terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Can't Keep Us Down - Barcelona Hardcore 14


Noite hardcore em Barcelona.  Não foi, porém, uma noite qualquer e sim a primeira do festival Can't Keep Us Down, organizado uma vez mais pela galera local que, como já foi dito em outras de nossas coberturas, possui uma força invejável dentro deste movimento underground.  Os dias escolhidos para este ano foram 17 e 18 de Janeiro e em dois lugares distintos.  A primeira noite no Casal Jove de Roquetes, espaço menor e somente com bandas nacionais, de diferentes cidades estilos é claro e quando digo diferentes estilos cito skinheads, punks, straight edges e o que mais consigam definir ao que tudo se canaliza como punk.  Os organizadores pensaram em tudo, entradas para os dois dias mais baratas do que entradas individuais, espaço para fumantes, cardápio vegetariano vegano para os adeptos, barraquinha de "merchandise" com camisas e discos, isso mesmo, todas as bandas presentes possuíam seus discos e de diferentes formatos, vinil incluído.  



Dia 1 - 17/01/2014

Já no palco o que não faltou foi vontade mesmo a noite tendo começado morna nas primeiras duas ou três músicas do grupo Deserción ao melhor estilo skin, sabemos como é sempre difícil abrir a noite, mesmo sendo um pequeno festival mas não demorou para o público se animar e berrar ao microfone junto à banda.   Na seqüência tivemos o primeiro grupo straight edge da noite e mais uma de Barcelona, o Whipback e lá se foram mais meia hora do mais puro hardcore, mesmo com um público ainda tímido em algumas músicas fizeram um bom show, nem podemos dizer que suaram a camisa porque isso foi inevitável, a pequena sala começou a "derreter" antes do esperado.  

No meio da primeira jornada se apresentou o grupo The Gundown ao melhor estilo punk rock melódico e com seu terceiro registro fonográfico debaixo do braço, By the Sea.  Não é nenhuma surpresa dizer que tecnicamente o trio se destaca entre as demais bandas da noite, até porque com um som mais limpo e com mais quilômetros rodados a percepção é facilitada.  É claro que, após dois grupos mais rudes, onde o bom público já havia feito sua parte como aquecedor natural da sala, a banda da cidade vizinha, Tarragona, custou um pouco a recuperar os pogos e para isso o vocalista / baixista desistiu do palco e se posicionou com instrumento em punho junto ao público, estratégia certa e não demoramos a ver braços ao alto e bocas abertas para cantar o refrão.  A noite também teve algumas participações especiais, o público já havia provocado o "caos" com uma (participação) no show do Whipback mas sem dúvidas uma das mais marcantes foi a de Joan vocalista do extinto grupo Cinder em uma das músicas, Joan mal parecia o rapaz de aparência tímida que estava ao lado do palco segundo antes da invasão.


Pouco depois o mesmo empunhara sua guitarra para a apresentação de seu atual grupo, Appraise, que em breve lançará seu primeiro álbum.  O show é de se imaginar como foi, dado que estivemos um par de vezes acompanhando a apresentação desta banda.  Setlist curto, intenso e com algumas músicas já registrandas anteriormente como "No Foundations" e "Approach" e outras como "Can't Bring me Down" que ao vivo funciona perfeitamente por seu refrão.  Destaque para o baterista Eric Altimis que tocou com um dos dedos fraturados, o pequeno acidente aconteceu durante uma partida de handball, nada que tirasse a vontade do batera de estar no festival.  

Ainda faltavam duas bandas para fechar a noite.  A primeira delas da cidade de Valencia, Poder Absoluto.  Nada de comparações mas o vocalista muito me lembrou Raybeez em cena.  O público brutalizou já desde a introdução e só parou no final do set com a música "Poder Absoluto", já não podíamos distinguir quem era banda e quem era público, ao melhor estilo CBGBs, e que por outro lado dificultou o trabalho do guitarrista devido a vários pisões nos cabos e pedais levando o mesmo a passar parte do show tentando fazer seu intrumento funcionar.  

Fechamos nossa participação na primeira noite junto ao quarteto Las Otras, um quarteto femenino de Barcelona  que tem como vocalista a brasiliense Ieri, tipo da vocalista que desce do palco e canta cara à cara com o público músicas como "Paredes" "Rutinas", "Esclavas" ou "Rivales".  Pena que o acordo com o espaço cedido nos obrigou a encerrar as atividades às doze badaladas "notúrnicas" porque com certeza, ficaríamos um pouco mais.  



Dia 2 - 18/01/2014

Para a segunda noite o local reservado foi o Ateneu 9 Barris, uma sala maior e melhor estruturada.  E não era para menos já que bandas mais fortes na cena e a única presença internacional estiveram presentes além de ser um Sábado.  Responsáveis por abrir a noite, os jovens do Constrict fizeram bonito em seu setlist que incluiu, entre outras, as quatro músicas do recém lançado EP Carved in Stone e o vocalista Jarque demonstra mais desenvoltura na linha de frente.  Em seguida tivemos o grupo Dictadura, provenientes do País Vasco.  Apesar do vocalista reconhecer em público que praticamente estava sem voz, o quinteto que vem de uma boa turnê com o Vitamin X por várias cidades espanholas, colocou vontade acima de tudo e mesmo encontrando um público tímido ao princípio da apresentação consegiu dar a volta por cima após várias "viagens" do vocalista ao público, empurrando o mesmo numa tentativa de chacoalhar a galera, o que no final acabou funcionando, pegou no tranco, DIY até para incentivar o pogo.  

Com um disco fresquinho no mercado chamado Enfosat e letras exclusivamente em catalão, o quarteto Col.lapse que é formado por alguns membros do extinto Cinder e atual Appraise subiu ao palco com o prestígio de uma das apresentações mais aguardadas do festival, principalmente por apresentar algumas músicas do mencionado álbum como por exemplo "Altre Cop", "No T'Ha Servit de Res" e a música título, um bom hardcore, algo melódico, mais trabalhado e menos intenso que os projetos anteriores, com expressivas letras e demonstrando acima de tudo que o bom punk é "lindo" em todos os idiomas.  


Na seqüência conferimos outro grupo catalão, o Crim e seu punk rock explícito, com um vocal mais gutural e apesar de  um frio início por parte do público, o quarteto de Tarragona deu a volta por cima e em poucos minutos já contava com a massa cantando palavra a palavra e vibrando muito com a apresentação.  

O Vitamin X subiu ao palco como único representante gringo do evento e apesar de que muitos apostavam por um início avassalador com perda de potência por parte do público a partir da metade da apresentação, o fato não se confirmou pois a apresentação foi avassaladora do início ao fim com um setlisf calculável em 25 músicas em meia hora de palco, média de tempo por grupo.   Destaque absoluto para o vocalista Marko Korac e seus incríveis saltos tendo como apoio o bumbo da bateria.  Nada que ofusque a performance do guitarrista Marc, do baixista Alex e do baterista Danny.  A banda aterrizará em Março no Brasil para uma séria de 10 shows, preparem-se.


Mas não fechamos por aqui, para consolidar a noite e o êxito do festival ainda faltava o show do Truth Through Fight, banda de Andaluzia, mais precisamente de Xerez (Jerez).  Show que soou como o canto do cisne, já que o grupo se separa para dedicar-se exclusivamente a outro projeto, Minority of One.  Talvez por este motivo o público tenha sido mais insano do que nunca.  É definitivamente, admirável ver o movimento local de perto, bandas que lançam seus próprios discos, vendem fitas, vinil, cds e camisas.  Um público que agitou mais do que em muitos shows internacionais que passaram pela cidade nos últimos meses, onde os refrões foram extremamente berrados, os stage dives não pararam e que só distinguimos banda de público por aqueles que empunham instrumento.  Todos os shows foram de nível, alguns bons outros muito melhores mas o do Truth Through Fight foi memorável.  Hardcore brutal, hardcore rápido, melodias e distorção, suor para todos os lados...

Hardcore!

























Um comentário:

Anônimo disse...

Muito Obrigado Mauricio!!
Gabi