terça-feira, 9 de abril de 2013

Rocket From The Crypt em Barcelona 06/04/2013 - Sala Razzmatazz 2 - Barcelona/Espanha



Deus! Não poderíamos pedir mais, escrevo no plural mas acabo revelando que, quem os escreve, verdadeiramente não podería pedir mais e por muitos motivos.

A tristeza batia forte quando em diversas ocasiões e entrevistas, John Reis, vulgo Speedo e líder da banda Rocket From The Crypt, declarava repetidas vezes que a banda não voltaria aos palcos e quem conhece e acompanha sabe que em 2005 a mesma oficializou seu fim numa noite de Halloween, com direito a integrantes entrando em cena fantasiados e até mesmo um corpo coberto por um lençol, simulando um cadaver. Tudo isso foi cuidadosamente registrado e lançado em CD e DVD com o título R.I.P.. Nem mesmo a aparição em 2011 num programa, de televisão infantil, teria sido o suficiente para dobrar Mr. Speedo. 

Eis que para a surpresa geral ou não, considerando que voltas impossíveis foram registradas nos últimos dois anos como o caso de At The Drive In e Refused, a rapaziada de San Diego anunciou no final de 2012 o retorno aos palcos e a gravação de um novo disco. O que será que aconteceu? Situação financeira ou a chance de finalmente se tornar o que a banda sempre mereceu, que nada mais é do que ser um dos grandes nomes do rock não comercial a ser reconhecida como tal?

Bem, na verdade pouco me importa tudo isso, o que sim importa foi a sorte e o privilégio de estar diante dos Rocket's em uma das (apenas) seis apresentações na Europa neste ano de 2013 e mais, na Espanha apenas duas sendo uma delas num festival daqui à um par de meses, o que aumenta o valor deste show realizado no dia 6 de Abril de 2013 na Sala Razzmatazz 2.

O público começou a demonstrar toda sua devoção quando Speedo entrou, ainda com roupas comuns, para os últimos ajustes de seu instrumento, com aplausos e gritos, quase uma histeria local.

Logo ao adentrar o mesmo de maneira oficial, já vestido ao melhor estilo mariachi junto a Ruby Mars (bateria) que na verdade se chama Mario Rubalcaba e que aqui esteve com o OFF! no ano passado, JC 2000 e Apollo 9 nos metais além de ND e Petey X na guitarra e baixo respectivamente e o que mais chamava atenção era a ausência de seu tradicional e marcante topete, que particularmente lembro bem da única vez que os vi junto ao The (International) Noise Conspiracy, há pouco mais de uma década e a quantidade de suor junto a meio palmo de língua para fora já na terceira música. 




Estaria Speedo sofrendo da síndrome de Sansão apesar de sua voz continuar forte como no passado? A conclusão é que nosso frontman demorou a entrar no ritmo físico e não musical, já que a maratona para a execução das 23 músicas foram impecáveis. Considerando que começaram de maneira tranquila com "Pushed" de Hot Charity, porém o que derrotou a forma física de inicio de concerto foram "Middle" e na sequência "Born in '69", haja fôlego. E nada de parar por aí, "On a Rope" e "Young Livers" também fizeram parte deste avassalador início. Por um momento pensamos que o disco "Scream, Dracula, Scream" seria tocado na íntegra. 

Para quebrar um pouco a hegemonia deste nada mais que "Straight American Slave" e "Carne Voodoo" e a partir daí John "Speedo" Reis já era dominante no palco e muito bem assistido por Petey X. O público em geral deu um show à parte como já havia comentado anteriormente, correspondeu, aplaudiu, acompanhou os pedidos da banda e até deu presentes para a mesma que, em diversas vezes fez questão de deixar público seu agradecimento por não esquecê-los nestes oito anos de ausência. Mas…como assim, esquecê-los? Basta escutar os primeiros acordes de "Boychucker" para entender o porque de tanta boa memória.

O mesmo podemos dizer de "Made for You" e a introdução em palmas iniciada pelo grupo, seguida pelo público muitos segundos antes, de "My Arrow's Aim" dar as caras com seus primeiros acordes, um show à parte. Outra que chamou a atenção por esta tabelinha banda/público foi "Dick On a Dog" onde foi reproduzida ao vivo a conversação de estúdio na intro desta música.

Ao final de tudo, com a banda suando bicas em pleno inicio de primavera, vendo como a galera dos metais se diverte durante a apresentação imitando robôs dançantes, rindo, tendo a Speedo eternamente agradecido com cara de realizado e deixando a todos com a mesma aparência, empunhando sua guitarra e seu típico movimento de corpo, não pude reclamar das ausências de "Clouds Over Branson", "Cheetah" e "Turkish Revenge".

Finalizaram como "Come See Come Saw" e o tradicional pedido de nosso vocalista para que as pessoas publico façam massagens no ombro do cidadão que esta à frente, uma maneira de relaxar e ser relaxado por alguém, de maneira amigável após uma noite em que a palavra de ordem, segundo John Reis, era diversão e que ali estávamos para a celebração da "igreja" Rocket From The Crypt.
Enviado por Mauricio Melo