quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Du Baú - Motorhead entrevista (2011) - A Máquina milagrosa.


Máquina Milagrosa.
O Motörhead me curou!  
Lançando The World is Yours a banda passa pela segunda vez em Barcelona, Espanha, em menos de um ano.  Na primeira ocasião o disco estava recém lançado e mesmo assim o trio lotou o pavilhão do Sant Jordi Club.  Desta vez, a banda veio acompanhando o Judas Priest e sua turnê de despedida, a Epitaph.  Fomos gentilmente atendido por Mikkey Dee que  ao contrário de Halford e sua turma, não pensa em aposentadoria, já planeja em disco novo para 2012 e está mais ansioso do que nunca para desembarcar no Brasil.  
Porque o Motörhed me curou?  Eis que estava sentado tranquilamente sentado na sala de espera do médico com uma dor sem fim, que vem se arrastando há meses nos tendões de Aquiles.  Há uma semana negociando a cobertura do show sem grandes expectativas e há poucas horas do início do evento, nenhuma mensagem ou sinal positivo fora o suficientemente convincente para desmarcar a tão importante consulta.  Até que, como num passe de mágica, ou de tecnologia, chega um correio eletrônico no celular, confirmando não só o show mas uma inesperada entrevista com o já citado Mikkey Dee.  Como se tratara de uma benção, saí correndo da sala, só deu tempo de pegar o equipamento e formular umas perguntas no caminho do encontro.  Lá pelas tantas, me dou conta de que os Aquiles já não incomodavam.  O milagre do rock!
Por Mauricio Melo

Com a visita confirmada para shows no Brasil e especialmente no Rock in Rio, vocês tem algo especial preparado para estas apresentações?
Ainda não sabemos (risos).  Na verdade gostaríamos de ser os headliners do evento para poder dispor de mais tempo mas entendo perfeitamente a posição dos organizadores.  O que o público pode ter certeza é de que faremos um bom show...
Com certeza muita gente gostaria de tê-los como headliners e assim dispor de mais tempo de apresentação num festival.  Aconteceu o mesmo com a versão espanhola do festival, quando o Metallica também foi o headline e vocês tocaram antes.
O Metallica é uma banda fantástica e todos sabemos disso.  São grandes e provavelmente a maior banda do mundo.  No final das contas não nos importamos com isto contanto que nos coloquem num dia bom, com bandas boas e com tempo suficiente para dar ao público o que eles merecem.  Será bom, estamos felizes.  
Há alguns anos, quando o Motörhead foi a América do Sul, talvez pela primeira vez, houveram alguns problemas em shows, não?
Acho que a primeira vez que fomos ao Brasil foi em 1993 mas não tivemos nenhum problema.  Talvez esteja se referindo a Buenos Aires alguns anos mais tarde.  Naquela ocasião o promotor mudou de a casa de show, um lugar menor, e aí foi o problema porque várias pessoas compraram os ingressos mas não conseguiram entrar, foi uma loucura...foi há muito tempo, já é passado.  
Em uma situação laboral normal, com 65 ano de idade chega a aposentadoria.  Sabemos que o Motörhead não é composto de jovens e mais especificamente Lemmy completou esta idade na época de lançamento do The World is Yours.  Algum dia já passou pela cabeça o tema, aposentadoria?
Não, na verdade não temos motivos para isto.  O que acaba sendo irônico é que na noite de hoje temos Saxon, Motörhead e Judas Priest e todos estamos na idade de aposentadoria e são três bandas incríveis.  Não pensamos nisso, tipo aposentadoria, nem ideia disto...o que faremos?  Trabalhar no McDonald's? (risos).
E quando realmente acontecer porque ninguém vive para sempre, como vocês gostariam de serem lembrados?  Talvez ser como Johnny Cash que é referencia na música em diferentes públicos?
 Acredito que atualmente já somos referencia para diferentes públicos.  Pessoas  gostam de nós por diferentes razões, por razões que nem consigo contar.  Nem todo mundo necessariamente gosta da música, gostam do Motörhead por razões que vão além da música como atitude, estilo, fashion e claro, a música é a razão principal.  Não especulo nada, é impossível pra mim sentar aqui e falar disso hoje.  Fazemos o que fazemos de melhor maneira possível, se gostam é excelente mas se alguém não gosta tudo bem ninguém é obrigado a isto.  Nossa música tocamos para nós e para nosso público, nunca sentamos e discutimos se as pessoas irão gostar hoje ou daqui a muitos anos, simplesmente não nos importamos com isto.  Existem milhares de pessoas ao redor do mundo que gostam e isso é o mais importante.  
O documentário sobre o Lemmy.  Sabemos que foram gravadas horas e horas sobre toda a banda e no final o alvo principal foi o Lemmy.  Apesar de ser muito bom, ficou a sensação de que o diretor jogou para ganhar, focou no personagem principal sabendo que teria êxito.  Você e o Phil ficaram aborrecidos com o tema?
Sim e não.  No final tive 10 segundos, foi inacreditável!  Estou feliz porque o filme sobre o Lemmy é um bom filme, ou seja, o filme em si é muito bom mesmo e fico feliz por Lemmy.  Fiquei aborrecido por... não necessariamente por mim mas existia muita gente importante para o Motörhead que ele (o diretor) deixou de fora, em minha opinião.  Se você perguntar ao Lemmy não sei se terá a mesma opinião mas se considero nosso grupo de pessoas como uma grande familia, acredito que deveriam participar do documentário porque são importantes para Lemmy e para o Motörhead.  Por outro lado existem pessoas que não representam nada ou pouco mas que lá estão.  Ele deveria ter mostrado os super-fãs que viajam pelo mundo, os fãs clubes, as pessoas que fazem a banda funcionar nos bastidores, etc.  Acho que estas pessoas não tiveram espaço no documentário.  Não me importo se estou ou não no filme porque já sou baterista do Motorhead e isso representa muito mas os fatos existem.  Phil toca na banda há quase 29 anos e porque ele não está nas imagens?  Toco há vinte anos com Lemmy e praticamente nem fomos mencionados.  Foram três anos de gravações, a coisa parecia interminável, demos a ele todo o tempo do mundo.  Eles foram aos shows nos Estados Unidos, Europa, América do Sul, em todos os lugares.  No final nos deram segundos mas meu aborrecimento maior foi que outras pessoas mereciam mais atenção.  Mesmo assim, como mencionei antes, fico feliz por Lemmy e gostei mais da primeira parte, a segunda metade não gostei muito.  
O disco The World is Yours foi gravado em três diferentes lugares.  Funcionou melhor desta maneira?
Um dos motivos  e que muita gente sabe é que o pai do Phil estava muito doente nesta época e teve que ser assim.   Ele passou muito tempo com a família e gravamos à distancia.  Acho que o resultado final foi bastante satisfatório, é um bom disco.  
Algum motivo interessante por trás do titulo do disco?
Não necessariamente.  Estávamos pensando num título e com toda esta crise econômica acontecendo achamos que encaixava perfeitamente.  A crise ainda está por aí, muita merda acontecendo.
Quando se fala em Motörhead e outras grandes bandas, logo o que vem na cabeça é uma vida de “estrelas do rock” com carrões, mansões ou apartamentos de luxo.  Ainda que somos conscientes de que a postura do Motörhead nunca foi essa, no documentário sobre o Lemmy o vemos morando num pequeno apartamento e de aluguel, é isso mesmo?
 (Risos) Tenho alguns grandes carros!  Mas o Lemmy mora mesmo naquele apartamento, ainda que pensem que era uma montagem do documentário.  Na verdade, como foi revelado no filme ele gosta de gastar dinheiro com outras coisas, é um “Cassino Man”.  De alguma maneira faz sentido porque nunca está em casa, daí para que necessita de uma casa quando nunca pode viver nela, estamos sempre viajando.  O ônibus são nossas casas!
Já pensam em material novo?  Se sim, já existem produtores, músicas, local de gravação?
Claro! ano que vem já tem disco novo é como um relógio de ponto.  Ainda não temos produtores nem nada disso, sempre funciona assim, nunca sabemos mas o resultado final é positivo.  Já começamos a escrever alguns riffs e músicas e até Março iniciaremos algo de maneira oficial.  De repente vem um album ruim mas esperamos que não (risos).  
Como é ser considerado por Lemmy e muitos outros um dos melhores bateristas do mundo no estilo?
Definitivamente não toco pensando se serei ou não considerado o melhor.  Gosto de ser bom para mim e se as pessoas gostam do que faço é gratificante.     Toco bateria a vida inteira, mesmo que não tocasse com o Motörhead tocaria em alguma banda que gostasse de mim mas é claro que por outro lado a banda   me deu forma e estilo.  Sou feliz por estar em forma, saudável e continuar fazendo o que gosto, sair em turnê, compor músicas e tocar o que crio.  Sou feliz por isso.
Alguma mensagem para os fãs brasileiros que em breve estarão com vocês?
Vocês são uns bastardos e me matam quando vou até aí.  Me divirto aos montes no Brasil.  Um abraço para nossos amigos brasileiros.  É um país maravilhoso e temos amigos por lá.  Sempre temos lembranças positivas do Brasil, gosto muito de estar lá.  Vejo vocês em breve. 




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