quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Du Baú - Art Brut - Entrevista (2009)




1 -  Sul de Londres, onde a banda foi formada, é um lugar bem tranquilo para se viver, o que não faz muito o perfil da banda em algumas músicas.  Alguma influência local em especial?
A inspiração foi ver todos nosso amigos gravando discos, não foi nenhum movimento em especial.  Na Inglaterra se utiliza muito o termo "D.I.Y. (Do It Yourself)".  Daí que qualquer um podia fazer um disco, nada mais que normal nos dias atuais.  Um gravou, outro também e de repente todos estavam gravando discos.  Talvez uma das influências musicais do sul de Londres possa ser a banda Squeeze (finais dos anos 70 e incio dos 80) mais influencia que eles ao sul de londrino não existe.

2 - Em diversas músicas a combinação das letras com o nome da banda soa perfeito.  Art Brut não poderia ter outro nome sem estas músicas.  Muitas destas foram as primeiras composições.  O que veio primeiro, o nome da banda ou as letras?  Ou após algumas músicas prontas acharam que o nome perfeito seria Art Brut? 
Art Brut veio primeiro.  Estávamos tão de brincadeira que saiu o nome.  Algumas pessoas me diziam que eu não teria capacidade para cantar, então disse "Art Brut é perfeito e é isso que somos".  E depois que surgiu o nome começamos a sonhar com ele.

3 - E verdade que Formed a Band foi feita 10 minutos apos a formaçao do Art?  A quimica foi tao boa assim e a mesma continua funcionando tão bem?
Foi basicamente no segundo ensaio.  Nosso baterista chegou tarde e na pressa começou a aquecer fazendo uma base ao perfil Joy Division e a música surgiu desta jam, foi bem espontâneo.  As vezes olhamos para trás e lembramos deste dia, é estranho como as coisas acontecem.

4 - Primeiro disco foi sucesso tanto na Inglaterra quanto nos EUA.  Este sucesso desde os primeiros singles, surpreendeu o grupo?  Esperavam por isso?
Bem, as bandas que gosto não são realmente famosas.  Jeff Louis ou Animals That Swim por exemplo.  Pensávamos em estar no nível destas bandas quando nos inspiramos em ter a nossa, porém somos mais conhecidos do que eles no momento, isso nos surpreendeu bastante (risos).  

5 - Saida de Chris Chinchilla teve algum motivo especifico, algum problema de relacionamento ou diferença de opiniões?
Não...bem...talvez...(risos), sim, posso dizer que tivemos umas opiniões diferentes.  Foi muito difícil na época, era o início de tudo e todo início é complicado.  Fazíamos turnê e praticamente não entrava nenhum dinheiro.  Para mim e para o resto da banda estava tudo bem mas ele não se sentia confortável naquela situação.  O sofrimento inicial não foi legal para ele.  Hoje em dia está casado e mora na Austrália.  Ainda temos contato, ele não saiu brigado da banda.

6 - Dan Swift fez um excelente trabalho, porque a mudança.  Para soar diferente, trabalhar maturidade musical ou alguma insatisfação com a produção anterior? 
Basicamente queríamos fazer um disco pop mas depois nos lembramos que somos um grupo com raízes punk e queríamos fazer discos punks outra vez.  Por isso escolhemos Frank Black para a produção.

7 - Art Brut mudou de produtor, de estudio e consequentemente de cidade para a gravação  do terceiro álbum.  Melhor, pior ou apenas diferente?  Qual foi o ponto mais alto das gravações?
Acho que tudo foi válido.  Trabalhar com Frank foi bom, até mesmo pela história que ele tem com o Pixies.  Quando dizia que a música era boa era como se fosse um selo de qualidade (risos), a opinião dele vale bastante.  Trabalhar com ele nos fez ser mais espontâneo e nos ajudou a perder o medo de terminar nossas coisas, fizemos sem medo.  Tipo, terminar e ter a certeza de que ficou bom.
Gravamos três músicas ao dia, sem overdubing nem retoques num total de10 dias.  Muitas saíram na primeira sessão, outras na segunda ou terceira.  Foi uma boa experiência.  Acho que se ficássemos em estúdio por 50 dias como algumas bandas fazem, faríamos uns 5 álbuns (risos).



8 - O título do terceiro álbum se refere a algo religioso?
Não, nada religioso.  É mais para expressar que se você odeia Art Brut, odeia o que estamos dizendo e nós odiamos a você também, só isso.

9 - Para o terceiro disco as letras já não são tão diretas quanto antes, poderíamos chamar de maturidade?  E considerando 2 anos de diferença entre os álbuns, qual o ponto mais marcante entre um lançamento e outro?
A chave entre o primeiro e segundo disco foi que estávamos constantemente em turnê e não tínhamos tanto tempo de descanso para trabalhar as músicas ou a maturidade das mesmas.  Do segundo para o terceiro tivemos um pouco de descanso, deu para sentar e compor em conjunto.  

10 -  Não existe um receio de que a banda se torne exatamente o que ironizou no principio (letra de Formed a Band como exemplo) que faz referência a bandas que se vendem?  O que faz Art Brut para que isso não aconteça?
Queremos continuar fazendo o que nos der vontade e se de repente um dia nosso estilo, o shout-punk, seja popular  estaremos voando porém sem fazer concessões.

11 - My Little Brother ou Emily Kane por exemplo, São historias fictícias ou experiências reais?
São completamente reais, tenho fotos em meu celular de Emily Kane que inclusive hoje estará nos assistindo.  É uma de nossas convidadas.    


12 - No Brasil chegaram a ser comparados com o The Fall da nova geração, o que acham das comparações? 
Sim pode ser um pouco mas Max não exatamente canta e igualmente não me considero um cantor mas suas letras são mais abstratas e as nossas fazem mais sentido.  Ian por exemplo gosta bastante de Lamb of God e Sepultura e não de The Fall, não é uma influência direta.  

13 - Art Brut já tocou no Brasil, alguma lembrança em especial sobre esta passagem?  Planos para retornar ao pais?
Tocar no Brasil foi incrível, não imaginávamos que já no segundo álbum chegaríamos lá.  Um dos momentos mais marcantes foi um dia quando saímos do hotel e tinha uma galera que começou a cantar Emily Kane, foi realmente muito bom.  Definitivamente é o lugar para estar.
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Assistência por David Brock





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