quarta-feira, 27 de março de 2013

Sessão Imperdível - Rocket From the Crypt em Barcelona



Para quem estiver na área.  Teremos na próxima semana o privilégio de assistir um dos shows mais esperados do ano.  O Rocket From the Crypt passa por Barcelona para um de suas limitadas apresentações de sua recente reunião.
Acontecerá na Sala Razzmatazz no dia 6 de Abril.
Mais informações www.lacastanya.blogspot.com.es

sábado, 23 de março de 2013

Du Baú - Sick Of It All - Entrevista (2010)



Baseado em fatos reais.

Muitas vezes nos perguntamos o que motiva a um grupo como Sick Of It All gravar um disco novo, com uma fórmula que eles mesmos estão cansados (ou não) de experimentar? Para isso, sentamos diretamente com o carismático vocalista Lou Koller e de quebra ainda tivemos participações mais do que especiais do baterista Armand e Freddy Crycien do Madball em mais uma recente passagem da banda pela Europa e fomos diretamente ao assunto. Ainda que muitos resmunguem que a banda não volte a conseguir um disco tão impactante como Scratch the Surface, basta escutar "Death or Jail" música que abre o disco novo e as apresentações atuais para não desejar que a banda não repita discos anteriores, o que foi feito, foi feito e ponto final. Como mesmo reconhece Lou, o S.O.I.A. é uma banda em constante movimento e necessita seguir adiante, ainda que reconheça que já chegaram bastante longe, uma distância inimaginável quando tudo começou há mais de duas décadas. Enquanto muitos buscam um grupo inovador, a grande sensação do momento, esquecemos que há muito os irmãos Koller, Craig e Armand (baixo e bateria respectivamente) vem nos oferecendo um hardcore de alto nível tanto em estúdio quando ao vivo. E o Brasil já está na rota da banda para 2011 na tour de lançamento de Based On A True Story, Get ready!!!
Por Mauricio Melo

Vocês acabam de lançar Based on A  True Story e claro já estão em tour, como vem sendo a recepção dos fãs com as novas músicas?
Sim, tivemos dois shows antes de vir para cá e um deles foi em Nova Iorque, este foi louco.  Estávamos em casa, com disco novo, a galera cantando tão alto quanto a banda, Nova Iorque sempre será forte conosco.  

O título Based on A  True Story é algo pessoal?
Tem bastante coisa neste disco escrita sobre experiencias pessoais, de quando crescemos no bairro.  "Death or Jail", "A Month of Sundays", "Watch it Burn", coisa que fizemos no passado, algumas muito positivas e divertidas como as matinês do CBGB's, quando éramos bastante jovens e daí tiramos a idéia do título do disco.   

Poderíamos então seguir com a pergunta com relação ao vídeo de "Death or Jail", de quem foi a idéia?
A idéia partiu do diretor, Ian McFarland que foi baixista do Blood for Blood, foi o que ele visualizou quando escutou a música pela primeira vez.  Porque acho que isso já aconteceu com todo mundo ou com muita gente que conhecemos, principalmente conosco, quem já não teve um traseiro chutado pela polícia?  Com certeza muitos que viram se identificaram com aquelas cenas, não?  Esta música também conta um pouco a história de um amigo de escola, crescemos juntos mas um dia cada um seguiu seu caminho, ele escolheu o dele e eu o meu.  Já não tenho contato com ele mas conheço sua história, que não é tão legal.  

Recebemos informações de que a banda teve um bom tempo disponível para gravar este disco...
Sim, normalmente nunca escrevemos as músicas ou compomos algo enquanto estamos em turnê.  Até rola uma ou duas músicas mas num formato bem bruto.  Normalmente tomamos nosso tempo livre, sentamos e colocamos nossas idéias em prática.  Temos que sentir o momento certo de fazê-lo.  Entre este e o último foram quatro anos sem gravar e normalmente ficamos dois anos ou dois anos e meio sem gravar.  Porém com o lançamento do tributo Our Impact Will be Felt, a celebração do vigésimo aniversário, tocamos em muitos lugares e festivais e não sabíamos quando ia terminar e quando acabou já celebrávamos o vigésimo quarto terceiro ano (risos).  Então, quando chegamos ao vigésimo terceiro  já começamos a achar que era o suficiente e que já tinhamos idéias o suficiente para um novo material, e foi o que fizemos.  

Acredito que muitos perguntem a mesma coisa, algum segredo para manter a forma fisica, mental e musical em alta após tantos anos?
Nenhum segredo meu amigo, simplesmente tentamos nos superar a cada momento.  Não importa como ou quanto estamos estabilizados e que as pessoas nos elogiem e considerem, old school, legendários ou algo do tipo.  Somos uma banda em constante funcionamento e movimento, não somos o tipo de banda que acabam por dez anos e depois se dão conta que podem reunir-se para fazer dinheiro ou coisa do tipo, não funciona assim conosco, tem que funcionar como música.  Adoramos as músicas antigas, ainda tocamos estas músicas mas não saimos em turnê tocando ou vivendo do passado e esperando que as pessoas venham nos assistir, não é assim.  Queremos que as pessoas continuem gostando da gente como uma banda que ainda funciona e apresenta material novo e este é um dos motivos que seguimos e para que isso aconteça temos que ter certeza que o material é de qualidade.  Quando compomos, sentamos e pensamos "se eu estivesse na galera o que gostaria de escutar, de receber desta banda?" e é assim que escrevemos as nossas, pensando em nosso público.  Nunca pensamos numa pessoa que está em casa chapada no sofá querendo escutar algo, não funciona assim, nossas composições são escritas com o propósito de funcionar ao vivo e consequentemente funciona para escutar em casa também, ainda que você tenha vontade de quebrar alguma coisa (risos).   

O disco novo não é tão político quanto os anteriores, como falamos é bem pessoal.  Podemos dizer que os políticos norte americanos melhoraram?
Realmente, Death to Tyrants era mais político do que este mas os políticos não melhoraram.  Temos algumas músicas políticas no disco como "Good Cop" por exemplo que é sobre isso.  Obama está no poder, é uma nova cara e tentando fazer o melhor mas ele acaba sendo parte do mesmo regime, e é verdade.  Se você olhar seu crescimento e história pode ver que ele cresceu fazendo a mesma coisa que os políticos anteriores e na mesma multidão, ou seja, boas intenções mas produto do meio.  O que podemos fazer?  Os políticos são assim, fazem parte de uma hierarquia, como acontecia com os reinos antigos, tem que nascer em determinadas famílias ou convívios para se tornarem políticos 


Based on A True Story foi gravado em outro país, como foi a experiência?
Dinamarca foi demais.  Porque nosso produtor, Tue Madsen, disse quando gravou Death to Tyrants, "se querem algo do mesmo nível ou melhor podem vir até meu local", porque lá ele tem um estúdio com tudo que necessita e é mais familiarizado com o mesmo e definitivamente provou suas teorias, o disco saiu como queríamos, incrível, nos fez soar mais forte, chegou a ser fácil trabalhar por lá.  Era inverno, chovia bastante e estava sempre escuro, então não tinhamos muito com que nos distrair, estávamos sempre concentrados no álbum.   

Quando estivemos com Agnostic Front tocamos neste assunto e gostaríamos de ter outra opinião.  Com tanta tecnologia à disposição, como você vê a nova geração?
Acho que poderia ser maior mas está bem atualmente.  Isto é o hardcore, especialmente nos Estados Unidos, é muito geracional.  Você pode ter uma banda idêntica ao Agnostic Front mas se os integrantes são jovens com 18 ou 20 anos, preferem assemelhar-se a uma banda da nova geração.  Existem boas bandas por lá como o Bane por exemplo.  Bane foi uma das maiores sensações dos últimos anos para a nova geração hardcore, daí sai uma banda tão boa quanto que é o Comeback Kid mas que é similar e todos os garotos gostam do Comeback Kid e já não querem o Bane porque já os consideram antigos.   O Sick of it All passa pela mesma sindrome, estas bandas não são melhores nem piores ou nem memo diferente de nós, na verdade estas bandas nos exaltam e nos tem como influência, mas elas tocam para maiores públicos e vendem mais discos que nós para um público muito mais jovem porque para eles, nós somos antigos ou velhos (como banda e não por idade), e isto é ridiculo.  Você acha que a internet ajuda mas as vezes atrapalha.  

Sente saudade de alguma coisa da antiga cena hardcore?
Era menor do que agora, mais fechado, não tinha tanta influência e mentalidade rock and roll como atualmente.  Existiam algumas pessoas que utilizavam drogas ou bebiam mas não tinha este perfil rock star atual, é dificil explicar.  Algumas bandas mais jovens, não muito mais jovens que nós, estão tão envolvidos no aspecto rockstar, cocaína, festas, noitadas, etc.  Ok, pode ser legal para alguns mas para mim nunca fez parte do hardcore.  Como disse, algumas pessoas tinham este perfil e outros não, mas atualmente tem mais atitude rock n' roll que hardcore, parecem ter esquecido suas raízes, já não é igual, difícil de explicar se você não esteve numa banda há vinte anos atrás e agora.  

Como uma banda como vocês, Agnostic, Madball... recebem notícias como Bane, CBK ou Hatebreed por exemplo é a maior banda hardcore do mundo no momento?
É como eu disse antes, são grandes agora mas daqui ha um tempo alguém vem e ocupa o posto.  Jasta é um cara inteligente e nunca esquece suas influências, sempre fala da gente, do Agnostic Front e outras bandas que o influenciaram.  Sempre quer juntar para fazer turnê e dizer a seu público o quanto nos admira, isso é legal mas não dura para sempre.  Até nós mesmo estamos surpresos por nos manter tanto tempo em alta, é um trabalho duro porque normalmente é muito popular por alguns anos e depois vai descendo mas pra gente vem dando certo, as vezes caímos um pouco mas trabalhamos duro e damos a volta por cima, isso é bom.  Temos uma boa constancia ao redor do mundo e tentaremos nos manter.  

Podemos dizer que o Sick of it All é uma lenda do hardcore?
É o que as pessoas dizem e as vezes acreditamos um pouco nisto (risos).  Não consigo acreditar que somos ou criamos algo, simplesmente o fizemos.  

Festivais ou casas pequenas, qual o melhor público?
Os dois são bons.  Os pequenos são intensos e divertidos, mais íntimos.  Os maiores você tem a oportunidade de expor sua música pra mais gente e é assim que as bandas sobrevivem.  Se cada banda hardcore apoiasse suas cenas todos sobreviveriam mas isso não acontece.  Como eu disse antes é bem geracional, eles escolhem uma para dar muito por cinco anos e depois te esquecem.  Muitos straight edges foram do movimento até irem para a universidade.  Quando chegaram lá descobriram que poderiam beber, fumar e ir a festas tecno, dai abandonam tudo, é assim que funciona.  
Armand - Por outro lado, é interessante participar de festivais na Europa, são dias dedicados a música extrema e não somente a um estilo de música, seja ele qual for.  Você pode curtir Madball e Sick of it All no mesmo ambiente que Carcass, Motorhead, Slayer e outras bandas do tipo.  Isso é um tipo de desejo que gostaria que os americanos tivessem, porque lá são tão "categóricos" e gostam muito de dividir os estilos.   Pra gente não há diferença já que todos estamos unidos e de mentes abertas.  Somos capazes que respeitar e aceitar cenas e movimentos diferentes, seja hardcore, hip hop ou metal.   

O que podemos diferenciar dos irmãos Koller de vinte anos atrás e agora?
Vinte anos mais velho e nada mais (risos).  Na boa, acho que estou em melhor forma do que há vinte anos.  

O que vocês lembram da primeira turnê na Europa por exemplo?
Freddy - Empurrando o onibus com certeza (risos).  Eu não estava com o Madball mas acompanhava o Agnostic Front que excursionava com o Sick of it All e logo no primeiro dia o ônibus enguiçou.  Estávamos neste ônibus lotado de gente, tinha que empurrar para pegar, foi louco e teve muita história engraçada nesta viagem.  
Armand - Bem, em geral era mais desconfortável do que agora.  Não dormíamos nem nos alimentávamos direito e quando retornava a casa tinha perdido kilos e kilos.  Demorava um tempo até me recuperar.  
Lou - Não tínhamos a oportunidade de dormir num hotel ou o ônibus era muito pequeno e tinha que dormir enquanto íamos de cidade a cidade, o que ainda acontece mas agora os ônibus são mais confortáveis.  

Musicalmente também?  Já li entrevistas na qual vocês confessaram gostar das músicas antigas porém suas atuações eram desastrosas.  Nunca pensaram em fazer alguma gravação ao vivo num estúdio repassando o material antigo sem perder muito tempo com produção, só para dar uma reciclada?
Já pensamos em algo assim, talvez para o vigésimo quinto aniversário que se aproxima.  Porém nunca sentamos e conversamos sobre isto, são tantas músicas para escolher que não sabemos.  Pensamos em fazer duas ou três de cada disco mas é difícil mesmo.  

Após tantas comemorações, podemos esperar um DVD?
Também gostaríamos de lançar, temos tanta coisa gravada em todos estes anos que na verdade não sabemos o que fazer.  Supostamente lançaríamos em 2007 mas a Century Media achou que não era o momento, o tempo passou e o material ficou antigo.  Agora querem gravar coisas novas, então não sabemos de nada.  Temos gravações de todos os lugares do mundo, horas e horas mas...

Brasil?
Definitivamente  em 2011.  Queríamos muito ir com o Terror este ano mas eu e minha esposa tivemos nosso primeiro filho, decidimos fazer uma curta turnê na Inglaterra e voltar para ficar mais tempo com meu filho.  Queríamos muito ir agora mas com certeza em breve, não podemos ficar de fora.