segunda-feira, 9 de março de 2015

Rebellion Tour 6 - Barcelona 2015

REBELLION TOUR 6
Bandas: Madball, Strife, Rise of the Northstar, Backtrack, 8 Oz. e Appraise
Data e Local: 01 de Março 2015. – Sala Razzmatazz – Barcelona
Organiza: HFMN.

Texto e Fotos: Mauricio Melo


Madball

Cidadãos e cidadãs do meu Brasil, meras turnês de bandas hardcore já não fazem efeito, parece ter ficado para trás.  A nova fórmula está em reunir alguns grupos, que albergue uma variação dentro do estilo e que agrade a todos, colocar um título forte como Rebellion Tour, e lançar o ônibus na estrada com a cabeçada dentro.  Daí eles passam por várias cidades e desembarcam em Barcelona para finalizar a visita peninsular. 

Assim foi a noite de 1º de Março, um domingo de temperatura mais amena, na sala Razzmatazz.  Ao chegar no local com um par de horas adiantado para cumprir os protocolos que nos leva a participar do evento, os ônibus estacionados na porta e o público que já se reúne no bar em frente, já podemos imaginar que teremos casa cheia.
 
Appraise

E casa cheia foi o que não encontrou nossa banda local Appraise, que já figurou em nossas publicações anteriores.  Não que estivesse totalmente vazio mas o  depois o set, apesar de curto, foi bem intenso e com a qualidade de sempre.  Apesar do palco ser bem maior do que habitualmente se apresentam, os rapazes não sentiram o peso, se bem que alguns dos integrantes são bem experientes e com muitos quilômetros percorridos.  Entre os destaques estavam “Deeper Than That” e “No Foundation”, quem chegou cedo não se arrependeu.
 
8 Oz.
Pouco depois foi a vez do 8 Oz., que não é nenhuma banda recém formada e tem lá seu público.  Um som forte e de vocal mais gutural.  A primeira banda gringa a se apresentar foram os nova iorquinos do Backtrack que nos devolveu o hardcore mais clássico por pelo menos meia hora, apresentando Lost In Life e temas como “Their Rules” e “Under Your Spell”, show intenso e com o vocalista dividindo o microfone com o público em diversas ocasiões. 
Backtrack
Existem coisas no mundo da música pesada, neste caso o hardcore, que chega a ser difícil de explicar, não sei até que ponto o público consegue filtrar o que chega aos ouvidos ou se é totalmente influenciado ao que os olhos vêem  com uma guitarra pesada ao fundo e um vocal berrado.  Não tenho o hábito de dedicar linhas para apontar os pontos negativos em shows mas nesse caso não acredito que seja negativo mas simplesmente porque o Rise Of The Northstar não preencheu o espírito.  Um quinteto uniformizado no palco, leia-se calças, jaquetas e tênis iguais e saltitando de forma sincronizada com seus instrumentos, numa noite em que os mandantes de campo são Strife e Madball, cheguei a conclusão que estavam mal escalados no time.  Bem tocado e com um som que lembra algumas bandas dos anos 90 como o Downset, guitarras pesadas e letras dedicadas a cultura japonesa, muito cacau para uma noite só. 
Rise Of The Northstar
Quando o Strife entrou no palco, ficou nítida a sensação de quem passará a vida nas sombras e sendo complemento de palco e quem manda no cenário.  Tudo bem que, a considerar pelos cabelos grisalhos de alguns integrantes, concluímos que a estrada forja quem é casca grossa por natureza.  O show mal havia começado e o baixista já voava, sem sincronizar com ninguém, com seu instrumento.  Rick Rodney com microfone em punho e uma postura de quem participaria e uma corrida, esperando o exato momento de entrar com “Through and Through” música que abre o primeiro disco da banda, One Truth e que ironicamente é quase um rap e com apenas uma diferença, originalmente composto nos anos 90.  Do mesmo disco tocaram “Face” e  seguiram com “Waiting” de In This Defiance.  Não demorou para “Torn Apart”  surgir como representante do último lançamento, Witness a Rebirth, além de “Carry The Torch”.  A esta altura Rodney já estava literalmente engolindo o microfone debruçado na grade que separava o público do palco.  Apesar de um set curto, os californianos foram intensos até o último acorde. 

Strife

Para receber os “donos” da noite havia até uma pequena produção de palco, bandeiras com o símbolo do Madball que cobriam os amplificadores mas que ao mesmo tempo cobria parte da bonita bandeira de fundo, habitualmente localizada atrás do batera.  Confesso que sou suspeito para falar do Madball e já presenciei bons concertos de Freddy, Hoya e sua turma.  A curiosidade desta vez foi saber qual setlist seria tocado pois uma boa combinação faz com que o show passe de ser bom a memorável.  Como o quarteto era o nome principal do cartaz o setlist chegou próximo ao memorável.  Pela inconfundível introdução, antes mesmo dos integrantes entrarem no palco sabíamos que “Set It Off” seria a responsável pela abertura.  Quando os primeiros do guitarrista Mitts entraram em cena, arrastou junto Freddy Cricien e sua intensa performance de palco.  O vocalista preenche todos os espaços, vai de um lado a outro, comparte microfone com o público.  A música título do último lançamento veio na sequência, “Hardcore Lives”, melhor representante de um estilo que só o Madball possui e que demorou anos e estrada para aperfeiçoar.   O baixo inconfundível na introdução de “Smell The Bacon” nos trouxe de volta ao primeiro disco da banda e “The Beast” mais uma vez deu as cartas na palavra groove dentro de quem realmente representa no estilo.  O setlist foi bem variado, abraçou a todas vertentes que o Madball possui dentro do cenário, os “hits” mais recentes como “Doc Marten Stomp” e “Born Strong” foram muito bem recebidos.  Músicas como “Mi Palabra”, “Nuestra Família” e 100% foram as mais ovacionadas por serem cantadas em espanhol e até mesmo as mais old school como “Get Out” e “It’s My Life” com direito a Cricien no baixo e Hoya nos vocais marcaram presença.  Como disse anteriormente, em show do Madball a noite passa facilmente de boa a memorável.
Até. 

Madball

Madball

Madball

Madball
Strife
Strife
Rise Of The Northstar
Backtrack
8 Oz.
Appraise









Can't Keep Us Down Barcelona 2015

CAN’T KEEP US DOWN – BARCELONA 2015


Texto e fotos: Mauricio Melo

Dia 1 - 30/01/2015

Visitamos pelo segundo ano consecutivo o festival hardcore (bastante independente) CAN’T KEEP US DOWN, realizado em Barcelona e muito bem organizado pela galera local.  Sem grande pretensões e muito menos patrocinadores, o evento conta com a “colaboração” do Ateneu Popular Nou Barris, para entender melhor, uma espécie de Centro Cívico / Centro Cultural.  Uns colaboram com os cartazes, outros com fotos e vídeos de edições passadas, o tema vai sendo passado no verdadeiro boca à boca através das redes sociais, mensagens, etc.  Com direito a desconto para quem compra entradas antecipadas para as duas noites, uma oportunidade única de ver reunido em um só fim de semana alguns dos melhores grupos hardcore (de vários estilos) da Espanha além de algum visitante gringo.  

Antes mesmo das portas abrirem a concentração do lado de fora já prometia.  Logo ao entrar, as opções de comida vegana para alimentar a galera eram muitas, afinal uma larga noite se aproximava e estar alimentado era algo imprescindível, ainda que nem todos os alimentados fossem veganos.  Tradicionais barraquinhas de merchandising disponíveis, os tradicionais vinis tanto em LPs quanto as pequenas bolachas 7”, havia para todos os gostos.

Fang
E para todos os gostos também haviam shows, um cartaz bastante interessante que começou com uma banda local, o Fang.   Abrir uma noite é sempre difícil, ainda mais tendo essa uma grande variedade de bandas por diante.  Ainda que o público presente fosse numeroso o local ainda estava frio, tanto de ânimos quanto literal.  Um hardcore sujo, rápido e de composições pouco sofisticada.  Boas letras, isso sim mas apesar do bom show, como foi dito antes, tarefa difícil.  Com um público um pouco mais receptivo, por sua presença constante nos últimos meses em diversos shows, que inclusive cobrimos, o Golem mostrou sua intensidade de sempre.  Berrado, pesado, porrado e colocando a galera para agitar de um lado a outro diante do baixo palco ao som de suas músicas que quase não superam um minuto de duração como por exemplo “Excuses” que não chega aos 30 segundos.  O grupo já prepara seu primeiro 7” e sua demo recebeu a etiqueta de sold out.  
 
Golem
Marcando presença por mais uma edição o punk rock do The Gundown deu o primeiro toque de grupo mais técnico da noite e a experiência falou mais alto.  Com uma postura de palco digna de quem leva tempo no movimento, com um guitarrista de alta qualidade e um baterista que, além da habitual vibração que possuem os instrumentistas do estilo, ajuda e muito nos vocais.  Abriram o set com versões plugadas do recente EP acústico intitulado Thunders, “Broken Earphones”, seguindo com “Troublemakers of the United World” do mesmo EP e fechando o trio de abertura com “Need Our Pride Back”.  Um bom show que fechou com “New Age”, cover do Blitz.  Não! nada de batatas fritas, esses eram outros.  

The Gundown
O Mindtrap foi o único representante estrangeiro da noite, um grupo com origens alemã e russa ao melhor estilo hardcore anos 80.  Seco, sem firulas e com mensagens diretas no queixo.  Um setlist curto totalmente apoiado no recém lançado Life Among Liars and Thieves.  Vocalista diretamente no chão, puxando o público de um lado a outro e mesmo quem não conhecia a fundo sua músicas foi contagiado pelos riffs.  “Two Faces” e Only Warning” foram algumas que por lá passaram.  
 
Mindtrap
A noite já havia passado da metade quando o Col.lapse pisou no palco.  Assim como o The Gundown a experiencia atropelou e deixou nítido que Barcelona já é pequena para o grupo.  Com ex-integrantes do lendário grupo Cinder, o Col.lapse abriu o set com “No Importa” que habitualmente fechava suas apresentações e que levou o público ao delírio, este cantava todas as letras junto ao vocalista Joan que saltou, gritou e compartilhou o microfone com a linha de frente.  Músicas bem compostas e executadas ao vivo, o grupo é quase um dream team que conta também com o baixista e vocalista do The Gundown e o experiente Eric Altimis nas baquetas, além o imparável Jaume Orriol nas seis cordas de uma boa Gibson.  Um set recheado de músicas do disco Enfosat mas também com alguma composição nova.  O grupo está bem, chama atenção tocando ao vivo e o público agradece.  

Col.lapse
Algo bem parecido podemos dizer do Constrict, outro grupo que figura muito em nossas publicações “made in Barcelona”.  O público está no bolso, o disco que já era para estar publicado mas que conta com um bom atraso já está composto e o quinteto, que ano passado abriu o festival, mostrou que a estrada já foi asfaltada.  Show intenso, com muita vontade e stage dives, vocal berrado e guitarras pesadíssimas ao melhor perfil Integrity.  Para fechar a noite tivemos o lendário 24 Ideas, um antigo grupo que voltou à ativa há pouco tempo e que, como muitos dizem, não vive de passado compondo novos temas e já planejando disco para 2015.  O show?  bruto ao na melhor das hipóteses.  O baixista Jaume Orriols que também é guitarrista no Col.lapse que havia se apresentado há pouco, deu um verdadeiro show.  O vocalista rolando pelo palco, chão e sendo carregado nos braços.  Aquele velho estilo hardcore/street nunca esteve tão presente e bem representado no festival, pelo menos nessa primeira noite.  
 
Constrict
24 Ideas


Dia 2 - 31/01/2015

Blanes
Os responsáveis por abrir a segunda noite foi o grupo local Blanes, que conta com membros do Constrict, Golem e Appraise, ou seja, uma mistura de bandas locais que resulta num bom punk rock melódico.  O vocalista Matt, que se não me engano é americano residente em Barcelona, defendeu muito bem o set apresentado, baseado na primeira demo do grupo, At a Loss que conta com temas como Kings and "Quens of the Masquerade Ball" e "Outbound".  Outro grupo que representou bem sua recém publicada demo foi o quarteto punk feminista Siega.  Apesar de curto, o set foi intenso com a vocalista Amy berrando ao microfone diretamente da pista, junto ao público.  O mesmo podemos dizer do NO, a pista foi definitivamente a extensão do palco.   Mais um set curto mas igualmente intenso.  
 
Siega
NO
O público ainda curtia uma preguiça e reservava forças para o que estava por vir e não demorou a se animar.  Na sequência tivemos o Appraise, que assim como ano passado fez uma excelente apresentação porém com alguns diferenciais que merecem destaque.  Gabi, o vocalista do grupo e organizador principal do evento, está muitos quilos à menos e esta boa forma refletiu numa apresentação de luxo.  O vocalista do Blanes, Matt, que também é baixista do Constrict compõe o quinteto (ano passado era um quarteto) deixando o outro guitarrista, Joan, mais solto durante seus riffs.  Também podemos somar na apresentação deste ano o fato do grupo já haver lançado seu primeiro LP, Deeper Than That.  Vale lembrar que em Março o quinteto em questão vai participar da renomada Rebellion Tour que contará com grupos como Madball, Strife, Backtrack e Rise Of The Northstar e que nesta apresentação o baixista Miguel, que compôs a primeira formação do grupo, fez participação em boa parte do show.  No Can’t Keep Us Down, Gabi comandou a apresentação, chamou o público que já conhece muito bem as letras e refrões de músicas como “Deeper Than That” e “No Foundation” além de um cover do Minor Threat, demolidor.  
 
Appraise
Na sequencia tivemos o Minority Of One.  A curiosidade fica por conta do quinteto ter participado do festival em 2014 quando ainda eram o Truth Through Fight.  Sim, o quinteto do TTF deixou o hardcore mais extremo de lado e assumiu o até então projeto Minority Of One como banda principal.  O estilo mudou mas a intensidade e a mensagem do punk rock melódico atual é a mesma do TTF.  O vocalista Fede Edge continua voando no palco.  Suas expressões faciais é o reflexo do que vemos e ouvimos enquanto o grupo está no palco.  O público já vibra com a banda como se esta já fosse veterana no cenário e as músicas do disco Glory Days já estavam na ponta da língua, é o hardcore de Andalucía fazendo história.  Quem também repetiu atuação de gala foram os Valencianos do Poder Absoluto.  O vocalista Fácil e suas luvas ao melhor estilo Raybeez comandou o público que demonstrou sua força, em alguns momentos a pista ficou tensa e alguns ânimos exaltados.  Como mesmo a banda se define, isso não é Boston ou Nova Iorque, é hardcore feito em Valencia e assim apresentaram temas como “Violencia” e “Solución Final” além do hino Poder Absoluto.  
 
Minority Of One
Poder Absoluto
Somente uma banda como The Flex poderia elevar ainda mais a intensidade que respirava o ambiente, ou seja, a banda ideal para finalizar o set hardcore do festival.  Os britânicos estremeceram as estruturas local e o público agradeceu.  Quando digo estremeceram o local não me limito a dizer sonoramente, ou seja, vale lembrar que o vocalista The Boots (seu apelido) é um verdadeiro armário e que passa boa parte da apresentação saltando no palco o que literalmente sentimos o chão tremer.  Músicas como “The New Blood” e “Waste My Time” figuraram no set.  As fotos tiveram que ser feitas de trás do palco pois era impossível estar junto ao publico durante toda a apresentação.  

The Flex
Para finalizar a noite e o festival tivemos Belgrado, uma banda local de post-punk ao melhor estilo Bauhaus.  Engana-se quem acha que o público foi embora ou que torceu o nariz por fazerem um perfil completamente diferente das demais bandas que por lá passaram, guitarras com bastante efeitos de flanges, fuzz e echoes para todos os lados, linhas de baixo continuas e bem marcados e uma vibrante vocalista.  Ao final do set o público pediu bis e a banda atendeu, um final ideal para um fim de semana perfeito.  Um festival que não depende de grandes patrocinadores para seguir existindo.  Tudo feito na boa vontade e colaboração, bandas que conciliam trabalho com o sonho de transmitir suas mensagens.  Um exemplo a ser seguido e que venham muitos outros.  
Can’t Keep Us Down 2016, iniciamos a contagem regressiva.
Até.  


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Primavera Sound anuncia primeiras atrações.


Um dos grupos pioneiros do estilo “shoegaze” foi anunciado esta semana como a segunda atração da próxima edição do festival Primavera Sound em 2015.  A organizaçao do festival já havia anunciado The Strokes como a primeira grande atração e pelo tamanho do poster que exibem em sua página, colocam o Ride à mesmo peso.
Assim como Slowdive e My Bloody Valentine, que já estiveram em outras edições do festival, o Ride foi um dos responsáveis por discos icônicos como “Nowhere” e “Going Blank Again”.  Ao parecer, o grupo que não chegou aos dez anos de carreira, retorna com a formação original.  Após a separação da banda em 1996, o quarteto só se reuniu uma única vez para a gravação de um programa de televisão em 2001.  Este será o único concerto da banda em territorio espanhol no ano de 2015, uma boa pedida.
Até o momento apenas duas atrações foram confirmadas mas já podemos perceber que os organizadores vão caprichando nesta edição especial do Primavera Sound, que completa 15 anos.
Mais informações: www.primaverasound.com



One of the pioneering groups of the style “shoegaze” was announced this week as the second attraction of the next edition to the festival Primavera Sound in 2015.  The organization of the festival already had announced The Strokes as first the great attraction and for the size of the poster that shows in its page, they place Ride to the same weight.
As well as Slowdive and My Bloody Valentine, that already had been in other editions of the festival, Ride was one of the responsible  for iconic  albums  as “Nowhere” and “Going Blank Again”.  As it  seems, the group that didn't had ten years of career, returns with the original formation.  After the splitting of the band in 1996, quarteto if only congregated an only time for the writing of a program of television in 2001. This will be the only concert of the band in Spanish territory in the year of 2015, a good deal.
Until the moment only two attractions had been confirmed but we already can perceive that the organization is preparing a special edition of the Primavera Sound, that will complete 15 years.
More info: www.primaverasound.com




quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Primavera Club Barcelona 2014 c/ Cerebral Ballzy, Alvvays e mais

Primavera Club Barcelona 2014 c/ Cerebral Ballzy, Alvvays e mais

02/11/2014 - Sala 2 - Apolo - Barcelona / Espanha





No último 2 de Novembro, um domingo, o festival Primavera Club encerrou sua edição de 2014 em alta após uma pausa de dois anos. Sim, vale lembrar que em 2013, o irmão caçula do Primavera Sound tirou “férias” de Barcelona e só reapareceu este ano. Talvez porque naquele instante (2012), estava se tornando tão grande quanto a tradicional edição primaveral que acontece sempre na última semana de Maio com bandas e artistas em solitário que poderiam tranquilamente ser uma das atrações principais do grande formato, o que fugia ou melhor, estava fugindo da proposta inicial do Primavera Club que nada mais é do que apresentar novos e promissores nomes. E por falar em novos, para este ano a organização, ao anunciar o cartaz do festival frisou bem que eram nomes desconhecidos. 

Como nos dias atuais, através da tecnologia passamos de desconhecidos a novos fenômenos na velocidade de um clique, os que até então eram meros desconhecidos para grande parte do público se tornou o próximo grande nome antes mesmo do festival abrir oficialmente suas portas. Foram 40 apresentações e dos que conferimos podemos destacar dois nomes, Childhood e Alvvays. Não que os outros não tenham qualidades, distante disso, mas estas duas bandas estão prontas para assumirem tais postos. Entre outros grupos que chamaram atenção estão os espanhóis do The Saurs e o experimental Der Panther.


Para manter a forma, abrimos nossa humilde jornada dentro da sala 2 do Teatro Apolo com os nova iorquinos do Cerebral Ballzy, o bom e velho punk com guitarras sujas marcava presença com músicas como “Another Day” e “City’s Girl”, desordem no palco e um vocalista que mau conseguia abrir os olhos durante a primeira música, mais adiante conseguiu enxergar o suficiente para subir na bancada do bar e berrar por lá com seu microfone em punho. A banda pertence ao selo Cult Records de Julian Casablancas e lançaram disco este ano.

Logo acima, na sala principal do mesmo teatro vimos de perto o Fever The Ghost que muito chamou atenção pelo figurino, já que estávamos em noite de Halloween e alguns personagens flertavam entre mal vestir e fantasias, enfim valia tudo para celebrar as bruxas. Como disse antes, o vocalista só se deixou ver após algumas canções, até então o que víamos eram vozes que saiam de uma misteriosa capa com guitarra em punho.

Diante de tantas propostas e novidades acabamos por apostar nos britânicos do Childhood para encerrar nossa primeira jornada e foi tiro certo, destaque total para “Pay For Cool” que resgata com fidelidade aquelas linhas de baixo dos anos 80. Canções pegajosas, um pop rock de guitarras limpas de seu recém lançado Lacuna e uma apresentação que não passou desapercebida.


Para o Sábado, nos limitamos a duas bandas na pequena sala 2 do Apolo (outra vez). Lá conferimos de perto os canadenses do Greys. A curiosidade era imensa e após ler insistentes comparações da banda com o Fugazi, o que rendeu até uma música chamada Guy Picciotto. No palco a banda mais parecia um Nirvana na época do Bleach do que um Fugazi, porém com um som mais polido. O quarteto canadense (Toronto) apresentou seu recém lançado If Anything e todos cartuchos disponíveis do álbum. Vale à pena dar uma conferida básica no som da banda. 

Para finalizar o sábado e logo após a apresentação do Greys tivemos os americanos do 
Nothing, banda com um perfil mais shoegaze e que flerta entre a melodia e a distorção. Não tão intenso quanto os canadenses mas nada de se jogar fora. Cinco minutos antes do show começar o guitarrista deixou seu instrumento distorcendo e criando camadas sobre camadas de distorção, já era um sinal do que estava por vir e “Hymn to the Pillory” é o melhor exemplo que podemos deixar nestas linhas.


Para iniciar nossa ultima jornada, demos uma passada rápida para conferir os dinamarqueses do Lower e suas nítidas influencias de Joy Division no que se diz lado escuro da banda. Não pudemos ficar até o final do set já que ao notar a sala 2 esvaziar com certa rapidez e lembrar que logo acima canadenses (mais um grupo) do Alvvays seria a próxima atração entrou um fugaz pensamento, “há um sentimento no ar”. Típica sensação de que o The Next Big Thing do indie está acontecendo, ou irá acontecer. Alvvays foi a escolhida da edição e tivemos que correr para conseguir um bom angulo para as fotos. Já havia fãs com camisas autografadas, debruçados no palco e se derretendo por qualquer movimento que a banda fazia antes de oficialmente entrar no palco. Abriram o set com “The Agency Group” e animaram com “Next of Kin” conquistando o público já no dedilhado de introdução da musica que não é tão diferente de “Atop a Cake”. Também deixaram claro suas influencias com um cover do The Primitives, “Out of Reach”.

Antes de encerrar a noite ainda descemos para o show de vinte minutos dos “punks” Perfect Pussy. Ruído aos extremos, com um baixista que se contorce em todas as direções, um baterista com cara de nerd mas não tanto quanto o gordinho com cara de serial killer que parecia uma estátua fabricando distorções num sintetizador ou algo do tipo. Nos vocais? Uma jovem com cara de boazinha, com algumas tatuagens cool, um vestido comportado e se não enxerguei mal o sovaco por depilar berrando aos extremos e deixando qualquer vocal de grindcore comendo poeira.

Para finalizar a invasão canadense no Primavera Club, tivemos os quebequenses do Ought. Outra coisa que chamou atenção nesta nova geração de bandas foi a quantidade de músicos que apresentaram descalços e o vocalista / guitarrista Tim Beeler foi mais um adepto ao estilo. Mais um grupo com um trabalho fresquinho debaixo do braço e uma apresentação que já os coloca entre uma das grandes revelações que o evento pode oferecer, “Pleasant Heart”, música que abre More Than Any Other Day já pode ser considerado um hit apesar de terem aberto com “Today More Than Any Other Day” de maneira bem lenta até ganhar o ritmo necessário para incendiar a sala principal do Apolo, o mesmo perfil tem a música “Clarity”. Também chamou atenção a performance em “Gemini”.

Assim foi nossa participação no festival Primavera Club 2014 e acreditamos que o festival cumpriu com sua missão, apresentar novos nomes, dar oportunidades a uma nova geração de bandas, jovens bandas com muito a mostrar. Olhando mais adiante é dizer que crescem as expectativas para a revelação do cartaz para a festa de debutante do Primavera Sound em Maio de 2015, façam suas apostas.
Enviado por Mauricio Melo