segunda-feira, 28 de outubro de 2013

New Model Army em Barcelona 25/10/2013 - Music Hall - Barcelona/Espanha


Hoje, uma grande responsabilidade repousa sobre meus ombros.  Escrever sobre o New Model Army não é e nunca será uma tarefa fácil, existem milhares de olhos atentos às linhas que estão por vir. Penso: "Não posso decepcionar". Apesar de estar decepcionado por razões alheias ao grupo, ao show e nunca estarei por sua música. Por falar em razões alheias, o prometido show de duas horas de duração acabou não rolando por problemas na logística.  Aqui é assim, palavra bonita e moderna para dar aquela desculpa. Ainda que no caso do NMA o problema de logística quase tenha custado caro ao grupo, ao promotor e claro, ao bem mais importante que uma banda de rock pode ter, seu público.

    Ao chegar na sala Music Hall com bastante antecedência havia uma fila na entrada do recinto, o bar ao lado lotado com a galera do aquecimento e um aviso na entrada que, a banda de abertura havia cancelado a apresentação e o grupo principal atrasaria.  Quatro horas antes da hora marcada os ingleses ainda se encontravam em Perpigñán (França), uns 200 KM de distância, devido a problemas com o ônibus, o que obviamente reduzia o tempo em cima do palco já que a maioria das salas em Barcelona são destinadas a outros eventos após os shows e assim como existe a hora para começar, também existe hora para acabar.

Na boa?  Receber o New Model Army em sua cidade, apenas três dias após o grupo de Bradford (Inglaterra) completar 33 anos de estrada, ainda que fosse uma apresentação de meia hora, já valeria à pena.  Ainda que em outras oportunidades vi que duas horas não cobrem tudo o que tem de melhor. O mais gratificante foi ver na mencionada fila, um público adulto, vestido de NMA, pais levando seus filhos para assistir o que provavelmente foi a trilha sonora de sua juventude, com os documentos de autorização e responsabilidade do menor devidamente assinados e depois ver os moleques se esbaldando entre o público. 

Quando por fim estávamos em frente ao palco, os roadies ainda passavam o som…cada minuto contava.  E com tudo isso Sullivan sobe ao palco com um setlist de 16 músicas debaixo do braço, que ao final se converteram em 18.  O público esperava uma apresentação somente com o que pode ser considerado "top top" não só pelo tempo disponível mas também pela recente data marcante. Mas Justin relutou e oficializou a turnê de lançamento de Between Dog & Wolf com 8 músicas do mesmo e distribuindo as demais entre um lapso e outro. Abriu com "I Need More Time" e não foi muito distante para buscar "Today is a Good Day", música título do trabalho anterior e voltou com novidades sonoras. O disco novo funciona muito bem, já havia gente com as letras na ponta da língua mas nada supera o impacto que os primeiros acordes de "The Hunt" provocou na sala. Podemos fazer a mesma menção para "Here Comes the War", já na introdução de teclado Sullivan caminhava de um lado a outro, como se estivesse atordoado, como se algo fosse realmente acontecer quando o refrão da música fosse gritado, sua expressão facial quase sexagenária, cabelos grisalhos e sua conhecida "banguelice" frontal. Bom destaque para o jovem baixista e indispensável comentário para Dean White com seus solos, hora punk, hora atmosféricos e literalmente brincando com as cordas de sua Gibson. 

Do aclamado Impurity "Lust For Power" foi entoada aos quatro cantos da sala e quando tudo parecia haver acabado, Justin Sullivan atendendo aos pedidos de bis retorna em solitário para "Green and Grey" de Thunder and Consolation. Sentado na escadaria que dá acesso ao público, de onde se pode assistir a boa distância o show e observando como pessoas de braços abertos cantam cada palavra escrita por Sullivan, tenho a dimensão exata do significado da noite, ainda que a mesma acabasse com todos os integrantes no palco, instrumentos em punho, aos acordes de "Vagabonds". 

Enviado por Maurício Melo







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