segunda-feira, 6 de maio de 2013

Extreme Noise Terror e Looking For An Answer Na Espanha 20/04/2013 - Estraperlo Club Del Ritme - Badalona/Espanha



Pode parecer história de velho, ou melhor, experiente para não pegar mal, mas a primeira vez que escutei uma música do Exteme Noise Terror foi através do Ratos de Porão tocando o cover "Work For Never" num programa de TV. Não sei exatamente se era o Programa Livre ou o Matéria Prima, ambos apresentado por Serginho Groisman antes de ser apontado como vendido. Um programa que além dos Ratos ainda foram bandas como Sepultura, Korzus, Plebe Rude, Ira!, etc. Levando em consideração que era em tv aberta e as 17:00 (horário de Brasília), podemos afirmar que a situação era bem interessante. Nesta época o Gordo só tinha duas camisas, uma dos Dead Kennedys e outra do Kill Your Idols e uma das duas levava vestida junto aos urros do cover em questão.

De lá pra cá, mais de 20 anos se passaram e nunca tive a oportunidade de vê-los. Com a morte de Phil Vane em 2011 as possibilidades pareciam escassas. Até que após a turnê dos britânicos pelo Brasil em 2012 a chama da esperança voltava a acender. É até irônico escrever a palavra esperança diante de uma banda que mais oferece o caos do que a beleza primaveral do mês de Abril.

Mas nossa jornada começava antes, quando ainda no metrô, em direção ao clube Estraperlo em Badalona, a quantidade de punks e crust punkers era bastante acentuada, possivelmente sem pagar passagem, pulando facilmente as roletas do sistema catalão. 

Enquanto fazíamos uma hora do lado de fora, uma cena até inusitada veio a acontecer. O local onde se situa o clube é um polígono industrial, de imensos galpões, empresas transportadoras e também onde se situam as casas noturnas como discotecas e afins, tudo muito longe da vizinhança e das reclamações provocadas pelos decibéis. Eis que do nada, surgem dois furgões dos Mossos d'Esquadra, o que equivale ao batalhão de choque e anti-distúrbios estatal. Que passe um carro de polícia, fazendo uma ronda rotineira tudo bem, mas quando avistei os furgões às escuras dobrando a esquina deu um certo receio. Ainda mais quando ao tentar passar pela rua, completamente bloqueada de gente (punks bêbados), os mesmos foram vaiados e quem mais incitava as vaias era ninguém mais, ninguém menos que o vocalista Dean Jones e seu cabelo de pano, que na verdade é o que parece, um aplique de pano.

Risadas à parte e logo veio a hora da verdade com Looking For an Answer, outra banda que já havia assistido numa abertura para o Napalm Death mas que não havia associado ao nome, algo que só veio acontecer, outra vez, através do R.D.P. quando lançaram o Split com os espanhóis.

Um bom show, alto nível técnico, publico vibrante e músicas como "Campo de Extermínio", "Guerra Total", "Peste Roja" e outras tantas que só pelos títulos já da para saber como vai o tema da situação. 

Para finalizar o bom setlist, covers do Terrorizer da época de World Downfall e do Napalm Death, que o vocalista classificou como uma banda que já não existe, talvez considerando que aquela formação de Scum e From Enslavement to Oblitaration realmente tenha se dissipado e justamente foram destes os covers tocados, "Fear of Napalm" e "Unchallenged Hate" respectivamente. 

Para a formação mais "extrema" da noite foi curioso ver ao vivo o quão bem John Loughlin substitui o bom e elogiado substituto de John Vane nos vocais, Roman Matuszewski que durou apenas um ano no cargo. Realmente a banda está bem representada não só por suas cordas vocais mas também por seu bronco visual e movimentação no palco. Com músicas que já são hinos punk/grind e a "covardia" de abrir o show com "Deceived" e "Work for Never" tendo um público tão insano quanto a triplicada taxa de alcool permitida e até mesmo explodindo bafômetros, com direitos a punks caindo do palco e acertando as vigas de ferro que ficam próximos ao mesmo e os levando à nocaute instantâneo em diversas ocasiões e um setlist de apenas 16 temas, digo apenas por se tratarem de músicas curtas. Levando a acreditar que ou a idade já ataca com força a Dean Jones, ou a quantidade de álcool somada a já comentada data de nascimento já fazem um coquetel que de aditivo, não tem nada ou sei lá mais o que posso dizer para justificar um show de pouco mais de meia hora. Ainda que com "Lame Brain" e "Show Us You Care" a noite tenha sido inesquecível, e que a banda tenha retornado ao palco para um par de ruidos, o show foi nitidamente curto ainda que intenso. Isso sim, não podemos reclamar da dedicação do sexteto, que realmente suou a camisa e Dean Jones até arrancou a prótese dentária (ou algo parecido) da boca e jogou embaixo da caixa de retorno para melhorar sua performance em sua tradicional posição, debruçado sobre o pedestal, fazendo caretas enquanto John urrava suas partes vocais. 
Num geral, para quem não os havia visto, e pelos poucos shows que nos reservamos a frequentar na terra de Gaudi, tudo saiu dentro do previsto.
Enviado por Mauricio Melo

Nenhum comentário: