quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Du Baú - Mastodon Entrevista - 2009



1 - Acredito já estarem cansados de tantas tentativas para definir o estilo do Mastodon.  Alguns chamam de Stoner Metal, Math Metal, Prog Metal, Groove Metal, etc, etc.  Com tantas influências do jazz presentes na bateria, uma acústica bem sofisticada e boas hamonias como é o caso de The Mortal Soil.  Em suas palavras, como definir o som do Mastodon?
Brann: É um pouco estranho que fiquem remoendo isto ou que tipo de música se parece, acredito que venha mais por parte da imprensa tentar definir um estilo, simplesmente por dar uma definição.  Então o que posso dizer é que não sabemos exatamente como definir.
Bill: É difícil mesmo encontrar uma definição, então fica assim mesmo, Prog/Rock, Sludge Metal (risos). 
Brann: Poderíamos dizer que é Crusty/Prog ou algo do gênero porque quando as pessoas escutam a definição de progressivo logo o que vem na cabeça são sintetizadores e alguma associação com bandas como Dream Theater por exemplo e não é exatamente isto que fazemos.
 
2 - Ao escutar os discos do Mastodon com mais tranquilidade fica nítida as variações que podem ir de Ozzy (especialmente em Crack the Skye) passando por Alice in Chains e Soundgardem, ainda assim sem perder a pegada hardcore e suja, também caracteristica da banda.  Este lado mais melódico da foi uma tendência natural, uma evolução de acordo com a exigencia do álbum ou alguma influência do produtor?
Bränn: Acabou sendo natural.  Não colocamos nenhuma meta ou maneira de compor, apenas nos reunimos para fazer as músicas e aos poucos fomos evoluindo.
Bill:  Acredito também que tivemos mais tempo para trabalhar neste último álbum.  E definitivamente bons conselhos de Brendan O Brian, quem adicionou bastante coisa e nos ajudou. Ele colocou as coisas bem claras em cima da mesa e nos mostrou direções mais melódicas, é realmente um produtor.
 
3 - Por falar em produtor, o Mastodon trabalhou com o mesmo nos 3 primeiros discos, Matt Bayles.  Porquê a mudança para Brendan O Brian?  Foi uma tentativa de fazer algo mais clássico já que ele trabalhou com bandas mais tradicionais como ACDC e The Black Crowes?
Bränn:  Acho que ele (Brendan O Brian) sempre apresentou uma honestidade sonora com grupos com quem trabalhou e nós queríamos experimentar algo novo e diferente para este quarto trabalho.  Já conheciamos bem o trabalho de Matt Bayles e imaginávamos desde a gravação de Blood Mountain que necessitaríamos de experimentar algo novo, mudar um pouco.  Necessitávamos de um produtor com experiência em rock clássico, estávamos pensando desta maneira.  Não queríamos apenas uma pessoa para apertar o botão de gravar quando tudo já estava pronto.
Bill:  Acho que já produzimos bastante nossa música.  Pegamos as composições e tantamos diferentes maneiras de gravar e dar roupagem as mesmas.  Porém para este disco queríamos alguém ao lado para quando houvesse necessitade pudéssemos contar com esta pessoa.  Como disse Brann não queríamos desta vez apertar o botão de gravar.  Na verdade nunca tínhamos trabalhado com um produtor deste nível.  Tipo conversar antes e debater temas de gravação, procuramos alguém que soubesse o que estava fazendo e encontramos.
Bill:  E como não tínhamos trabalhado antes desta maneira não sabíamos o que iria acontecer.  Matt Bayles é mais um engenheiro de som e não um produtor especificamente.  Com Brendan foi totalmente diferente, ele realmente tem boas idéias e é isso que faz o produtor, apresenta boas idéias.  Além de possuir diversos instrumentos dos quais utilizamos e que deram uma sonoridade diferente neste trabalho e um estúdio bem diferente do que trabalhávamos antes.
 
4 - E quanto tempo durou o processo composição, gravação, etc?
Bränn: Nove meses para escrever, um pouco mais de um mês para gravar.  Não foi difícil, estávamos bem preparados para fazê-lo.
Bill:  Difícil não foi mas trabalhoso, sim.  Não aconteceu da noite para o dia mas realmente estávamos preparados para as gravações.
 
5 - Vocês consideram que esta transformação, a evolução de disco a disco até chegar no nível atual vem sendo lenta ou aconteceu no tempo certo, na medida?
Brann: Sim, não foi uma transformação radical.  Desde Remission até Crack the Skye poderíamos considerar que são trabalhos bem opostos.  Podemos dizer que foi uma transformação gradual.  Passamos 10 anos tocando juntos, levando uma amizade, tentando impressionar uns aos outros escrevendo as músicas e tentando trabalhar melhor nas mesmas.
Bill: Também gostamos de diferentes tipos de música e quando nos juntamos levamos nossas influências e experiêcias pessoias e... tá começando a chover (risos).  Como ia dizendo levamos também experiências pessoais para nossa música.
 
6 - The Last Baron tem 13 minutos, o mesmo podemos dizer com The Czar.  Crack the Skye é um disco ambicioso?
Brann:  Bem... podemos dizer que saiu desta maneira.
Bill:  Acho que as músicas saíram desta maneira mais por experimentos musicais, colocar pressão entre nós mesmos e tentar algo novo, ainda mais nas músicas citadas.  Especialmente as do meio do álbum, foi o melhor ponto para explorar estes experimentos.
Brann:  Depende de como usar a palavra ambição.  Não fizemos o disco pensando nisso especificamente.  Gravamos o que tinhamos vontade, foi um trabalho demorado e uma obra de quase um ano.  Talvez por isso estas duas músicas tenham ficado assim.  É um disco conceitual onde uma história é contada por capítulos.  Podemos dizer que sim, é ambicioso, existe um objetivo a alcançar.
 
7 - O método de gravação para discos conceituais é o mesmo que para discos convencionais?
Brann: Sim é o mesmo, não existe nenhum segredo.  Pelo menos conosco funciona da mesma maneira.
 
8 - O metal americano é conhecido por suas tradicionais bandas como Slayer, Metallica, Testament.  O Mastodon pertence a uma nova geração.  Estão preparados para assumir o posto  banda referência agora ou num futuro bem próximo?
Brann:  Não queremos assumir um posto, estamos construindo nosso próprio caminho.  Estas bandas tem suas respectivas histórias e queremos ter a nossa.
 
9 - Com quatro discos lançados e muito bem recebidos por público e critica.  Quantos mais para estar entre os grandes de forma definitiva?
Bill: Está aí uma pergunta um pouco complicada, seria como prever o futuro.
Brann:  Realmente é difícil prever mas acredito estarmos no caminho certo, continuamos trabalhando e lançando álbuns de maneira honesta e sincera.
 
10 - Já no segundo álbum, recebendo prêmios de revistas como Kerrang, Terrorizer e Revolver como melhor disco do ano foi surpreendente para o grupo?  Igualmente podemos perguntar pelo sucesso the Crack the Skye que vendeu 41 mill na primeira semana ou as vendas deste novo álbum já é um resultado de bons trabalhos anteriores e o público já compra sabendo que ira encontrar algo de qualidade?
Brann: Sim, os prêmios nos pegou de surpresa.  Apesar de ser um bom disco não imaginávamos de receber tal reconhecimento tão rápido e ficamos felizes com isto.  É muito bom ter um trabalho reconhecido desta maneira.  Com relação ao Crack the Skye acho que o público já confia no nosso trabalho mas igualmente ficamos surpresos com a recepção.
 
11 - Os discos Leviathan e Blood Mountain, claro, vieram mais polidos que o Remission  e o terceiro especificamente já lançado pela Warner, o que gerou algum receio entre os fãs.  Houve alguma pressão na troca de gravadora?
Brann: Sim e não.  O terceiro disco veio mais trabalhado do que os anteriores e como falamos antes foi uma evolução musical onde é difícil escapar.  Apesar de mudarmos de gravadora não houve nenhuma pressão.  Desde que chegamos na Warner trabalhamos com a mesma liberdade de antes.
 
12 - Brent parece ser o mentor do grupo apesar de já sabermos que Brann é o principal ou um dos principais compositores da banda.  No entanto Brent foge da posição de líder colocando-se em um posto secundário.  Isso incomoda o grupo ou da mais liberdade de expressão para cada um dos membros?
Bill: Não acho que Brent possa passar esta imagem apesar de já ter escutado isto em outras ocasiões, acho que temos liberdade e igualdade dentro do grupo.
Brann: Existe uma democracia muito grande dentro do Mastodon.  Após alguns anos juntos somos mais um grupo de amigos do que um grupo de músicos que se reúne para tocar.  Acho que não existe uma liderança dentro da banda, todos conversamos, colocamos idéias sobre a mesa e resolvemos juntos.
 
13 - Já pensaram em fazer algma continuação para aguns dos albuns conceituais ou cada um fica como obra única?
Brann: Nunca pensamos nisto antes.  Acredito que não haverão continuações, são obras únicas e definitivas.
 
14 - Brasil?
Brann:  Definitivamente.  Estamos em turnê com o Metallica e Lamb of God e a previsão é estar na América do Sul em 2010 e o Brasil está incluido nesta viagem.
Bill:  Já estamos ansiosos.

Por Mauricio Melo



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