sua dose musical, uma das bandas favoritas de Pep Guardiola.  Apesar de ter recentemente tocado em outro festival catalão o Hot Chip dá o tom dançante da festa.

Tudo isso que podemos destacar de primeira mão mas quando se analisa e revisa o cartaz do evento não paramos de encontrar nomes que podemos destacar como os tradicionais Shellac e Bob Mould que apresentará seu novo álbum Silver Age.  Sem contar que ainda falta o anúncio do Optimus Primavera Sound que é organizado na cidade do Porto, uma versão mais reduzida do de Barcelona mas não menos atrativa.  

Para finalizar destacamos o preço do evento, 160 Euros para todos os dias, isso sim, comprando até o dia 4 de Fevereiro.  Após esta data algum reajuste mas com certeza nada assustador.  

Mais informações em www.primaverasound.com



Bob Mould

Band of Horses

Blur

Deerhunter


La Bien Querida

Los Planetas

Dinosaur Jr

Nick Cave and The Bad Seeds

My Bloody Valentine

Crystal Castles

The Jesus and Mary Chain

The Postal Service

The Breeders

Wu-Tang Clan

The Bots









quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Primavera Sound 2013

Mais informações em www.primaverasound.com

Du Baú - The Gaslight Anthem Entrevista por Mauricio Melo e Wlad Cruz em 20/07/2011



Acima, o que conseguimos salvar em vídeo e abaixo a entrevista completa com The Gaslight Anthem em 2011.

Barcelona, 13:23 do dia 7 de Julho de 2011. Exatamente neste dia, o The Gaslight Anthem visita pela primeira vez a cidade Condal como muitos a chamam na Espanha. Do lado de fora da sala Apolo um dia bem normal, um dia que se não fosse o papel formato A4 colado na porta informando o horário das apresentações poderia passar totalmente desapercebido. Um mesmo evento numa cidade como Londres e a coisa poderia ser bem distinta já que a banda foi responsável por lotar a Brixton Academy, entre outras, recentemente. O calor europeu apresenta seu cartão de visita. Uma pequena porta da Sala Apolo está aberta sem vigilância, o que credencia a qualquer ser humano o poder de entrar. Após dois lances de escada já é possível ver a banda, espalhada em diferentes pontos da sala concedendo entrevistas para diferentes veículos. Fomos bem recebidos pelos representantes da Side One Dummy na Europa como de praxe e ainda que quiséssemos ser discretos para não atrapalhar Brian e Alex junto a atual entrevista para uma revista espanhola, o simpático vocalista desvia levemente o olhar e nos cumprimenta como se fossemos amigos de longa data.
Entre este momento e o início de nossa entrevista, uma rápida pausa para fotos, estilo promocional e para fugir do ruido da passagem de som, fomos obrigados a deixar a comodidade do ar condicionado para ir ao terraço da Apolo. Ainda que tivéssemos sombra e água fresca, literalmente, Brian e Alex já davam sinais de cansaço após o show da noite anterior em que foram banda de abertura para o Foo Fighters num lotado ginásio em Madrid. Apesar de não perderem nunca a tão marcante simpatia e humildade, o desafio era de fazer com que a entrevista não soasse repetitiva, ainda que, por obrigatoriedade e por se tratar de uma banda à ser "apresentada" a uma grande parte do público brasileiro, algumas perguntas seriam óbvias mas nada que incomodasse ninguém nos 12 minutos que tivemos direito.
Por falar em apresentar a banda, um rápido highlight sobre eles. Até o ano de 2008 era uma desconhecida banda de New Brunswick (Nova Jersey), um pequeno bairro próximo onde cresceu Bruce Springsteen. Neste ano lançaram seu segundo disco, "'59 Sound" e a vida de Brian (voz) Alex Rosamilia (guitarra), Alex Levine (baixo) e Benny (bateria) mudou por completo. Elogios da imprensa mundial, uma abenção em pessoa e palco de Springsteen (que chegou a classificar o disco como melhor da década), apresentações no David Letterman e participações nos melhores festivais do mundo são alguns dos poucos exemplos que podemos dar do quarteto. Engana-se quem acha que com tudo isso os rapazes enlouqueceram ou se deixaram levar pela fama, muito pelo contrário, continuam levando sua vida com normalidade apesar de disfrutar de mais comodidades. Não mudaram de gravadora, nem de produtor e para a gravação de "American Slang" em 2010, compuseram o álbum num sótão de um amigo, sem essa de ir a uma ilha deserta.
Um pouco desta receita de sucesso, vocês podem descobrir agora. Com vocês, The Gaslight Anthem.




O The Gaslight Anthem está em turnê agora mesmo, bem, pra ser mais correto, finalizando a turnê já que hoje, em Barcelona, a banda encerra a American Slang UK / Europe Tour. Por outro lado vocês tem o The Horrible Crowes, este projeto poderá sair in turnê após uma pausa com o TGA ou ficará apenas na função de projeto?
Brian
 - Pensamos sobre isto, não temos certeza porque temos que começar o novo disco do The Gaslight Anthem, isto para começar. Não temos certeza de quanto este projeto pode sair em turnê, veremos. O que sabemos é que não podemos deixar de lado o TGA, teremos que estar focados nesta banda, enquanto isto ficaremos na vontade, tentaremos sim, quem sabe?

Seguindo com o Horrible Crowes. Acreditam que algumas músicas poderiam encaixar ou influenciar na composição do novo disco do TGA?
Brian
 - As vezes acho que sim mas... não realmente (olhando para Alex), talvez não? Talvez "Behind the Hurricane"?
Alex - Sim
Brian - Ainda não sei, é um pouco lento para pertencer ao The Gaslight Anthem. 

Em Glastonbury vocês apresentaram uma música nova, "Biloxi Parish" e há alguns minutos falaram em disco novo do TGA, então matem nossa curiosidade.
Brian
 - Está ficando bom e já temos quatro músicas. Já estamos nos movendo e começamos há três semanas. Possivelmente será lançado em Maio ou Junho do próximo ano. Não temos pressa para um lançamento, queremos lançar algo realmente bom.

Igualmente neste festival podemos conferir uma grande diversidade no público da banda, haviam jovens de 18 anos e pessoas bem mais velhas com 40 ou até 50 anos cantando todas as letras. Podemos considerar que o TGA por ter um público mais variado, tem um público mais sólido? Ou seja, não é um grupo que desperta a atenção somente dos jovens, as letras atingem diferentes faixas etárias?
Brian
 - Estes são nossos shows, todas as idades.
Alex - Acredito que esta variação, esta mistura, é um ponto forte.
Brian - É uma "construção" sólida. Pelo fato de não sermos tão jovens muita gente se identifica, é como se estivéssemos falando ao mesmo nível
Alex - Isso notamos desde o princípio. Na tour do 59 Sound tocávamos para pessoas que se pareciam conosco mas de uma hora para outra notamos gente mais jovem e muitos outros mais velhos, era incrível ver tudo isto, pais e filhos, pessoas de outros grupos, etc.
Brian - O curioso é que não sabemos como chegamos a esta mistura, a este público. O melhor de crescer aos poucos é que evita que pensem que somos estrelas do rock, sei que nossa carreira é relativamente curta mas nada foi da noite para o dia. Não somos um grupo punk mas talvez tenhamos esta ética, é um relacionamento que temos com nosso público, uma identificação.

Sabemos que a Side One Dummy não coloca pressão mas após "59 Sound", internamente, houve alguma pressão para o fato de conseguir superar este disco?
Brian
 - Sim, sempre existe pressão para o próximo disco.
Dentro da banda quero dizer...
Alex
 - não diria entre nós mas acho que coloco pressão em mim mesmo e Brian faz o mesmo e os outros membros também, esta é a idéia. Se você quer fazer a próxima coisa melhor que a última é assim que tem que ser. Após '59 Sound' foi a primeira vez que as pessoas esperavam algo de nós porque até então éramos um grupo desconhecido da maioria. Simplesmente escrevíamos, gravávamos e saíamos em turnê. Com 'American Slang' a coisa não funcionaria assim, sabíamos que tinha que ter o mesmo nível ou melhor que o anterior e que comparações seriam inevitáveis.

Alguma multi-nacional já entrou em contato?
Alex
 - Algumas sim mas nenhuma nos atraiu muito. Acredito que tenhamos que fazer o que mais convenha, te podem oferecer muito dinheiro em algum momento mas isto pode acabar com sua carreira.

Invitável pergunta: como lidar com as situações da internet? Sabemos que recentemente vocês tiveram um problema com um DJ de radio por utilizar uma das músicas do The Horrible Crowes sem permissão...
Brian
 - O que aconteceu é que...o cara...se querem tocar algo na rádio, tudo bem, pode tocar o que quiserem. Podem tocar suas músicas favoritas mesmo que estas não sejam músicas de trabalho ou algo parecido, sem problemas. Mas não coloque na internet! Porque a rapazeada vai baixar, porque vai...isso vai..."matar" todo o processo. Odeio a internet quando se trata de música (e Alex começa a rir). Se quero lançar singles como muitos fazem, tudo bem, mas não é assim porque nós lançamos álbuns e gostamos de todo o processo dos álbuns. Não quero que as pessoas pensem que tenho a mentalidade "Ooooh! É meu negócio, eu escrevi!" mas no fundo é nosso disco. Temos o direito de decidir quando as pessoas irão escutar todo o disco ou uma única música. É o único direito que temos como banda, e fazemos álbuns, somos umas das últimas bandas que ainda se dedica a fazer um conceito de álbum.

Porém, existe o outro lado da moeda. 99% do público que o The Gaslight Anthem possui no Brasil provém da internet já que o iTunes não é oficialmente aberto no mercado e os discos chegam através de exportação...
Brian
 - O download em si não é um problema. Claro que gosto que as pessoas comprem o disco em sua forma física, todos gostam. Porém, se o lançamento do disco é num 1º de Janeiro e as pessoas baixam a partir do dia 2, sem problemas, de verdade. O problemas é quando baixam antes, me sinto roubado, é como abrir um presente de aniversário uma semana antes da data. No caso do Brasil, com os custos altos para os discos e a falta de iTunes, que façam downloads, não nos importamos com isto, apenas façam isto após o dia de lançamento e por favor que baixem todo o disco e não duas ou três canções.

A idéia de "Great Expectations" vem do livro de Dickens. Para o novo disco, alguma nova inspiração do tipo?
Brian
 - Para o novo disco teremos bastante de filmes do David Lynch e romances, romances dark. Também voltei a morar em Nova Jersey e tem bastante coisa sobre a "magia" local.

Existe algo pessoal por trás do vídeo de 59 Sound?
Brian
 - é sobre um homem olhando para o passado, para sua vida e tendo lembranças através das fotos e finaliza quando este homem no final é o garoto do início do vídeo. O garoto que segura a foto do homem no inicio é o homem que segura a foto do menino no final. É sobre um homem envelhecendo, nada pessoal com ninguém da banda.



Em seu blog, Cassetes on the Mailbox, você menciona que vem de uma familia religiosa. Esta influencia é utilizada para se expressar quando compõe as músicas? Acredita que suas letras podem ajudar a outras pessoas?
Brian
 - Sempre, sempre utilizo. Está sempre dentro de sua cabeça, nós estudamos numa escola católica (apontando para Alex), cresci protestante mas vejo bastante similaridade com a católica. Está sempre conosco. Cresci cantando hinos religiosos e foi importante para mim, acho que tudo isso teve a ver com nosso exito, falo por mim mas é o que me mantém concentrado. Penso muito sobre de onde vim e para onde vamos quando tudo se acaba, é isso que procuro, e não procuro as festas, badalações ou as drogas e talvez por isso passei de pedreiro da construção com pouco estudo, a estar num grupo de música conhecido. Não sei se todos pensam assim, como disse opino por mim.
Alex - Acabamos de chegar da Sagrada Família, é impressionante.
Brian - Com relação as letras não as escrevo pensando em ajudar ou salvar alguém mas se ajuda à alguém, se tem este lado positivo, não podemos nos queixar, fico feliz.

Nos dois primeiros discos as letras falavam de experiencias de terceiros, em American Slang os temas estavam mais pessoais. Porque esta mudança?
Brian
 - Envelhecemos. Daí começa a pensar em outras coisas, tudo muda quando você começa a conhecer pessoas, países, viajar, etc. Quando está em turnê começa a se deparar com um monte de coisas inéditas em sua vida. Por um lado existe um sacrifício para chegar ao ponto que você quer, quando atinge ao exito, tem que aprender a lidar com questões que existem dentro de você. Quando se chega a uma idade, nos damos conta que alguns sonhos não são tão importantes quanto sua família e pessoas a seu redor.

Qual relação vocês tem com o Jersey Shore Sound e todas as bandas que vem de lá como Springsteen, Bon Jovi, Bouncing Souls, Lifetime, etc?
Brian
 - É perfeito, adoramos...é a nossa coisa.

Existe algo dos velhos tempos do qual vocês sentem saudades?
Brian e Alex
 - (risos) Não, muito sofrimento!
Alex - não sinto falta de trabalhar no mercado.
Brian - não sinto falta de sofrimento.

Vocês tinham idéia de que existe um bom público brasileiro à espera do The Gaslight Anthem?
Alex
 - Nunca me passou pela cabeça.

Alguma chance de nos fazer uma visita?
Brian
 - Definitivamente!
Alex - quero ir para a Copa do Mundo. Principalmente para assistir aos jogos do Brasil se possível.

Obrigado a ambos...
Brian
 - Obrigado a vocês pela oportunidade.


Nós é quem agradecemos.  

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Podcast 1 Vimeo



Para quem não conseguiu acessar por Youtube.  Uma versão mais light no Vimeo

Podcast 1 Vimeo

http://vimeo.com/57941432

Du Baú - The Black Pacific entrevista




Sei que é um erro apresentar uma entrevista ou matéria, qualquer que seja, em primeira pessoa, mas dessa vez vou quebrar o protocolo.  Sabia que um encontro com Jim Lindberg não seria impossível quando a banda confirmou presença no Eastpak Antidote Tour 2010.  Igualmente fiquei surpreso em conseguir sem dificuldades tal encontro.  Tudo bem que contamos com um apoio mais que absoluto da Side One Dummy para estas missões e como The Black Pacific está jogando no time deles tudo acabou sendo facilitado.  Organização do evento igualmente nota dez, já que na noite anterior telefonou para confirmar minha presença e entrevista.  Ao desligar o telefone a ansiedade começou, "maldito" telefonema.  
Cheguei tão cedo que ainda vi o ensaio da banda, logo, fui o primeiro a entrar no backstage e incomodar Lindberg conectado a internet.  Pensei "putz! como te persegui e segui...".  Estive em vários shows do Pennywise e esperava cada lançamento da banda desde que a conheci com Unknown Road.  Quantas vezes a trilha sonora de Hermosa Beach California foi a escolhida para as minhas e porque não, nossas aventuras?  Quem nunca colocou o bonézinho com o bermudão e saiu por aí cantando algum refrão cantado por Jim Lindberg?  Algo que se faz quando se é jovem mas não se arrepende quando atinge a uma certa idade porque nem o tempo apaga tais atos.  Esse sou eu, após a entrevista e ao show, retornei pra casa com um brilho nos olhos, foi como voltar no tempo e descobrir que ainda há tempo pra muito.
Espero que quem leia esta entrevista, goste dela tanto quanto eu.  Gostaria de ter conversado muito mais com o The Black Pacific mas tive vinte minutos que passaram assombrosamente voando.  O que pude perceber é que Jim Lindberg está feliz com sua nova banda e a mesma feliz com ele.  Deseja tudo de positivo aos antigos companheiros e que em breve estará chegando a América do Sul.  
Zona Punk pode se orgulhar de ser o primeiro ou um dos primeiros veiculos no Brasil e na América Latina dedicado ao estilo a publicar uma entrevista com The Black Pacific.
E como ele mesmo disse, Pennywise for life!!! 

Começamos então apresentando a banda?  The Black Pacific já existia como idéia antes de sua saída do Pennywise ou foi algo totalmente recente?
Jim Lindberg: Começou logo após minha saída.  Não queria mais estar na banda, já não era o que foi um dia estávamos discutindo uma série de coisas sobre isto.  Decidi saí mas isso não quer dizer que queria parar de fazer música.  Praticamente na mesma semana que decidi sair da banda telefonei para Alan (Vega) que tinha conhecido numa Vans Warped Tour, excelente baterista e o projeto iniciou.  Foi algo que comecei após o Pennywise mas quero deixar claro que sempre compus músicas enquanto estive na banda, músicas para mim ou para a mesma e algumas das músicas que agora estão com The Black Pacific já tinha escrito há praticamente dez anos, "Kill Your Idols" é uma delas e "No Purpose" que fecha o disco também.  Alan tem um estúdio e logo iniciou a trabalhar nas músicas, participei um pouco mais e as coisas funcionaram muito bem.  Nesta época estávamos com o baixista Davary Latter, um amigo mas que já toca com sua banda e não conseguiu conciliar as duas e teve que sair.  Após gravar o disco, ficamos satisfeitos com o resulstado e conversamos com a Side One Dummy para lançar e adicionamos dois novos integrantes na banda, Marc Orrel na guitarra e Gavin Caswell no baixo e assim demos um início definitivo no The Black Pacific.

Apesar da boa experiência que vocês tem na estrada, Marc como ex-integrante do Dropkick Murphys por exemplo, como é estar numa banda com Lindberg e com toda "bagagem" que ele tem no punk rock melódico?
Alan Vega: Excelente.  Digo, musicalmente acho que nos encaixamos muito bem.  Com tudo que já fizemos por aí, chega a este ponto e as coisas não falham.  
Marc Orrel:  É realmente bom trabalhar com Jim pelo fato dele ser um pioneiro no punk-rock californiano mas não só por isso, particularmente é um cara legal e tudo funciona muito bem.  
Jim:  Estamos todos na mesma banda, tocando a mesma música e até o momento as coisas fluem fácil e confortavelmente, trabalhamos juntos, é isso.  

Quando se fala em Pennywise, Bad Religion ou Biohazard o que vem em mente é uma banda.  Quando integrantes de bandas saem das suas e tem uma nova banda sempre tem aquela marca "a nova banda do..." como Soulfly por exemplo que por mais de década foi a "nova banda do Max Cavallera" até que atualmente já passou desta fase.  Você tem algum receio de que o The Black Pacific se torne de alguma maneira a nova banda de Jim Lindberg, deixando de lado o nome The Black Pacific?
Jim - Definitivamente não.  Sei que vão haver conparações porque minhas composições giram em torno de um estilo, ainda que tenham guitarras punk-rock ou distorcidas pelo fato de ter uma voz marcante sempre haverão comparações.  Porém ao mesmo tempo sinto que esta é uma banda própria e acredito que com cada álbum aconteça o mesmo que aconteceu com o Soulfly.  Porém é impossível ignorar certos fatos, Marc também esteve com o Dropkick Murphys e sempre vão mencionar nossas bandas antigas quando tiverem oportunidades.  Com certeza este disco vai receber muitas comparações mas já no próximo a poeira baixa um pouco.  

Existe algo interessante por trás do nome The Black Pacific?
Jim - Acredito que sim.  Praticamente cresci na praia, como todos sabem em Hermosa Beach e o Pacifico sempre representou uma grande parte na minha vida.  Tinha a vista do oceano diariamente.  Representa grandes lembranças de minha infância mas também um reconhecimento de algo escuro de todas as coisas.  O Pacífico é um nome que fala por si e ao mesmo tempo é imenso e profundo de onde podem vir os maiores medos das pessoas, uma mistura de tudo.

A banda iniciou as atividades como um trio, o que te colocava como guitarrista.  Atualmente como um quarteto, você abandonou a guitarra ou temos duas guitarras no palco, o que deixa o som mais pesado?  Igualmente, como está sendo esta nova experiência?
Jim:  Estou habituado a compor com a guitarra, fiz o disco todo e muita coisa com Shaun Lopez que foi nosso produtor mas sempre soube que quando chegasse o momento de sair em turnê, por não ter experiencia no palco, achamos melhor adicionar um segundo guitarrista.  Como trio, durante as gravações foi legal mas na estrada, dividir o microfone com a guitarra durante todo um show seria complicado então pedi ao Marc para me resgatar.  

Como foi trabalhar com Shaun Lopez?
Jim: Foi fantástico.  Ele teve uma banda bastante conhecida chamada Far, eram bem parecido ao Deftones.  Particularmente gosto muito das guitarras destas duas bandas, são bastante densas.  Ele tem muitos equipamentos vintage (antigos), customisa e personalisa muitos de seus equipamentos o que dá a oportunidade de criar um som diferenciado.  Além de trabalhar muito rápido, ele sabia o que queria desde o princípio.  Sabia como criar os sons de guitarra para nos ajudar onde queríamos chegar e confesso que a primeira vez que escutei as guitarras super densas disse a ele "cara isso é muito e acho que o baixo não vai encaixar, etc", mas ele sabia exatamente o que estava fazendo.  E esta é a vantagem de estar com Shaun, é bastante respeitado, um grande guitarrista e vi de perto durante as gravações.  Muitas vezes tentava umas vinte vezes e sentia que ele tinha vontade de pegar a guitarra e gravar no primeiro take (risos).  

Dois lados de uma mesma moeda.  Por um lado a banda já começa grande, participando de bons festivais como este (Eastpak Antidote Tour) e outros e por outro "abrindo" para o SUM 41 que há anos atrás mais serviriam para abrir para vocês.  É um pouco estranho tudo isso ou apenas uma outra perspectiva?
Alan:  Nos traz uma certa energia porém já não temos nada a provar a cada noite.  Normalmente achamos legal que as pessoas reconheçam nosso valor anterior mas por outro lado é bom estar numa "briga" para chamar atenção para algo novo.
Jim:  Iremos ao palco de qualquer maneira, seja abrindo ou de banda principal.  

Jim, você é bem conhecido por suas letras políticas e músicas como Society, Fuck Authority, duras críticas ao governo Bush.  Por coincidência, este senhor colocou à venda ontem sua auto-biografia e vendeu 220 mil cópias no primeiro dia.  Você vai ler?
Provavelmente sim porque será interessante ver e descobrir quais foram as razões para suas decisões.  As coisas que lembro quando você tem uma banda como Pennywise e fala sobre Bush ser eleito e dizia que as coisas iriam piorar (risos).  Acho que atualmente, olhando para trás, historicamente falando, pessoas terão idéias diferentes.  O problema com os americanos que não se envolvem com a política, é que eles não vêem o mundo da mesma maneira que nós, apenas olham para o próprio umbigo, para o próprio país e não sabem ou imaginam que isso pode afetar ou o quanto pode afetar pessoas de outros países e as vezes são arrogantes ou nos vêem assim.  Me lembro há quinze anos atrás que todos gostavam dos americanos e quando Bush chegou passamos a ser odiados ou mais odiados.  Porém muitos de nós discordamos de sua política e de muitos outros.  Acho que expressei muitas destas opiniões com o Pennywise e com esta banda nova será menos politica ou com uma diferente perspectiva de criticar política.  Bem, isto em meu caso, não deixar pessoas com criar todas as leis e controlar nossa liberdade.  Os americanos falam muito de liberdade mas não temos liberdade de saúde pública, educação, no que os militares fazem, etc.  Estamos atrapados no sistema e é sobre isto que quero escrever agora.  Já o atual presidente está numa situação bastante complicada, herdou um país detonado na crise.  Tem tudo perfeitamente feito?  Claro que não, porém acho que suas intenções são honrosas e tem tentado fazer algo.  É um problema econômico que quase ninguém sabe a solução.  Tivemos altas complicações econômicas e agora é uma situação difícil de reverter.  Acreditamos que ele está fazendo o melhor que pode mas tem muita oposição e não pode fazer muita coisa.  A situação é complicada, política é algo complicado e tinham que juntar forças ao invés de medir extremas direitas e esquerdas, temos que encontrar respostas e soluções para muitos deste problemas. 

Após tantos anos com Epitaph, como é estar numa nova casa, Side One Dummy?
Jim - Gavin é um grande amigo da galera de Side One Dummy e pode responder melhor esta pergunta.  
Gavin Caswell - São dois selos diferentes e consequentemente trabalham de formas diferentes.  Side One é menor, pouca gente e pessoas que trabalham nela são totalmente apaixonadas pelo que fazem.  
Jim - Side One dedicam-se bastante as bandas assim como a Epitaph apesar e menor e acredito que escolhem as bandas que gostam e não bandas que vendem.  Assinam com bandas que com certeza nunca serão número um da Bilboard ou algo do tipo mas fazem um contrato porque gostam da banda, das pessoas que estão nela e não porque apostam que a banda será a nova sensação ou a futura.  

Ao mesmo tempo que estamos conversando aqui, o Pennywise está com malas prontas para tocar no Brasil.  Existe uma grande discussão entre antigos e novos fãns da banda sobre ir ou não ao show.  Uns dizem que a banda nunca será a mesma, outros dizem que pode funcionar, etc, etc.  
Jim - É uma situação dificil pra mim porque o que aconteceu no Pennywise foi uma discordância de opiniões e numa infinidade de pontos de vista e não em um, tanto em estúdio quanto em turnês.  Chegou a um ponto em que minha "voz" já não era ouvida dentro da banda.  Era impossível pra mim decidir algo porque nossas idéias já não encaixavam.  Então, me senti à vontade, forte e orgulhoso da maneira de como saí da banda.  Nos juntamos e disse que as coisas não funcionavam pra mim, já não tinha sentido.  Disse que poderia seguir com a banda se eles concordassem com certas coisas, senão eu mesmo ajudaria a encontrar um novo vocalista, sei que querem sair em turnê por dez meses e merecem fazer isso e não quero segurar ninguém se não quero fazer e depois vocês vão ficar putos comigo.  Porque não quero fazer isso ou não quero gravar no mesmo momento que vocês.  Ajudo a encontrar alguém e sugeri Zoli como vocalista e até adaptalo nas bases de voz para o estilo da banda.  Não foi uma situação pra mim tipo "foda-se galera, odeio vocês!".  Não foi assim.  Disse que se queriam seguir adiante, que o façam.  Se as pessoas querem ir aos shows e escutar músicas do Pennywise e não estou lá, tudo bem.  Ao mesmo tempo para mim é muito estranho em ter uma pessoa cantando músicas que escrevi sobre experiências, sentimentos e visões particulares sobre alguns temas.  É estranho mas ao mesmo tempo sei que Zoli é um excelente vocalista e que podem seguir tocando já que assim escolheram.  Já disse várias vezes que toco este tipo de música desde que tinha doze anos de idade com influências de Descendents e Black Flag e me juntei ao Pennywise com vinte um anos.  Continuarei tocando música do meu estilo, fiz um bom trabalho enquanto estive com Pennywise mas não é porque saí da banda que vou parar de tocar, é algo que vou seguir.

De alguma maneira, sempre vem a tona a palavra divergência de idéias com sua antiga banda.  Alguma mais grave?
Jim - Após todos estes anos com Pennywise talvez nunca tenha me recuperado da morte de Jason (antigo baixista).  Muitas vezes me senti triste, tentava esqueçer e seguir adiante mas a verdade é que quando estávamos em turnê já não era tão divertido assim, foi uma terrível tragédia.  Para os fãns, escutar "Bro-Hymn" é legal, música marcante e tal, sobre amizade, irmandade igualmente foi pra mim um dia.  Porém ir ao palco a cada noite e lembrar de tudo o que aconteceu era muito duro para quem viveu aquele momento.  Outra coisa é que agora tenho família, que começou na mesma época, meu primeiro filho nasceu na mesma época e não tive tempo para processar tudo e minha vida se tornou, pelo menos nos dez anos seguinte, extrema felicidade por ter uma nova família, esposa, filho e paralelamente rara tristeza com tudo que aconteceu.  Tenho muito respeito por eles e por tudo que fizemos e simplesmente já não funcionava.  Queria mudar e acho que fiz a coisa certa, me sinto renovado.  

A pergunta que todo mundo quer ler.  The Black Pacific no Brasil?
Jim - Sim, definitivamente.
Alan - Eventualmente

Alguma mensagem pra galera?
Jim - Pennywise for life e The Black Pacific será uma nova banda a somar na cena musical e acredito que as pessoas de mente aberta irão gostar do que estamos fazendo.  



sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

The Hives e The Bronx em Barcelona 02/12/2012 - Sala Razzmatazz - Barcelona/Espanha



Domingo 2 de Dezembro, cidade condal mais conhecida da Espanha, Barcelona. Algo de frio na "noite" das quase seis da tarde. Diante da Sala Razzmatazz pouco movimento e o momento exato de perguntar sobre o tour manager do The Bronx. Muito bem recebido pelo mesmo, adentro pelo backstage local.
Enquanto espero Matt para um bate papo rápido sobre o novo disco da banda e também recebo ofertas de água, refrigerante ou cerveja para minha curta espera vejo tranquilamente os integrantes do The Hives em seu jantar pré-show, igualmente simpáticos e tranquilos. Quem não os conhece não sabem o que aqueles comedidos rapazes são capazes em cima de um palco e mais tarde falaremos deles.

Nosso encontro com Matt foi exatamente no palco, sentado na borda e com os pés apoiados num lugar habitual, o fosso dos fotógrafos. Porém era a primeira vez em anos que poderia visualizar a sala de tal ângulo. Realmente uma sensação única, sabendo que ali foi gravado Loco Live dos Ramones, o video oficial Under Siege do Sepultura e que tantos outros nomes passaram por ali. Nomes que vão de Slayer a Jack White, passando por Cobain e toda geração de Seattle, Queens of the Stone Age, Prodigy e muitos outros. Pouco mais de uma hora após nossa conversa o mesmo Matt estava ali, saltitando como um boxeador com microfone em punho liderando os californianos The Bronx. Abrindo a noite com "Ribcage", "Shitty Future" e "Unholy Hand", já de cara podemos sentir como será o disco novo, anunciado para Fevereiro com dois pertardos entre as três primeiras.

Esta não era a primeira vez que os californianos tinham pisado na Razz, há uns dois anos abriram para o Gogol Bordello porém vestidos de El Mariachi, a segunda identidade do grupo. Sorte nossa e do público em geral receber junto ao Hives a primeira identidade do mesmo e poder curtir "Knife Man" na primeira fila e escutar os repetitivos riffs de guitarra na intro. Diante de músicas como "Heart Attack American" ou "History's Stranglers" fica a pergunta, em que estilo exatamente se encaixa a banda. Talvez a melhor resposta é que não encaixa e por isso tocam junto aos Hives, Refused e Gogol. Foram quarenta minutos que passaram voando, talvez porque a apresentação tenha sido de tirar o chapéu. 

Por falar em Chapéu, chegava a hora dos suecos que a julgar pela capa do disco Lex Hives viriam vestidos tal e qual, com seus trajes e chapéus, ao menos é assim em cada turnê. Como gostam muito de um showzinho à parte, seus roadies e assistentes de palco estavam vestidos de ninja. O público já vibrava só ao ver acesso o nome da banda em letras luminosas ao fundo do palco, algo como programa de auditório, bem comum em suas apresentações. Talvez seja isto a única coisa que incomoda um pouco e escrevo antes de comentar o show, porque a sensação é sentida neste momento. Para quem nunca viu aos Hives, é um show a ser visto sem a menor sombra de dúvidas, é divertido, é rock, é suor e é alegria. Para quem já assistiu, o espetáculo entra em outro estágio, o de conferir músicas novas e sentir-se bem de estar naquele ambiente porque as novidades param por aí. As mesmas palavras, brincadeiras e teatrinhos se repetem. Até mesmo aquela congeladinha da banda no final da apresentação enquanto os instrumentos distorcem continua existindo. Lembro de quando os assisti pela primeira vez, lançando o Veni Vidi Vicious no pequeno Cabaret de Montreal que cheguei em casa emocionado e de lá pra cá tive a sorte de assistir pelo menos um show de cada turnê, um deles em praça pública em Barcelona e que fique claro, todos são de maravilha, principalmente para quem gosta da banda e está disposto a assistir ao filme uma vez mais.

Quando a banda escreveu a música "Come On!", com certeza pensaram na abertura de um show e não é a toa que na gravação de estúdio incluíram gritos do público. E assim foi a abertura, um minuto intenso e de alegria recíproca. Ainda mais tendo "Try it Again" e seus pegajosos riffs. Não tão festeiro com "Take Back The Toys" que muito me lembra The Stooges e dando caña como dizem por aqui e com "1000 Answers". Claro que não faltaram músicas como "Main Offender", "Die All Right" e claro "Hate To Say I Told You So" já em fim de festa quando Pelle pediu aos espanhóis que Nicholaus Arson tinha um riff especial para eles, o que gerou certo protesto, fazendo com que o mesmo Almqvist mudasse de discurso e pedisse que os catalães os apoiassem, uma eterna discussão que não levará a nenhum lugar e a nada. Por falar em Almqvist, o rapaz vem melhorando seu castelhano e consegue manter uma boa conversação com o público, que claro, somado ao sotaque sueco e ao personagem que interpreta em cima do palco se torna ainda mais engraçado. O que realmente sentimos falta foi de alguma música de Barely Legal, que é um excelente disco. É incrível ver a escassos centímetros de seus olhos a movimentação da banda, principalmente o já comentado guitarrista Arson e o vocalista Pelle que frequentemente se aproximam do público, deixa o mesmo acariciar a guitarra e este recebe as palhetas após serem romanticamente beijadas. Não menos intenso o outro guitarrista, Vigilante Carlstroem, carinhosamente apelidado de presuntinho sua bicas ao lado de Dr. Matt Destruction contando ainda com Chris Dangerous que parece um gigante numa bateria de criança.

Foram algo em torno de vinte músicas, quase todas do Lex Hives como por exemplo "Go Right Ahead", "I Want More" e "My Time is Coming" outras tantas do The Black and White Album algumas delas mais curtas e outras mais extensas como o caso de "Tick Tick Boom" em que o grupo senta para descansar e pede para que o público faça o mesmo demonstrando um controle total sobre a festa que eles são mais do que protagonistas. Por um momento, uma pequena parcela do planeta se rende aos domínios do The Hives.

E viva o Rock & Roll.
Enviado por Mauricio Melo