sexta-feira, 4 de abril de 2014

Du Baú - Samiam Entrevista


No mesmo fim de semana que o SICK OF IT ALL passava pela Espanha para apresentar seu Non Stop, o Samiam também visitava o país e por coincidência as mesmas cidades que os nova iorquinos.  Em Barcelona, o público ficou dividido mas para muitos prevaleceu o fato de que o Samiam nos visita com menas frequência.  Num descontraído bate-papo com toda a banda em que uma bolinha de borracha era jogada de um lado à outro para descontrair, Loobkoff  Beebout responderam todas as perguntas da melhor maneira possível.  Descobrimos alguns detalhes do novo disco e algumas “fofocas” de outras bandas.  O bom relacionamento com o Green Day, os projetos gráficos de Sergie e o projeto junto à membros do Hot Water Music.

                                                       Por Mauricio Melo e Pau Peñalver



A banda gravou o último álbum, Trips, num estúdio chamado Jingletown Studios, que pertence ao Green Day. O Machine Head gravou parte do último álbum lá e foi só elogio. Como foi esta experiência e qual diferença entre gravar neste estúdio com relação aos anteriores?
 
Beebout – Dez milhões de dólares! esta é a principal diferença.
 
Loobkoff – Gravamos em estúdios tão bons quanto este e arrisco a dizer que até melhores que o Jingletown durante os anos noventa
 
Beebout – As vibrações são melhores...
 
Loobkoff - É como poder brincar com brinquedos caros de Guerra nas Estrelas mas neste quesito, (brincando e fazendo caras e bocas), mas você sabe? Não somos nenhum estranho para ter acesso a estes estúdios (dando a entender que sempre gravam no mais caro) (risos).
 
E por estar num local com mais recursos, podemos dizer que traz uma boa atmosfera para a banda ou o clima quem faz é a banda?
 
Beebout - Definitivamente não incomoda estar num lugar assim, tudo que se faz parece bom, até mesmo sem querer. ..
 
Loobkoff – Podemos estar num estúdio como este e sair tudo uma merda, assim como podemos ir a um estúdio mais básico e conseguir maravilhas. Já estivemos em estúdios com custos muito menores e tivemos excelentes resultados. É como ter uma camera cara nas mãos e tirar uma foto horrível e por outro lado conseguir fotos fantásticas com uma camera mais básica.
 
O setlist para os shows atuais estão focados em Trips ou o público pode esperar uma variedade?
 
Beebout – é um apanhado de tudo que já fizemos.
 
Charlie Walker – Estamos tocando metade do disco novo. Algumas músicas do início, algumas não tão antigas assim...
 
Loobkoff -...e sem hits! (risos)
 
Sem hits?
 
Loobkoff – não temos hits!
 
Pra muita gente You Are Freaking Me Out é um album de hits.
 
Lobkoff – Ah sim?! Hits? Uau!!! (risos)
 
A música Full On é um hit, até porque fez parte de uma trilha sonora de um conhecido vídeo de BMX dos anos 90...
 
Beebout – é por isso que temos amigas que gostam desta música, porque seus namorados e maridos andavam de bike, skate, etc, etc.
 
Porque tantas mudanças com bateristas e baixistas?
 
Loobkoff – É difícil manter um baterista quando não se torna famoso e não se ganha tanto dinheiro com a música que tocamos. Por isso temos um cara com um mal estilo de Charlie Walker (risos).
Loobkoff – Aproveitando que Billy não está na sala podemos falar, ele fede...estou obsecado por ele (risos)...

Quando entra um membro novo numa banda como o Samiam, o que se pergunta? Qual é seu álbum favorido da nossa banda ou algo do tipo?
 
Loobkoff – Já aconteceu de entrar membros que eram fãs da banda antes, é bom e ruim. Por exemplo o baixista que tivemos antes de Billy foi um fã da banda que encontramos na internet e que ao final não encaixou bem. Na verdade neste caso foi um problema total. Até a namorada dele influenciava nas coisas da banda, coisa que nem nossas esposas fazem.
 
Com relação a capa de Trips. Um elefante numa moto, uma multidão com uma tarja preta nos olhos...
 
Beebout – Isso é como me sinto quando acordo mal humorado (risos)...
Se sente como, a multidão ou o elefante na moto pequena? (risos).

 
Beebout – Como o elefante, claro. Numa moto pequena pronto para atravessar um anel de fogo.
 
Agora à sério. Algum significado especial sobre a capa?
 
Loobkoff – Tinha preparado algumas capas e pedi opiniões de cada um da banda. Ao final chegamos a conclusão de uma mas que parecia muito séria...
 
Beebout – Então disse que queria mais elefantes!
 
Loobkoff – Ao final não queria me sentir culpado por uma capa tão séria e escolhemos essa, mais divertida. Existia até um outro título escolhido por Billy que não utilizamos, por isso na capa tem um primeiro título razurado.
Esta noite também toca em Barcelona, vocês sabem disso?
 
Loobkoff – Sim e ontem também em Madrid. Já agradecemos desde agora aos que decidiram vir à nosso show e não ao deles, tenho certeza que a dúvida foi cruel.
 
Voltando ao tema das capas. Você trabalha mais como designer ou músico, atualmente?
 
Loobkoff – Dou um apoio a esta rapaziada do Samiam (risos). Também estou trabalhando na capa do Lagwagon e tudo que for incluído no pacote que irão lançar como posters, caixas, etc. Quando estou viajando com a banda meu irmão me ajuda, ele organiza minha agenda como por exemplo já temos um pedido para trabalhar numa caixa do NOFX.
 
Algum grande projeto como designer num futuro e como encontrar tempo para trabalhar em tudo isso?
 
Loobkoff - Tenho muita coisa por fazer, pedidos de revistas, marcas mas nada muito grande. É fácil conciliar as agendas.
 
Com relação a gravadoras. Vocês já estiveram numa grande gravadora e agora com uma independente. Se tivessem a oportunidade de volta numa grande, fariam?
 
Beebout – Grandes gravadora envolvem muito dinheiro.
 
Loobkoff – Pra mim as grandes gravadoras não são legais. Algumas até querem investir para ver o que acontece mas... não sei, não posso responder por todos mas particularmente não tenho nenhum arrependimento por não assinar com uma multi-nacional. O que temos atualmente também é divertido.
 
Beebout – A única coisa que posso reclamar das independentes é sobre a distribuição dos discos. Com relação as grandes é difícil de conseguir de volta seus próprios discos.
 
Loobkoff – Mas esse problema de conseguir os discos de volta não se limita as grandes gravadoras. Também estivemos com a Epitaph e solicitei alguns discos para vender no merchandising durante os shows desta turnê e simplesmente nos dizem que estão esgotados. Por mais que peçamos nossos discos com a intensão de relançar nos dizem que não.
 
Sean Kennerly – As grandes gravadoras também pagam para que se grave um disco e depois não lançam por algum motivo que não os agrada, eles pagam e depois “matam” o disco.
 
Loobkoff – também acontece com as independentes, quando saímos das independentes para migrar a uma maior, as pequenas ficam pedindo dinheiro para liberar o material, etc. Ou seja, o disco é nosso mas os direitos é deles.
 
Beebout – Sim, mas é diferente querer dinheiro do que te paguem para gravar e depois “que se dane!”...
 
Loobkoff – Não estou dizendo que estar numa multi é a melhor coisa do mundo, concordo que é ruim quando se tem um disco “preso” por uma, ou seja, atualmente não podemos utilizar. A única coisa que penso é o fato de que as pessoas podem copiar a discografia completa do Samiam para seus computadores e atualmente até mesmo para um telefone, isso mais ajuda a banda do que machuca. Porque para todos os discos que temos, sete ou oito além de muitos singles e nunca ganhamos nenhum dinheiro com royalties, na verdade um pouco aqui ou ali mas em geral nada, alguns discos acredite ou não, venderam muito pouco e na verdade não me importo com as vendas. O disco novo saiu e muita gente já escutou e no final recebemos a conta dos royalties “8 dólares e trinta e quatro centavos”. Então, independentes ou multi-nacionais no final das contas é a mesma coisa porque cai na internet.
 
A música “Happy for you” soa diferente do que habitualmente costumamos ouvir da banda, conte-nos um pouco desta variação.
 
Beebout – Ele (Sergie) compôs a música e eu a letra...
 
Loobkoff – não acredito que seja assim, tão diferente. Já fizemos algumas músicas assim antes. O fato é que muita gente nos considera uma banda punk-rock, relacionada ao skate ou BMX ou só nos vêem quando tocamos na Warped Tour e não escuta os discos do Samiam por completo. Sempre tentamos nos manter afastados desta imagem de “não consigo emprego! Odeio todo mundo...”
 
Algumas pessoas tentaram encontrar vocês no Twitter ou Facebook e existem outras pessoas utilizando o nome em contas próprias..
 
Loobkoff – Face o que? Não temos! O caso é que acredito que a banda e fãs, não fãs de alguém mas nossos fãs em particular são tão “velhos” quanto nós e pra nossa geração o computador não tem essa importância. Porque muitas das novas bandas são populares porque possuem milhares de amigos no facebook ou twitter, enviam mensagens diariamente e conseguem mais seguidores...
 
Beebout – Nossos fãs nem sabem utilizar computadores (risos)...
 
Loobkoff – Sim, fazemos este tipo de anti-mercenários e não nos importamos com isso. Gostamos das pessoas que vem ao show, tomem uma cerveja e voltam pra suas casas. Não aquelas que chegam em casa e vão direto ao youtube para mostrar o que acabam de assistir.  Até mesmo nossa página web esta parada.  Em breve teremos uma nova. 
 
Beebout – O mesmo acontece com a idade de nossos fãs, foi o que comentávamos.  Num show recente perguntei quantas pessoas que nos assistiam tinha menos que 30 anos de idade e somente uma pessoa levantou a mão. 
 
Loobkoff – Na noite passada, em Madrid, apenas 30% do público tinha menos de 25 anos de idade.
 
Sean Kennerly – Não somos uma banda com um público marcado...
 
Loobkoff – Fui assistir a um show recentemente em que o vocalista da banda pediu para que o público parasse de filmar e os assistisse no palco.  Eram centenas de mãos levantadas e se via mais cameras digitais e telefones filmando do que a banda no palco.  Foi uma tentativa de que as pessoas vivessem o momento e não assistissem no futuro o que aconteceu no passado. 
 
E o projeto com integrantes do Hot Water Music?
 
Loobkoff – Faremos um show na Flórida em breve mas não sabemos se teremos tempo para uma turnê.
E todo este retorno de bandas como Hot Water Music, The Get Up Kids e outras bandas dos anos 90?

 
Charlie Walker – Acho legal, não deveriam ter parado.
 
Beebout – É a crise dos quarenta, midlife crises.
Boas e más memórias de turnês, tanto quanto banda de abertura quanto principal?

 
Beebout – A pior turnê foi quando abrimos para o Creed no final dos anos 90.  definitivamente as pessoas não queria nos assistir e de quebra ainda tinhamos que aturar o Creed a cada noite. 
 
O fato de vocês estarem na estrada há um tempo e tocarem para um público reduzido e novas bandas tocarem em arenas por exemplo.  Recentemente o Rise 
Against fez uma turnê com o Bad Religion como banda de abertura?  Não é estranho tudo isso?
 
Loobkoff – não me incomoda mas às veze não entendo o porque.  Acho que a banda que mais incomodou neste sentido foi quando fizemos uma turnê de três semanas com o Blink 182, que começaram depois de nós.  não quero fazer fofoca de ninguém mas definitivamente foi a pior banda, com as pessoas mais idiotas que jamais tivemos.  Tudo era ruim neles e um ano depois eram a grande sensação, foi impressionante.  Para ser sincero realmente tive que pensar de como eles conseguiram ter reconhecimento de algo.  O mesmo não posso dizer do Green Day, que também foi uma banda pequena, começamos juntos e trabalharam duro para chegar onde estão.  Chegamos a fazer um show com o Green Day em que várias bandas tocaram naquele dia e somente faltavam nós e o Green Day.  Daí tivemos a idéia de tocar duas músicas, eles duas mais e assim fomos revezando até que uns skinheads começaram a brigar e tivemos que parar com tudo.
 
Entre 2000 e 2006 a banda ficou parada, o que realmente aconteceu?
 
Beebout – tive problemas familiares e decidi sair da banda, não queria mais viajar.  Descobri que foi uma decisão errada quando tive que voltar a trabalhar, porque ter um trabalho normal após ter uma banda é muito ruim. 
 
Loobkoff – na verdade ficamos sem gravar mas saíamos em turnês.  Inclusive acho que foi nesta época que fomos ao Brasil pela primeira vez. 
 
A sala Razzmatazz 3 é bem pequena, gostariam de estar num local maior?
 
Loobkoff – tocar em lugares pequenos ou grandes não faz diferença, o que queremos mesmo é que o som seja bom.  Esta sala tem um som muito bom, já tocamos em lugares bem maiores mas com um som muito ruim.  Nunca me passou pela cabeça de chegar em um local pequeno e achar que não deveria estar nesta posição, de verdade. 
 
Beebout – já tocamos para 30 mil e para duas pessoas.  É excitante tocar para um público maior mas igualmente divertido tocar em salas pequenas.  Você tem mais contato com o público.  Tocamos em alguns lugares nesta turnê em que algumas pessoas nunca tinham estado num show nosso antes e ficam satisfeitas com o show.  Num lugar pequeno, definitivamente posso sentir mais o público.  Quando se toca num lugar maior, os que estão para trás não transmitem nem recebem a mesma energia. 
Alguma banda ou disco recente que chamou atenção?
 
Loobkoff – The XX, gosto muito do disco.  Quando escuto tenho sempre a sensação de escutar hits.
Algo para dizer para os brasileiros?

 
Sean Kennerly – a única coisa que consegui aprender foi, “sua bunda ocupa toda la prlaia”.  De verdade, gosto muito do Brasil e queremos tocar por lá outra vez.  Obrigado.


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