segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Agnostic Front faz bom show em Barcelona - 07/12/2013 - Texto, fotos e vídeo.

Agnostic Front

Um ano e meio após a última passagem pela Espanha, exatamente quando expira o contrato que as bandas tem com os festivais em solo europeu, os nova-iorquinos do Agnostic Front se apresentaram uma vez mais no tradicional Estraperlo Club del Ritme de Badalona, Barcelona, lançando My Life My Way, disco lançado há dois anos.  A abertura ficou por conta de duas bandas locais, a 8 Onzas que já havia aberto para o Born From Pain e demostrou a mesma força nesta noite e Grankapo, outro grupo furioso com um bom set debaixo do braço e que foi responsável pelos primeiros pogos da noite.  

E não demorou para que Vinnie Stigma, guitarrista…ou melhor, lenda do Agnostic Front subisse ao palco junto aos seus recém cumpridos 58 anos para dar os últimos ajustes em sua guitarra.  Antes mesmo do show começar desferiu seu protesto, entre outras coisas, contra a nova lei em Madrid que "proíbe" músicos de rua e pediu "poder para o povo".  Ao primeiro riff de Joseph James e avistando Roger Miret na lateral esquerda do palco, Stigma inicia a noite com socos ao ar e gritos de ira, todo um personagem que Vinnie incorpora durante as apresentações.  A tradicional  "The Eliminator" abre a noite e antes do típico salto, Miret olha a seu redor para ter certeza de que pode executa-lo.  Havia sido dada a partida de uma noite que acabaria menos de uma hora mais tarde.  "Dead to Me" do disco Warriors confirmou o tom da noite, recheada de porradas "recentes" misturadas a clássicos de décadas atrás.  Do último My Life My Way de 2011, além da música título a curtinha "That's Life", "Us Against The World" e a cantada em castelhano "A Mi Manera" foram as responsáveis por representar o mesmo.  


Das improváveis, "Something Gotta Give" e "Believe" deram as cartas, a segunda também cantada em hispano e das já comentadas clássicas que não ficam nem ficarão de fora de um setlist do AF, "Victim in Pain", Friend or Foe", "Your Mistake e "Crucified".   Talvez pela facilidade do idioma com Roger Miret que é de origem cubana, talvez por se tratar de uma consolidada e lendária banda no movimento hardcore, o público fez sua parte.  Cantou, gritou, berrou e saltou do palco como nunca.  Um público onde moicanos, skinheads, a velha escola do hardcore e até uma boa quantidade do movimento straight edge local marcaram presença e possivelmente o conjunto de tudo isso, somado ao fato da banda não estar em final de turnê européia, o que derrota em cansaço os integrantes de idade mais avançada, fizeram com que a banda fizesse bonito em cima do palco, oferecendo uma apresentação à altura de seu nome.  Vimos Miret e Stigma saltar como garotos, o velho guitarrista visivelmente mais magro na retaguarda como mais gosta, se benzendo em alguns versos hardore.  O técnico guitarrista Joseph James, junto ao baixista Mike Galo e Pokey Mo na bateria dando a solidez que os "coroas" necessitam.  Não sabemos se esta apresentação foi melhor do que ano passado no Resurrection Fest mas lá o público era outro, o palco era principal e a banda gostou do espaço mas definitivamente esta merece um ponto a mais.

Enfim, "Riot Riot Upstart", "All is Not Forgotten", "Gotta Go", "Police State" e "Addiction" foram encarregadas de completar o setlist de maneira aleatória ainda que "Blitzkrieg Bop" uma vez mais tenha encerrado a noite em cima do palco.  

O melhor e mais gratificante, para aqueles que acompanham a banda há anos, tenha sido a imagem em que, após guardar seu equipamento contando piada, Vinnie Stigma tenha demorado quase meia hora para percorrer os cinco metros que separam o palco do que chamam de camarim.  Eram canetas, capas de discos (vinil e cds) e posters para serem autografados, câmeras fotográficas para todos os lados.  Não importa se ele, musicalmente, não apresente nenhuma técnica, que mal saiba tocar meia dúzia de acordes.  Tim Armstrong do Rancid também não toca porra nenhuma e é considerado a grande figura, além de possuir três bandas.  Dee Dee Ramone morreu sem saber (tecnicamente) tocar e foi o que foi.  Não importa, há mais de três décadas esta dupla foi uma das responsáveis por inventar este monstro chamado Hardcore New York style e temo que tirar o chapéu.

Todos queriam a Stigma e o mesmo quis a todos, sempre com um sorriso e a simpatia que nenhum guitarrista, ou melhor, lenda hardcore conseguirá ter na história do underground. 

New York Hardore!!!! é o grito final de 2013.
Que venha 2014.
Texto e Fotos:  Mauricio Melo


Agnostic Front

Agnostic Front

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Agnostic Front


Grankapo






Grankapo

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