The Unseen - Estraperlo Club del Ritme - Badalona/Barcelona (05/04/2009)

THE UNSEEN
5/4/2009
Estraperlo Club del Ritme – Badalona, Barcelona
Promotor: Hardcore For My Nose Crew
Sunday night and, despite being spring already, the cold still refuses to leave completely. To warm up a little I headed to Estraperlo Club del Ritme which hosts, today, the largest number of punk gigs in Barcelona, through promoters Hardcore for my Noise.
Perhaps Estraperlo’s only low point is its location, which is a bit far from the centre. But that turns out to be a good thing in the end, since for a place specialized in punk events there’s nothing better than being situated in a neighborhood where all you can see is warehouses and the likes.
Straight outta Boston, Mark Unseen (vocal), Tripp Underwood (bass), Scott Unseen & Jonny (guitars) and Melzard (drums) played their share of street punk to the kids present. Even though the public was not so numerous it connected well with the band and nearly stole the night, spreading great vibe to every corner of the venue. With a simple gesture with his hand, Mark commanded a very active mosh-pit and encouraged the kids to participate intensely to the choruses – especially during ‘Social Damage’, which sounds much faster and heavier live. Other songs that were extremely well received are ‘Force Fed’, ‘Weapons of Mass Deception’ and ‘Scream Out’, all from the album State of Discontent. ‘Live in Fear’, from The Anger and the Truth, was another highlight in its own right and deserves to be mentioned. From the latest album, released in 2007, the best moments came with ‘At Point Break’, ‘Break Away’ (with the crowd going berserk in the chorus) and ‘Right Before Your Eyes’.
Mark spent basically the whole gig crouched by the edge of the stage sharing the microphone with the fans, while the rest of the band did a great job keeping it up. Jonny, who can easily be taken as a teenager with his ‘mosquito figure’, was someone to look for with his furious performance.

The band finished the set with the cover ‘Paint It Black’, taken from State of Discontent.

Mauricio Melo

PORTUGUESE VERSION

Noite de domingo. Apesar de já estarmos na primavera, o frio ainda incomoda. Para esquentar um pouco, uma rápida esticada até o Estraperlo Club del Ritme, atualmente o clube punk com maior quantidade de shows agendados em Barcelona junto a promotora Hardcore For My Nose, especializada no estilo.

Por Mauricio Melo

THE UNSEEN
5/4/2009
Estraperlo Club del Ritme – Badalona, Barcelona
Promotor: Hardcore For My Nose Crew


Mauricio Melo, texto e fotos



Talvez o único ponto fraco do Estraperlo seja a localização, um pouco distante do centro. Mas seria pedir muito um clube especializado em shows punk e com uma vizinhança de "puta madre" como se define por aqui algo que seja foda. Se analizarmos ao redor do clube, podemos ter certeza de que muitos shows serão realizados por ali porque ninguém irá queixar-se. O Estraperlo fica num polígono industrial em Badalona e foi criado dentro de um galpão onde a já citada vizinhança não são mais do que transportadoras, oficinas, depósitos, etc.


Provenientes de Boston, Mark Unseen (vocal), Tripp Underwood (baixo), Scott Unseen e Jonny (guitarras) e Melzard (bateria) exibiram o melhor do seu street-punk para a molecada presente. Apesar do local não contar com um numeroso público, como de hábito em shows punk/hardcore em Barcelona, a molecada que compareceu fez jus a excelente apresentação dos americanos e deu um show à parte.


Muito mosh-pit comandado por Mark que com um simples gesto com a mão fazia pista ferver e o mesmo público participava intensamente do coro das músicas, principalmente em "Social Damage", mais rápida e pesada ao vivo do que a versão de estúdio, "Force Fed", "Weapons of Mass Deception" e também "Scream Out", todas pertencentes ao álbum State of Discontent. "Live in Fear" do album The Anger and The Truth também teve seu destaque. Do álbum mais recente, lançado em 2007, os pontos altos foram "At Point Break", "Break Away" (com o público insano no refrão) e "Right Before Your Eyes".


Mark passou praticamente todo o show agaixado na borda do palco dividindo o microfone com a galera, enquanto a banda fazia um excelente trabalho. Outro que merece destaque é o guitarrista Jonny e seus um metro e meio de altura e porte atlético mosquito. Quem o vê na rua com certeza o confunde com um pré-adolescente, porém o simpático guitarrista tem uma energia furiosa.


Finalizaram a apresentação com o cover "Paint it Black" (Mick Jagger/Richards) pertencente ao já citado álbum State of Discontent.

Vans Tour 09 com Walls of Jericho, Death Before Dishonor, Nations Afire e Final Prayer - Estraperlo Club del Ritme - Barcelona (21/04/20)

PORTUGUESE VERSION
Já não é de hoje que novos nomes vêm dominando a brutalidade musical nas cenas hardcore e metalcore. A disputa tem sido acirrada entre algumas bandas, porém uma em especial sai em enorme vantagem: Walls of Jericho. E o motivo é bem simples: não encontramos uma banda tão brutal com uma mulher no vocal em qualquer esquina; e engana-se quem acha que a banda se tornou conhecida somente por isso.

No entanto, a noite não se limitou a já citada banda de Detroit. Figuraram no palco do clube Estraperlo (Hardcore For My Nose) os alemães do Final Prayer e os americanos do Nations Afire e Death Before Dishonour. Por motivos de força maior, não pude conferir ambas as apresentações, mas quem assistiu não se arrependeu.

A penúltima banda da noite foi o Death Before Dishonour, com seu hardcore destruidor. Apesar do pouco tempo de estrada, a banda vem ganhando merecido reconhecimento e apresentando ao vivo músicas de seus dois únicos lançamentos, o EP Friends and Family Forever (2005) e o debut Count Me In (2007), o que lhes rende uma média de 250 shows anuais. Em apresentação sólida, exibiram seu cardápio com "Time To Die", "By My Side", "Break Through It All" e "6.6.6. (Friends Family Forever)", esta última como ponto alto da apresentação. Após o show, em uma rápida conversa com Bryan (vocal), tive a oportunidade de "pescar" alguns detalhes sobre o futuro da banda. Lançam novo trabalho em 31 de Julho e pretendem tocar no Brasil no próximo outono, que representa para os norte-americanos os meses de Setembro, Outubro e Novembro. E disse também que a cena hardcore em Boston vai bem, obrigado.

Nem foi necessário apagar das luzes para o público dar uma calorosa recepção aos headliners. Utilizando como introdução “The New Ministry”, música que também abre o último álbum The American Dream (2008), Walls of Jericho subiu ao palco para um show destruidor, brutal e outras definições que melhor couberem dentro do que foi visto naquela noite. Ao entrar em cena, Candace pouco lembrava aquela pessoa tímida que atendia a um pedido de fotografia de um fã, enquanto assistia ao show do Death Before Dishonor no canto da sala – e quase pedindo para não ser vista. Completamente concentrada e já dominada pelos primeiros acordes da já citada música, esta frontwoman berrava de forma invejável. Impossível descrever com exatidão qual foi o ponto alto da performance. Temos que deixar claro que Candace não faz tudo sozinha, pois está muito bem acessorada por Mike Hasty e Chris Rawson que dão as bases nos vocais guturais. O mesmo Rawson parece ter mola nos pés e simplesmente decola com sua guitarra em punho. Aaron Ruby também não fica atrás; um pouco mais e ele transformaria seu baixo em um verdadeiro machado, que junto ao batera Dustin Schoenhofer faz estremecer qualquer estrutura.

Com uma hora de apresentação e uma seqüência que contou com, por exemplo, "A Trigger Full of Promises", "There's No I In Fuck You", "Playing Soldier Again", "And Hope to Die" e as recém lançadas "II The Prey" e "The American Dream" (durante as quais ficou nítido o amadurecimento musical do grupo) a banda se despediu de Barcelona e, mesmo sob insistentes pedidos de bis, não retornaram à cena do crime. Ao final, ficou a sensação daquele velho ditado: "se melhorar estraga".

Mauricio Melo
fotos: Mauricio Melo

ENGLISH VERSION
This great night was not limited to this Detroit’s band gig only, since Germans of Final Prayer and Americans of Nations Afire and Death Before Dishonour opened the show. Too bad I only got to the venue on time to see the last 2 bands.
And DBD played a demolishing set. Despite being on the road for a short while, this band is getting well deserved recognition as they’re playing, in average, 250 gigs per year, where all their material (EP Friends and Family Forever, from 2005, and their full-lengh debut Count Me In, from 2007) is executed live. The highlights were definitely ‘Time To Die’, ‘By My Side’, ‘Break Through It All’ and ‘6.6.6. (Friends Family Forever)’. Right after the gig, I managed to have a quick chat with singer Brian and he said that their new album will be released on the 31st July. Oh yeah, and he also said that the hardcore scene in Boston is doing just fine, thank you very much.
It wasn’t even necessary to turn off the lights to make sure the public gave a very warm welcome to the headliners. During the intro “The New Ministry” (which also opens their latest CD, The American Dream) Walls of Jericho hit the stage to start their fucking killer show.

From the beginning, singer Candace looked like a complete different person from that shy girl I saw in the corner of the venue moments before, during DBD’s gig. Totally concentrated and already overtaken by the intro, this frontwoman took no prisoners with her screams. It is impossible to name a highlight but, also, we must keep in mind Candace didn’t do it all by herself. Guitarists Mike Hasty and Chris Rawson helped a lot with their ghrowling vocals, while bassist Aaron Ruby, combined with the drums of Dustin Schoenhofer, made the structures tremble.
After just over an hour of sonorous demolition where songs like ‘A Trigger Full of Promises’, ‘There's No I In Fuck You’, ‘Playing Soldier Again’, ‘And Hope to Die’, as well as recently released ‘II The Prey’ and ‘The American Dream’ (during which it was evident how much the band developed through the years) bombed the venue, Walls of Jericho thanked the public and left the stage. Even though the fans were shouting insistently for an encore, the band didn’t come back. But hey, I think we got the message.

Mauricio Melo
photo: Mauricio Melo

Agent Orange - Estraperlo Club del Ritme - Barcelona (11/04/2009)

Not even a ‘good evening’. Nevermind though, because when one start the gig with instrumental ‘Pipeline’, all you can think is “this is gonna be great!”.

Coming straight out of Fullerton, California, Agent Orange are a band that never sold out to any major label. They still manage to play that great surf music, with rich melodies, and are also well respected for being one of the originators of the skate-punk genre. After the killer intro we can hear the first words coming from singer/guitarist Mark Palm "things don't seem to be as easy as they used to be, it's getting harder every day...", from ‘Everything Turns Grey’.

Before they played a series of songs that had melodic ‘Say It Isn’t True’ and ‘Tearing Me Apart’ included, Mike introduced the band to the public. After several line-up changes through the years, the frontman is the only original member left, assisted by drummer Dusty Watson and bassist Perry GX. The show carried on with many songs from the ‘less dirty’ phase of the band’s career, such as ‘Voices in the Night’, ‘I Kill Spies’ and ‘Fire in the Rain’. But other people’s classics were also welcome: ‘Police Truck’ by the Dead Kennedys and ‘Miserlou’ by Dick Dale were warmly received by the fans. To finish the set – that lasted just over an hour – they appropriately chose ‘Last Goodbye’. Even though the public kept calling for an encore, the band didn’t get back on stage – and maybe for an obvious reason: basically all Agent Orange songs had been played, not to mention that the band looked quite tired.
Last but not least, it is fair to say that the 2 opening bands, both from Spain, did a very good job too. Turnstile has great influence of Hot Water Music (reminding, quite a lot, Brazilians of Garage Fuzz) and Gundown, who just recorded their debut and counted on many fans showing all their support in the front row.


Mauricio Melo
photo: Mauricio Melo

PORTUGUESE VERSION

Nem ao menos um boa noite. Mas uma banda que abre um show com a instrumental "Pipeline" não necessita de muitas palavras para conseguiu transmitir que aquela seria uma noite maravilhosa.
E lá estava Mike Palm (guitarra e voz) liderando o Agent Orange em mais uma noite de clássicos com ótimos riffs e bastante melodia. Originários de Fullerton (Califórnia), nunca foram comprados – nem sequer vendidos – por uma grande gravadora, porém gozam de um respeito que foi construído ao longo de exatos 30 anos de estrada, regados a muita melodia do surf music e crucial participação no desenvolvimento do gênero skate-punk. Após a já citada abertura, ouvimos as primeiras palavras de Palm, "things don't seem to be as easy as they used to be, it's getting harder every day..." de "Everything Turns Grey" ambas de Living in the Darkness ('81).
Antes de uma seqüência que contou com as melódicas "Say It Isn't True" e "Tearing me Apart" do álbum This is the Voice ('86), houve uma rápida comunicação com o público e a apresentação da banda, que atualmente conta com Dusty Watson (bateria) e Perry GX (baixo). Também da fase mais melódica (menos suja) figuraram no setlist "Voices in the Night", "I Kill Spies" e "Fire in the Rain". E se a noite era de clássicos, "Police Truck" dos Dead Kennedys também foi executada e muito bem recebida. Além desta, "Miserlou" de Dick Dale e "No Such Thing" também mereceram destaque. Para o grande finale escolheram "Last Goodbye" numa apresentação que durou pouco mais de uma hora. Era de se imaginar que todos estariam satisfeitos, mas o público insistia no bis. A banda não retornou e talvez por um motivo óbvio: praticamente tocaram todas suas músicas, além do evidente cansaço – e acho que não existiria a menor possibilidade de um repeat no setlist.
Podemos destacar também outras duas boas apresentações de bandas espanholas. Turnstile com grande influência de Hot Water Music e que muitas vezes lembra o nosso Garage Fuzz e também Gundown, esta segunda lançando seu primeiro álbum e já tendo muitos fãs na fila do gargarejo.

Mauricio Melo
foto: Mauricio Melo