sábado, 6 de dezembro de 2008

Cold War Kids - Sem versos baratos.


Cold War kids dá as caras na Espanha com apresentação para poucos


por Mauricio Melo de Barcelona, Espanha[26/11/2008]


Barcelona, Espanha - Foi no começo desta semana, junto com a chegada de um intenso frio, um inverno que antecipou previsões e baixou de vez na Espanha. Na noite da segunda-feira [24], no outro lado da cidade figurava Franz Ferdinand, antecipando o lançamento do seu novo disco num show disputadíssimo por público e imprensa. A Sinnamon Promotions, que de boba não tem nada, marcou para o mesmo dia a estréia de Cold War Kids em território espanhol. E quem compareceu na pequena sala Razzmatazz 3 não teve do que se lamentar.
Agrupados em 2004, em Fullerton [California], Nathan Willet [voz e piano], Jonathan Russel [guitarra, voz e percussão], Matt Maust [baixo] e Matt Aveiro [bateria] não demoraram muito para demonstrar ao mundo sua capacidade. Com influências que vão de Bob Dylan a Radiohead, passando por Jeff Buckley e o eterno The Velvet Underground, no ano seguinte, a banda já lançava o EP Murberry Street [2005], nome que faz referência ao restaurante que ficava embaixo do apartamento de Russel, onde a banda começou suas atividades. Esse EP foi o suficiente para dar projeção a banda e, já em 2006, conseguir lançar Robbers and Cowards, que, para muitos, foi o melhor disco daquele ano e colocou a banda na posição de indiscutível revelação.
No último 23 de Setembro, Cold War Kids lançou seu segundo álbum, Loyalty to Loyalty - e o som faz jus ao título. Mesmo que para os ouvintes mais exigentes a banda tenha perdido o encanto, não foi isso que os "Meninos da Guerra Fria" apresentaram ao vivo. Com um setlist bem diversificado, que incluía músicas dos três trabalhos, a banda brindou seu público com um show maravilhoso.
Os meninos abriram a noite com Every Valley is Not A Lake, do recente álbum: Willet ao piano, enquanto Maust e Russel bailavam pelo palco com seus instrumentos em punho. Dando continuidade ao ritmo imposto pela primeira música, os californianos levantaram o público pela primeira vez, colocando todos para cantar com We Used to Vacation, do primeiro LP, Robbers and Cowards [2006]. Mexican Dogs, também do segundo álbum, intensificou as guitarras, e a voz de Willet ecoou pelos quatro cantos do recinto.
Quando Robbers, do primeiro trabalho, começou a ser executada, ficou nítida a fórmula usada pela banda para levar sua apresentação: I've Seen Enough, Relief, Dreams Old Man Dream e Cryptomnesia, todas do Loyalty to Loyalty foram tocadas praticamente em seqüência. Quiet Please foi a única do EP a estar presente no setlist, e Hospital Bed fechou a noite.
Atendendo aos insistentes pedidos da platéia espanhola, a banda retornou para um bis rápido, com Saint John, de Robbers and Cowards. Quem lá esteve, não esquecerá a apresentação desta "ex-revelação" e atual realidade na cena rock mundo. Cold War Kids não utiliza versos baratos e não fala sobre política americana, trata a realidade, sem meias palavras.
Também publicado em www.revistaparadoxo.com

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Em Barcelona, mas poderia ter sido no Tim Festival




Aos 50 de vida e mais de 30 de carreira, o ''modfather'' Paul Weller reivindica seu posto; e não vem mais ao Brasil

por Mauricio Melo de Barcelona, Espanha[20/10/2008]
Barcelona [Espanha] - Na última sexta-feira [17/10], no Espacio Movistar, pouco menos de uma semana de seu desembarque em terras brasileiras para apresentações no Tim Festival, Paul Weller demonstrou porque é o melhor representante do estilo Mod e criador de uma das bandas mais influentes do brit-pop, incluindo nomes que vão de Oasis aos jovens Arctic Monkeys.
Três décadas após surgir com The Jam, Weller prova que não é um artista que vive de seu passado ou de antigos sucessos - mesmo que esse justifique sua presença no mundo da música. Recém-lançado, seu excelente último álbum, 22 Dreams [2008] contou com a participação em estúdio de Noel Gallagher [Oasis] e Graham Coxon [Blur] na canção Echoes Round the Sun. Só mesmo Weller poderia fazer com que esses eternos rivais do brit-pop se unissem musicalmente.
O show da semana passada não poderia ter fugido do perfil do ex-Jam. Paul Weller fez um apanhado de toda sua carreira em um show de rock, psicodelia, soul e free jazz. O músico apresentou músicas como The Weaver do álbum Wild Wood [1993], Paper Smile e Come on Let's Go de As is Now [2005] deixando claro a diversidade do setlist com músicas lançadas em diferentes décadas. Após essas boas doses de rock na primeira parte do show, veio uma seqüência acústica para Why Walk When You Can Run, e ainda Light Nights, que teve direito até a violoncelo para essa segunda canção, ambas do álbum mais recente.
Saindo da versão acústica, passando um pouco para o free jazz com músicas ao piano, como Black River e Invisible, fechando a sessão com Picking up Sticks, do álbum Heliocentric [2000]. De volta ao formato plugado, Weller continuou a apresentar seu novo trabalho com Have You Made Up Your Mind e All I Wann Do [Is Be With You]. Para a alegria dos nostálgicos, o músico presenteou seu público com alguns temas do The Jam, entre eles That's Entertainment de Sounds Affects [1980].
E se você está animado para o Tim Festival, saiba que Paul Weller apresentando 22 Dreams é, sem dúvida, um show para ser visto e apreciado pelo público brasileiro. Uma pena que, para isso, muitos tenham que desembolsar uma boa grana para comprar ingressos a preços inexplicavelmente absurdos. Vale lembrar que o show de Weller custou, por aqui, € 25, que não chegam a R$ 70.
Também publicado por Revista Paradoxo - www.revistaparadoxo.com
Mais fotos do show em www.flickr.com/photos/mauriciomelo

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

BAM - Barcelona Ação Musical 2008. / BAM - Barcelona Action Music

BAM
PRIMAL SCREAM

THE LONG WINTERS

DAVID BAZAN

O Barcelona Ação Musical trouxe à cidade catalã shows de Primal Scream, Teenage Fanclub e de bandas ainda desconhecidas
por Mauricio Melo - Barcelona, Espanha[30/09/2008]

O BAM, Barcelona Ação Musical, é mais do que um simples festival de música. Já se tornou um autêntico guia para descobrir novas propostas e ainda ter a oportunidade de conferir bandas que fazem parte da história musical. Pop, punk, indie, folk, eletrônico, DJs, jazz, hip-hop, rumba e outras fusões criativas convivem pacificamente em shows gratuitos espalhados pela cidade, que este ainda ano contou com a participação das chamadas salas de shows, casas de shows de pequeno e médio porte como Bikini, L'Apolo. O festival acontece, propositalmente, durante as festividades da Mercè, padroeira da cidade, que este ano, aconteceu entre os dias 19 e 28 de setembro.
Dessa vez houve destaque absoluto para as novas tendências espanholas, usando como tempero alguns nomes da cena internacional. Foi o caso de Krakovia, Russian Red e Primal Scream. Foram mais de 70 apresentações em 13 palcos, com músicos de Estados Unidos, Inglaterra, Cuba, França, Suécia, Finlandia, Canadá, Líbano e Nigéria. Os palcos principais foram o da Antiga Fábrica da Estrella Damm, o do excelente Espacio Movistar e Plaza Real, além de uma noite especial na Plaza del Rey. As propostas emergentes foram acolhidas na Plaza Dels Angels.
A festa começou na quinta-feira com dois shows para aquecer os ânimos. YAS com seu pop-eletrônico cantado em árabe no palco em frente ao Instituto Francês de Barcelona. Em recinto fechado e com vagas limitadas no CCCB [Centro de Cultura Conteporânea de Barcelona], se apresentou o BCNmp7. Porém foi sexta, dia 19, que a festa tomou forma definitiva.
Sexta-feira, 19. A revelação do rock canadense
Na Praza Real se apresentaram Raydibaum, banda local de pop/rock/alternativo, apresentando seu terceiro disco, Manual de Genere Catastròfic [2008], o primeiro da banda cantado em catalão. Em seguida foi a vez do pop/hip hop de Facto Delafé y Las Flores Azules com direito a balões coloridos espalhados pelo palco, bolhas de sabão e até confetes lançados ao público que prestigiou em peso a mais uma banda de BCN.
O terceiro show da noite foi o primeiro [e único] internacional a pisar na Praza Real, Sam Roberts. Praticamente desconhecido na Europa, este canadense chegou disposto a conquistar seu espaço apresentando seu terceiro disco, Love at the End of the World [2008] que foi número um de vendas em seu país após lançamento. Trata-se de uma mistura de rock e folk bem ao estilo norte-americano com temperos de power pop.
Confesso que foi surpresa vê-lo por aqui, pois acompanho este músico desde minha passagem por seu país de origem e jamais havia escutado alguém mencionar seu nome na Espanha, mas para a proposta do BAM a escolha não poderia ser melhor. O público não se rendeu à chuva que insistia em cair, muito menos Sam e sua banda pareciam se importar com meras gotinhas que vinham do céu. O ponto alto do show foi Brothers Down do primeiro EP Inhuman Condition [2002].
Para fechar esta noite o escolhido foi o quinteto Siniestro Total, punk-rock galego [de Vigo] que fez a festa dos muitos punks presentes. Com quase 30 anos de estrada, eles não decepcionaram e provaram estar em forma tocando inclusive sua versão de Sweet Home Alabama para Miña Terra Galega.
Os fãs de hip-hop tiveram uma boa pedida no palco MTV-Fòrum, com as atrações Chacho Brodas, Shotta, Ari e Calle 13 provenientes de Barcelona, Sevilha, República Dominicana e Porto Rico respectivamente.
O Fórum contava ainda com um palco dedicado somente à música eletrônica. Nas redondezas ainda passaram pelos palcos de Fabra i Coats o The Pepper Pots com seu Ska/Reggae e Soul que tem à frente 3 vocalistas e uma excelente banda de apoio. Apesar de serem catalãs, as letras são em inglês. Também passou por este palco La kinky Beat, mais um grupo que mistura tudo, Jungle, Reggae, Rock e por aqui virou sensação underground.
Sábado, 20. Uma dúvida: pra que palco a gente vai? Ah sim, o Primal Scream
Realmente o sábado foi um dia recheado de atrações e com certeza essas tantas boas pedidas foram propositalmente espalhadas para dividir o público. No palco Plaza de L'Odissea se apresentaram Nudozurdo com seu rock/indie proveniente de Madrid cantado em castelhano. Em seguida Camping, excelente banda de rock alternativo de Barcelona [com letras em inglês], apresentando seu trabalho mais recente Politics of Love [2008] e em conjunto vendendo Politics of Hate [2008], um EP que só pode ser adquirido em shows. Ainda houve tempo para (lo:muêso) com seu noise/rock e prestes a lançar seu terceiro disco. São as bandas espanholas crescendo na cena internacional.
Logo ao lado, na Plaza Real se apresentaram Le Petit Ramón Experimenta 3, Love of Lesbian, Los Niños Mutantes e The Automatic. Com exceção do último, todos espanhóis. O The Automatic, do País de Gales, debutavam em Barcelona com seu indie rock apresentando seu recente trabalho This is a Fix [2008]. Porém grande parte do público se concentrou mesmo no palco montado em frente à antiga fábrica da Estrella Damm, onde na verdade ficou o palco principal do festival, que recebeu nesta noite a banda de pop alternativo local Mishima para aquecer os ânimos. Em seguida Antònia Font com seu pop psicodélico, que muitas vezes lembra uma trilha sonora de filme, abriu para a grande atração do festival, o Primal Scream.
Os britânicos já haviam passado por Barcelona fazendo um pré-lançamento de Beautiful Future [2008] no festival Summercase, há dois meses, e deram mais uma vez as cartas para levar o público ao delírio, não somente com músicas antigas como Imperial do álbum Sonic Flower Groove [1987], Movin' On Up do aclamado Screamadelica [1991], Accelerator de xtrmntr [2000], Contry Girl do recente álbum Riot City Blues [2006], tocada a pedidos, mas também deixaram bem claro que a turnê é do disco novo e ejá na abertura lá estavam a faixa título e a empolgante Can`t Go Back, além da dançante Zombie Man e outras um pouco mais lentas como Glory of Love, Beautiful Summer e Urban Guerrilla, provando que apesar dos anos de estrada, esta galera não deixa pedra sobre pedra.
No outro lado da cidade, no palco MTV-Fòrum começava a sessão corujão. Muita gente foi embora após o Primal, mas muitos seguiram para conferir Supersubmarina, pop/indie espanhol, Vetusta Morla com seu rock alternativo madrilenho, o punk rock/glam do Krakovia, também de Madrid. Quem já teve outras oportunidades de conferir ao vivo, sabe que é sempre muito interessante vê-los. Teve espaço ainda para os locais La Casa Azul com seu pop/club retrô.
Domingo, 21. O velho Teenage Fanclub
No Domingo, o que se destacava entre muitas atrações eram os britânicos do The Whip e sua mistura do pop made in Manchester com música eletrônica, numa noite indie/rock que prometia muito no Espacio Movistar. Quem foi a Sala Apolo ver o The Whip presenciou algo mais moderno e dançou bastante, enquanto quem foi ao Movistar conferiu uma noite mais nostálgica.
Apesar de The Last 3 Lines terem feito um excelente show e confirmado o posto de uma das bandas promissoras de Barcelona, os belgas do Sharko não "levantaram" tanto assim o público presente. Ao contrário das suecas Sahara Hotnights, que com seu rock ou powerpop básico, agradaram em cheio, com destaque para a vocalista Maria Andersson, que além da elegância de portar saltos altos e calças bem ajustadas ainda toca sua guitarra com um estilo de dar inveja. Destaque para Cheek to Cheek do recente álbum What if Leaving is a Loving Thing [2007].
Para fechar a noite os escoceses Teenage Fanclub, que de teenagers já não têm nada. O que vimos foi um grupo de cabelos bem agrisalhados tocando, cujo primeiro disco foi lançado há 18 anos. Mesmo assim valeu a pena conferir músicas como Starsing de Bandwagonesque [1991], About You e Mellow Doubt do álbum Grand Prix [1995]. I Need Direction e Dumb Dumb Dumb de Howdy [2000] e até It`s All in My Mind do útimo álbum lançado Man-Made [2005]; Time Stops deste último também marcou presença no setlist. Olhar em volta e ver a multidão cantando, muitos vestindo camisas da banda, é perceber que a história destes escoceses fala mais alto.
Segunda, 22. Ainda tá rolando?
A data quase passa despercebida, não fosse alguns concertos na sala Bikini. Funking Chaos, com seu funk experimental proveniente de Barcelona, foi o responsável por abrir a noite. Jamie Woon da Inglaterra seguiu a noite com seu soul/funk e José James de Nova Yorke com jazz/soul fechou a noite que mais serviu para um relax mental depois de um fim de semana com tantas guitarras e misturas musicais.
Terça, 23. Volta à maratona de shows

Noite de terça-feira e mais uma maratona gratuita de shows. Eram tantas as opções que o público mais uma vez ficou dividido. Com a colaboração da Red Bull Music Academy estava previsto para o palco Plaza dels Àngels o show do brasileiro Ed Motta que, por algum motivo ainda não esclarecido, foi cancelado. Uma pena já que o público brasileiro residente ou a passeio em Barcelona compareceu em peso ao palco montado diante do Museu de Arte Conteporânea.
Entre as estreitas ruas do bairro gótico e atrás da catedral, mais precisamente na Plaza del Rei, se encontrava entre paredes de pedras sólidas de séculos passados um palco mais escondido, onde iria se apresentar Russian Red, uma jovem que aos 22 anos se converteu numa das maiores promessas indie da Espanha, além do American Music Club. Muita gente reclamou que o acesso ao local era espremido e difícil [estava lotado], mas foi muito bem escolhido por dar um ambiente mais íntimo ao show.
Vale lembrar que no festival Primavera Sound, a senhorita Lourdes Hernándes [verdadeiro nome da cantora] não conseguiu dar esta atmosfera a seu show devido às interferências sonoras de outros palcos; era nítida a cara de desconforto da jovem.
Bem próximo dali também estavam outras boas pedidas. De volta à Plaza Reial se apresentaram Pumuky, banda de Tenerife, que deixou muita distorção no ar e os garçons dos restaurantes ao redor com cara igualmente distorcidas. The Secret Society apresentou em show acústico e solo do vocalista , com músicas de seus EPs e do CD Sad Boys Dance When No One´s Watching [2005]; já que o resto da banda por algum motivo [também não esclarecido] não deu as caras.
A terceira atração da noite foi David Bazan, ex-lider da banda Pedro the Lion, que também fez um show acústico. Se manteve por mais de uma hora comandando seu público com sua excelente voz e seu pequeno violão. Não é à toa que é considerado pela revsita Paste como um dos 100 melhores compositores/intérpretes em vida na atualidade. E para fechar a noite na Pl. Reial lá estavam The Long Winters , banda de John Roderick que apesar das conturbadas mudanças de formação vem mantendo a formação atual há algum tempo. Havia uma expectativa muito grande para o show e a chuva que insistia cair desde o primeiro dia de festival não parecia baixar os ânimos dos americanos, levando em consideração que são de Seattle e talvez quisessem ver dias mais bonitos do que o de costume em sua cidade.
A chuva ameaçou e não caiu, mas o show cumpriu as expectativas do público e os longos invernos não decepcionaram. Apresentando músicas como Blue Diamonds, Cinnamon e Stupid do álbum When I Pretend to Fall [2003], Pushover e a honestíssima Honest de Putting the Days to Bed [2006], eles levantaram de vez o público que não deixava escapar uma única palavra das letras; de repente todos viraram fluentes em inglês. Durante a apresentação o grupo ainda promoveu um troca-troca de instrumentos, vocalista vai para o piano, baixista na guitarra, guitarrista no baixo e de quebra a participação mais que especial de David Bazan em uma das músicas.
No fim das contas, o BAM 2008 encerrou suas atividades nesta noite mesmo, embora as atividades culturais na cidade tenham seguido até o último domingo do mês. No dia 24 houve uma queima de fogos já tradicional em Barcelona para celebrar o dia da padroeira da cidade. Algo semelhante à queima de fogos no reveillon de Copacabana, e que por aqui, também pôs um ponto final no belo verão musical que passou.
Também publicado por Revista Paradoxo http://www.revistaparadoxo.com/
Mais fotos sobre o festival em www.flickr.com/photos/mauriciomelo
ENGLISH VERSION.
BAM - BARCELONA ACTION MUSIC
by Mauricio Melo.

The BAM, Barcelona Action Musical, is more than a simple music Festival. Has become a genuine Guide to discover new proposals and still have the opportunity to see bands that are part of pop/rock history. Pop, punk, indie, folk, electronic, DJs, Jazz, hip-hop, Rumba mergers and other creative living peacefully in free concerts spread by the city of Barcelona, it has year with participation of the so-called rooms shows, venues of small and mid size as Bikini, l'Apolo. The Festival is purposely during festivities of Mercé, patron Saint of City, which this year, happened between 19 and 28 September.

This was highlighted for the new Spanish trends, using as a seasoning some names on the international stage. Was the case of Krakovia, Russian Red and Primal Scream. There were over 70 presentations on 13 stages, with musicians from United States, England, Cuba, France, Sweden, Finland, Canada, Lebanon and Nigeria. The main stage were of the former factory Estrella Damm, the excellent Espacio Movistar and Plaza Real, plus a special evening in Plaza del Rey. The proposals emerging were received in the Plaza dels Angels.
The festival began on Thursday with two shows to heat. Yas with your electronical-pop sung in Arabic on stage in front of the French Institute of Barcelona. Indoor, at CCCB [Contemporary Culture Center of Barcelona], the BCNmp7. However was Friday, 19th, that the party has taken.

Friday 19th, the Canadian revelation.
In actual enthusiastic crowds from witnessing stood Raydibaum, local pop / Rock / alternative her third disk, Manual Genere Catastròfic [2008], the first album of the band sung in Catalan. Then was the turn of pop / hip hop Facto Delafé y Las Flores Azules with colored balloons around the stage, soap bubbles and confetti posted at public that sung all the songs with the locals.

The third show of the evening was the first [single] international band in enthusiastic crowds from witnessing Plaza Real, Sam Roberts. Virtually unknown in Europe, this Canadian reached prepared to conquer your space his third album, Love at the end of the World [2008] that was number on of sales in your country after posting. This is a mixture of Rock and folk and American style with some power pop.

I was surprised him here, because I share this musician since my living in their country of origin and had never heard someone mention their name in Spain, but for the proposal of the BAM, it couldn't be better. The public not caved to rain that insisted, much less Sam and his band seemed mind about few drops of water that came from the sky. The highlight of the show was "Brothers Down" of the first EP Inhuman Condition [2002].
To close this evening was chosen the quintet Siniestro Total, punk-rock band from Galícia [Vigo] that celebrate the many punks present. With almost 30 years, they do not disappointed and proved to be in shape, including your version of "Sweet Home Alabama" to "Miña Terra Galega".
The fans of hip-hop had a good options at the MTV-Fòrum stage, with the Chacho Brodas, Shotta, Ari and Calle 13 from Barcelona, Sevilla, the Dominican Republic and Puerto Rico respectively.
The Forum included a stage dedicated only to the electronic music. Still passed by the stage of Fabra i Coats The Pepper Pots with your ska/reggae and soul with the 3 frontgirls and an excellent band support. Despite being Catalan, the letters are in English. Just after past by this stage La Kinky Beat, a group more mixing everything, jungle, reggae, rock and here turned feeling underground sensation.
Saturday, 20. A question: to which stage we should... AH Yes, the Primal Scream!
The Saturday was a day full of attractions and of course these so many good requested were purposely spread to divide the public. In the Plaza de L'odissea mission stood Nudozurdo with your rock/indie from Madrid sung in Spanish. Then Camping, excellent rock band alternate Barcelona [with letters in English], her most recent work Politics of Love [2008] and set selling Politics of Hate [2008], an EP that can only be purchased in concerts. There was still time to (lo:muêso) with your noise/rock and about to launch their third album. Are the spanish bands growing up in the international scene.
As soon as in Plaza Real stood Le Petit Ramón Experimenta 3, Love of Lesbian, Los Niños Mutantes and The Automatic. With the exception of the last one, all spaniards. The Automatic, Wales, debut in Barcelona with your indie rock releasing their recent work This is a Fix [2008]. However much of the public has the same stage mounted in front of the old factory Estrella Damm, where in fact was the main stage of the Festival, which received this evening band pop alternative local Mishima to heat the crowd. Then Antònia Font with their psychedelic pop, that often resembles a soundtrack movie, opened for the great attraction of the Festival, the Primal Scream.
The British had already passed through Barcelona making a pre-release Beautiful Future [2008] in the Summercase Festival, two months ago, and have once again the control of the game to delight, not only with old songs as "Imperial" album Sonic flower Groove [1987], "Movin On Up" from the acclaimed Screamadelica [1991], "Accelerator" from xtrmntr [2000], "Contry Girl" of the recent album Riot City Blues [2006], but also show that the tour is the new album one and since at the opening should the track title and the exciting "Can't go Back", in addition to "Led Zombie Man" and other a little slower as "Glory of Love", "Beautiful Summer" and "Urban Guerrilla", proving that despite the years, they don't leave dust on the stage.
On the other side of the city, on the stage-MTV-Fòrum was session owl. Many people left after the Primal, but many to give Supersubmarina, indie pop / spanish, Vetusta Morla with alternrock from madrid, the punk Rock / glam lipsticks of Krakovia, also from Madrid. I've had other opportunities to see them, and we know that is always very interesting to see them. Had enough space for the local La Casa Azul and their pop / club retro.
Sunday, 21. The known Teenage Fanclub
On Sunday, what excelled among many attractions were the british The Whip the mixture of pop made in Manchester with electronic music, overnight indie Rock / promise in Espacio Movistar. Who went to Apolo to see The Whip checked something modern and very pity, as the ones that went to the Movistar gave a nostalgic evening.

Although The Last 3 Lines have done an excellent show and confirmed the headquarters of the bands promising Barcelona, the Belgian Sharko not "raised the public. We cannot say the same for the sweedish Sahara Hotnights, that with your rock or powerpop basic was powerfull enough to heat the place, particularly the singer Maria Andersson, that in addition to the elegance of her slim fits pants and heel matching still plays guitar with a style to envy. Focus on "Cheek to Cheek" of recent album What if Leaving is a Loving Thing [2007].
To close the night the Scots Teenage Fanclub, which already teenagers have nothing. What we saw was a group of gray hairs playing, whose first album was released there are 18 years. Even so worthwhile give music as "Starsing" of Bandwagonesque [1991], "About You" and "Mellow Doubt" from the album Grand Prix [1995]. "I Need Direction" and "Dumb Dumb Dumb" of Howdy [2000] and "Until it`s all in My Mind" from the last the album Man-Made [2005]; "Time Stops" was in the setlist too. Look around and see the crowd sing, many wearing shirts, is the history of Scottish speech loudly.
Monday, 22. Still around?
The date is almost unnoticed, was not some concerts at the Bikini room. Funking Chaos, with their funk experimental from Barcelona, was responsible for the open night. Jamie Woon from England followed the evening with your soul/funk and José James new York with jazz/soul closed the night that served to a mental relax after a weekend with so many guitars and mixtures.
Tuesday, 23. Back to Marathon shows

Night of Tuesday and another marathon of free concerts. Were so many options that the public once divided. The Red Bull Music Academy was laid down for the stage Plaza dels Àngels the show of Brazilian Ed Motta that for some reason, was canceled. So sad for the Brazilians resident or in Barcelona for visiting were there to the stage mounted in front of the Conterporary Art Museum.

Between the narrow streets and behind the Cathedral on Plaza del Rey, was between the walls of solid stones from the past centuries a stage more hidden, which would present Russian Red, a young singer of 22 years of age has become one of the greatest indie promises of Spain, in addition to the American Music Club. Many people claimed that access to the location was squished and difficult [was] crowded, but it was so give a more intimate to show.
It is worth mentioning that at the Primavera Sound Festival, this little girl Lurdes Hernándes [true name singer 's] could not give this atmosphere at your show due to noise other stages; it was clearly the faces of discomfort.

And just beside were also other good requested. Back to the Plaza Reial stood Pumuky, band from Tenerife, which left a lot of distortion in the air and the waiters of restaurants around with the faces also distorted. The Secret Society presented in show acoustic and just the singer with music EPS and the album Sad Boys Dance When no one´s Watching [2005]; since the rest of the band for some reason [also unclear] did not the faces.
The third attraction of the evening was David Bazan, former leader of the band Pedro the Lion, which also made an acoustic show. Remained for more than one hour commanding your audience with its excellent voice and his small acoustic guitar. That's why he is considered by the Paste magazine as one of top 100 composers/interpreters in life today. And to close the night in PL. Reial there were The Long Winters, band John Roderick that despite trouble changes training is maintaining the current training for some time. There was a forward too large for the show and rain that insisted fall from the first day of Festival not seemed to put down the minds of the Americans, taking into account that are Seattle and perhaps they wanted to see the most beautiful days than the usual in your city.
The rain threatened and has not, but the show has fulfilled the expectations of public and The Long Winters not disappointed. Introducing music as "Blue Diamonds", "Cinnamon" and "Stupid" from th album When I Pretend to Fall [2003], "Pushover" and "Honest" of Putting the Days to Bed [2006], and for a moment everybody in Barcelona all turned fluently in english. During the presentation the group is still promoted an exchange of instruments, singer goes to the piano, bass on guitar, bass guitarist in and break participation more than special David Bazan in one of the music.
Ultimately, the BAM 2008 closed activities this evening, although the cultural activities in the City have followed up the last Sunday of the month. On September 24th there was fireworks already traditional in Barcelona to celebrate the day of the patron Saint of the City. Something similar to the traditional fireworks in the new year's eve Copacabana, and here, also put an end to the beautiful musical summer.



Por trás do Monstro Invisível


O novo clipe d’O Rappa, "Monstro Invisível", dirigido e realizado pelo casal Gustavo Melo e Luciana Bezerra, concorre ao VMB como melhor clipe do ano. Ambos fazem parte da primeira safra da escola de cinema do Grupo Teatral Nós do Morro (RJ). Seus professores, Rosane Svartman (Como Ser Solteiro No Rio De Janeiro) e Vinicius Reis (Saens Pena, a Estação Final).

"Monstro Invisível", o novo clipe d’O Rappa"Monstro Invisível" é considerado pela própria dupla como o milagre mais recente realizado pelo núcleo de cinema. "Foi uma correria, filmamos em apenas dois dias, mas ficou emocionante", contam Gustavo e Luciana. "O clipe ficou bem doc e só foi possível por causa das infinitas parcerias, toda a galera do Nós, a montagem hipnótica do italiano Alessio Slossel". Slossel chegou no Nós há oito anos e ficou no grupo. Contaram ainda com a parceria da produtora El Desierto, que através da amizade do Diretor de Arte, Pedro Rossi, convidaram dois coletivos cariocas de grafiteiros e interventores intitulados "Nacão" e "El Ninho": Gais, BIG, Mateu Velasco e Pedro Rossi. As artes dos cartazes foram interpretações dos próprios para a música "Monstro Invisível": "A banda deu total liberdade, confiou no nosso trabalho". O Rappa já teve três clipes com elenco do Nós do Morro (Minha Alma, O que Sobrou do Céu e O Salto) e agora veio a oportunidade da direção e realização. O diretor de fotografia André Lavaquial é o diretor do curta brasileiro mais badalado em Cannes este ano: "Som e o Resto". O clipe tem as participações de Jonathan Azevedo/Negueba (7 Minutos de Cavi Borges), Kikito Junqueira (Cidade de Deus e Era uma Vez) e Marcelinho Mello (o Sandro, de Ônibus 174, de Bruno Barreto) e foi filmado no Rio de Janeiro, do Centro ao subúrbio, passando por bairros da Nova Holanda, Penha e Brás de Pina.

Sobre Gustavo Melo:Gustavo passou a infância e adolescência no subúrbio da Leopoldina, mais precisamente no bairro de Brás de Pina, onde desde criança devorava quadrinhos. Com o passar dos anos, virou cinéfilo consideravelmente conhecido e reconhecido nas vídeolocadoras do bairro.Pouco mais adiante, seu bairro natal e principal fonte de inspiração até os dias atuais se tornaria pequeno. Somado a alguma resistência familiar, em 1997 foi morar no morro do Vidigal, Zona Sul, para estudar e fazer parte do Núcleo de cinema do Grupo Teatral Nós do Morro, coordenado pelos cineastas Rosane Svartman e Vinícius Reis. Um ano depois passou a dar aula de cinema como multiplicador para jovens e adolescentes. Em 1998 participou do Projeto "Estereótipos", desenvolvido em intercâmbio através da Comunidade Européia com cinco países: Alemanha, Brasil, Colômbia, França e Portugal. Fez parte da equipe de Roteiro e Direção.Em 1999 recebeu o prêmio de roteiro da Riofilme, com o curta-metragem O Jeito Brasileiro de ser Português e fez a sua tão sonhada estréia na direção. Dib Lutfi, o fotógrafo histórico do movimento Cinema Novo fez a fotografia do curta.Em 2000, trabalhou com mais cinco roteiristas no longa metragem Abalou - Um Musical Funk, premiado pelo MINC no concurso de roteiros. Em 2002 fez a adaptação do livro Nação Crioula, de José Eduardo Agualusa, para um longa a ser dirigido por Blisário Franca. Participou de outros curtas como o Mina de Fé, de Luciana Bezerra (melhor curta metragem no festival de Brasília, convidado do festival Clermont-Ferrand de 2004), que também já rodou o Brasil e Europa sendo exibido nos mais diversos festivais.Também ganhou prêmio de Melhor Texto no primeiro Festival Carioca de Esquetes de 2003. Foi um dos seis roteiristas no Workshop de Roteiros para Sitcom, coordenado por Debbie Allen, Michael Ajawke Jr. e Bentley Evans. Teve sua estréia como autor teatral com a peça Biografia (não-autorizada) de uma família. Publicou ainda o conto Dois Irmãos, na Revista Piauí, em dezembro de 2006. Em 2004 foi um dos premiados com o roteiro Picolé, Pintinho e Pipa, no concurso de editais no MINC, realizando assim seu segundo curta metragem em 35mm. Picolé, Pintinho e Pipa recebeu o prêmio ABD&C (1º Festival Visões Periféricas/2007/RJ) e continua sendo convidado no Brasil e no exterior. Trabalhou também em documentários como A Cobra Fumou, além de dar seus primeiros passos em vídeoclipes com o rapper Macarrão e música eletrônica de RRamos.Recentemente, co-dirigiu o filme/documentário (22 minutos) Minha Área, que foi exibido em alguns festivais no Brasil, entre eles o tradicional Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro.O rapaz não parou por aí. Já tem em seu calendário Dia de Visita, roteiro de longa metragem produzido em parceria com Cavi Borges, a ser produzido ainda este ano pela CAVIDEO, e A Distração de Ivan, prêmio de Roteiro pela Petrobrás recebido em 2007, para um curta-metragem a ser realizado ainda em 2008, cujo roteiro teve mais uma vez seu bairro natal Brás de Pina como fonte de inspiração - assim como em outras ocasiões, boa parte das filmagens será feita no local, mais precisamente na casa de sua avó materna, onde passou parte de sua infância.A ida de Gustavo ao Nós do Morro não lhe rendeu somente aventuras cinematográficas. Lá também encontrou Luciana Bezerra, atriz, roteirista, diretora e mãe – e casou-se com ela. Os dois dividem sonhos, frustrações, realizações, idéias e um filho.


O LINK PARA VISUALIZAR A VERSÃO OFICIAL DO CLIPE NO YOUTUBE É ESTE - http://br.youtube.com/watch?v=C1jrGzvpodU

God Save The Kings!

Foto tirada durante o festival Summercase Barcelona 2008 - Mauricio Melo

God Save the Kings!
Kings of Leon Lançam quarto disco e conquistam o Reino Unido
por Mauricio Melo - Barcelona, Espanha[24/09/2008]

Desprezados por parte da imprensa, mas elogiados por um grande público. É com esse estigma eterno que o Kings of Leon apresentam, no próximo dia 23 de Setembro, seu quarto disco, Only by the Night [2008]. A família Followill, nativa de Nashville (Tenessee - EUA), enfrentou grandes desafios para finalmente conquistar o Reino Unido: deixar para trás a sombra dos Strokes, manter assombrado seus leais seguidores, provar que não faz mais shows por pura diversão e esbanjar altas doses de profissionalismo, como fizeram em Barcelona no festival Summercase e em Glastonbury, onde foram headliners.
Mas antes de chegar ao atual estágio, a banda passou por diversas transformações. Com Youth and Young Manhood [2003], ela deu seu tiro de partida que culminaria em Aha Shake Heartbreak [2005] – o álbum levou-a a ser convidada de honra na turnê do U2. Na seqüência, Because of the Times [2007] deu mostras de um rock moderno com pinceladas que iam do punk ao progressivo, apresentando uma banda mais madura. Por fim, Only by the Night. O álbum foi gravado em somente um mês e meio, na própria Nashville, e parece trazer maior concretude nas idéias e um som mais amplificado.
Qualidade que se reflete na procura por ingressos. Em Glastonbury a banda tocou para mais de cem mil pessoas, nos os próximos meses está com uma turnê marcada para grandes estádios no Reino Unido. É possível que nem eles imaginassem tamanho reconhecimento em tão pouco espaço de tempo. O sucesso provavelmente foi ocasionado por Because of the Times, um marco para a banda que a transportou do chamado rock de roça para os grandes palcos.
De todo modo, nem tudo é tão simples e glorioso para os sulistas. Em seu próprio país, o reconhecimento ainda não chegou – e talvez ainda demore um pouco. Mesmo que seja grande o acesso a boas bandas e movimentos culturais, boa parte dos norte-americanos ignora este privilégio. Alguns só se tornam grandes depois de serem reconhecidos na Europa. E pelo andar da carruagem, os Kings parecem realmente ter intenções de conquistar de vez o velho continente, embora não tenham desistido ainda de seu país de origem.
Com relação ao novo disco, analisado a partir de algumas faixas antecipadamente lançadas para iPods, é visível a evolução musical dos ex-caipiras. Closer abre o disco e dá a nítida sensação de se escutar uma continuidade de Because of the Times, com um perfil mais progressivo e moderno. Na seqüência, Crawl é um petardo com uma sonoridade de guitarra e baixo – são zumbidos que lembra o U2 quando deixou de lado seu rock 80's e apresentou ao mundo Achtung Baby [1991]-, mostrando que o convívio ensina muitas coisas e os Followills não são tão matutos quanto pareciam. A terceira faixa, single no mundo inteiro e que chegou a primeiro do ranking europeu, é Sex on Fire. Talvez seja um único sopro do antigo Kings of Leon, lembrando as músicas de Aha Shake Heartbreak com uma roupagem mais moderna.
Se já não o é, Use Somebody será o novo hit do disco. Acerta em cheio, é pegajosa e dá margens para o coro de fundo da multidão em um show. Outro exemplo da já citada evolução é Manhattan, que adiciona som de castanholas para decorar a canção. Seguindo o formato da faixa anterior, Revelry tem uma definição muito básica, bonita letra [até certo ponto inocente] e certa beleza na simplicidade de como é tocada, mais puxada para o pop. Não fosse cantada com o forte sotaque sulista de Followill, poderia causar um efeito muito diferente.
17 segue misturando pop, rock e, com uma introdução ao som de sinos, dá o tempero setentista que a banda vem utilizando com freqüência – vale lembrar que em recente apresentação no citado festival Summercase, o grupo utilizou No Quarter do Led Zeppelin como introdução. Em Notion, ao invés de sinos utilizam piano, dando mais uma mostra de maturidade musical. Be Somebody, por mais que pareça absurdo e não encaixe com o perfil do grupo, é praticamente uma música post-punk, com baterias tribais que muitas bandas utilizaram nos anos 80 [citaria Cure entre elas], riffs de guitarras e baixo marcado lembrando bastante duas bandas de uma única formação: Joy Division e posteriormente New Order [a primeira no decorrer da canção e a segunda no refrão].
I Want You e Cold Desert são as músicas mais extensas do disco, a primeira antes de Be Somebody, que apesar de lenta tem tom animado. Cold Desert fecha o disco em tom de despedida, lenta, arrastada mas sem se tornar chata.
Os fans mais antigos podem até torcer o nariz, porém era inevitável que a mudança acontecesse. Quando surgiu, a banda tinha muito potencial, mas um conhecimento cultural e musical até certo ponto limitado. Ao sair pelo mundo excursionando com grandes bandas e tendo a oportunidade de devorar novas culturas, ela naturalmente avançaria o feijão-com-arroz. A mudança não se reflete somente na música da família Followill. No último fim de semana, ela tocou no Saturday Night Live e em nada lembravam aqueles meninos caipiras, com camisas xadrez, jeans esfarrapados e barbas por fazer.
Talvez o Kings of Leon tenha sido injustamente taxado por participarem de uma geração que surgiu em meio a bandas como The Strokes e The White Stripes. Também influenciou certo preconceito, por serem uma banda sulista [coisa comum nos Estados Unidos]. Mas se as bandas citadas perderam um pouco de força, apesar da incontestável qualidade, o Kings of Leon seguiu caminho oposto, principalmente na Ilha Cinzenta – como é chamada por aqui o Reino Unido.
Only by the Night tem como datas oficiais de lançamento 22 e 23 de setembro, a primeira no Reino Unido e a segunda mundial. Além de algumas músicas já disponíveis no MySpace da banda, boa parte já vazou na web. O disco que prometia um retorno às raízes na verdade é uma mistura de tudo que já fizeram: tem algo dos dois primeiros melhor elaborado, fazendo o perfil do trabalho anterior. God Save the Kings!
Também publicado em Revista Paradoxo www.revistaparadoxo.com
Mais fotos sobre os Kings of Leon - www.flickr.com/photos/mauriciomelo

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Novos Nomes - Gustavo Melo por Cavi Borges




CINE CLUBE OGLOBO
NOVOS NOMES POR CAVI BORGES.
GUSTAVO MELO.

Gustavo Melo é um cara realmente especial. Alem de coordenar o Núcleo de Cinema do Nós do Morro, é curta-metragista, roteirista, dramaturgo e pai do lindo João Pacífico.
Nascido em Brás de Pina, subúrbio do Rio e residente atual do Morro do Vidigal, esbanja talento e simplicidade. Um observador nato e um grande contador de histórias. Querendo ver seu primeiro curta "O JEITO BRASILEIRO DE SER PORTUGUÊS" ou seu último trabalho "PICOLÉ, PINTINHO E PIPA" procure no site do PORTA CURTAS. Abaixo uma entrevista para o blog CINECLUBE:

1 - Fale de como você ingressou no cinema
A região da Leopoldina, Zona Norte, onde fui criado, lá no Bairro de Brás de Pina, a cinco minutos da Cidade Alta (conjunto residenciais que serviu de locação para a fase dos anos 70, do filme "Cidade de Deus") não tinha muitos cinemas ou teatros. Mas tinha começado a febre das locadoras, (a partir da segunda metade da década de 80) e em 1991, 92, eu aluguei dois filmes que mudaram a minha cabeça completamente: "OS BONS COMPANHEIROS" (1990) do Martin Scorcese e "FAÇA A COISA CERTA" ( 1989), do Spike Lee e pude ver que as coisas que aconteciam no meu bairro eram parecidas, os problemas, os questionamentos de uma geração. A falta de perspectivas, falta de acesso...mas os dois filmes oferecem um arsenal cinematográfico de empolgar qualquer um.Mas eu posso assegurar que não foram só filmes, na verdade a Literatura foi o primeiro bombardeio de imagens, mas precisamente, um poema que se chama: "A Morte do Leiteiro", de Carlos Drummond de Andrade e o livro do Gabriel Garcia Marquez: "Crônica de uma Morte anunciada", e li estes escritos, antes mesmos dos dois filmes citados, ali por volta do Segundo Grau, e aí sim, posso dizer que foram duas pauladas que mudaram meu modo de ver o cotidiano.

2 - Como chegou ao grupo NÓS DO MORRO?
Eu queria fazer cinema, mas não conhecia ninguém dessa área, até que eu vi uma entrevista do Cacá Diegues na televisão e percebi que era um cara generoso, boa pessoa, simples. Então lhe escrevi uma carta (na época eu tinha dezoito anos) e expliquei que sabia como era difícil e complicado fazer cinema nacional, mas queria tentar fazer parte desse universo, eu consegui fazer com que a carta chegasse até ele, ele leu e na hora quis me ajudar, me indicando ao Nós do Morro, que lá iria iniciar um núcleo de cinema, com os cineastas Rosane Svartman e Vinicius Reis, dois cineastas que haviam conhecido o Guti ( fundador do grupo) e que também é ator, eles conheceram o Guti e os atores numa filmagem que trabalhavam como técnicos e propuseram que aqueles atores também poderiam se profissionalizar nessa área mais técnica dos bastidores do cinema e deu muito certo essa história toda, o núcleo de cinema está completando dez anos, dentro da existência de 22 anos desse grupo. Ter chegado ao Nós, mudou a minha vida para sempre, já me sinto completamente realizado.

3 - Fale de seus filmesToda essa história de fazer filmes vem da obsessão pela Literatura, do gostar de escrever histórias.Então o primeiro curta que fiz, foi o "O Jeito Brasileiro de Ser Português", foi um roteiro escrito a partir de um bar que existia perto de minha casa lá em Brás de Pina. O roteiro foi selecionado em Agosto de 1999 pela Riofilme, o prêmio era de apenas 30 mil reais. E foi o primeiro grande desafio para o Núcleo de cinema, que neste momento estava começando a estudar cinema fazia apenas dois anos... A equipe foi toda do Nós do Morro, representando assim uma vitória para todos, porque só estudávamos cinema havia um ano, e de repente sai um prêmio que era obrigatório o uso da Câmera de cinema, o uso da película coisa e tal, então foi um privilégio muito grande, muito rápido também, porque havíamos colocado na cabeça que queríamos "cinema puro" e ele veio. BUM! O Histórico fotógrafo Dib Lutfi fez a direção de fotografia, nós o conhecemos primeiro numa das aulas de cinema onde foi apresentado o documentário: "DIB", da Márcia Derraik e Simplício Neto, e ao terminar o documentário, foi uma unanimidade: "um dia se conseguirmos fazer cinema, vamos convidar o DIB para fazer a fotografia", e foi exatamente o que aconteceu, como um desses filmes de sessão da tarde que você faz um pedido e ele acontece. DIB LUTFI foi muito generoso, a câmera que ele usou foi uma Aaton 35mm emprestada com a maior gratidão por Walter Salles através da VideofilmesFoi realmente, para todos , 4 dias únicos e eternos, naquele Janeiro de 2000

4 - Como foi a viabilização e a produção desses filmes
Mas o Núcleo de cinema aqui do Nós realmente está sempre se superando e se reinventando a cada trabalho da galera. A Luciana Bezerra que fez o premiado "Mina de Fé", é a responsável pela estrutura que é montada para realizar milagres diante de tantas dificuldades e os baixo orçamentos que encaramos
Só voltei a filmar verdadeiramente cinco anos depois, com o roteiro do curta: "Picolé, Pintinho e Pipa". Esta história foi vivida e escrita pelo André Santinho, um dos mais antigos atores aqui do Nós e que sempre trabalhou assinando a Direção de arte de todos os filmes que a gente conseguiu fazer até hoje. Foi muita generosidade dele pensar em mim para realizar este projeto. E foi selecionado em 2005, no segundo Edital de curtas Infanto Juvenil da SAV, MINC.Falando da viabilização e da produção do fazer cinema, conseguir a câmera e pagar a luz, são preços que você se sente constrangido de saber. Agora no nosso último curta metragem: Picolé, Pintinho e Pipa, gastávamos seis mil por dia, numa comunidade, onde talvez quase ninguém ganhava aquilo por mês, então é muita responsabilidade fazer cinema em um país que não tem acesso financeiro para viver, imagina para fazer arte. Embora a arte, caminhe ao lado pão, acredito.

5 - E esse lado de roteirista/dramaturgo/escritor ?
Esse é o início de tudo e espero que seja o final de tudo também. Foi a descoberta da Literatura que começou essa história de fazer cinema, porque é muito difícil você falar que é Cineasta, a realidade é outra e pode ser bem cruel, então na verdade eu assinei como Diretor porque eu escrevi histórias que vivi e algumas foram premiadas. Tanto no teatro como no cinema.Mas a Literatura realmente é o sonho de uma vida, tenho isto como meta. Uma das maiores realizações foi a estréia da peça "Biografia (não-autorizada) de uma família". Porque escrever uma peça é algo enlouquecedor, o texto teatral é um gênero de séculos, é muita responsabilidade, requer muita experiência literária, terminá-la e levá-la aos palcos, é um dos meus maiores orgulhos.

6 - Fale um pouco dos Prêmios, viagens e coisas legais provenientes do cinema que você conquistou
Fazer "O Jeito Brasileiro de Ser Português" me fez ter uma sensação de orgulho; porque com filme matava vários coelhos com uma cajadada só. Primeiro em casa, onde eu passava a ser mais valorizado pelos pais: "é, ele está trabalhando naquilo que ele falou que ia trabalhar na vida" e depois pelo país: o primeiro festival que ele foi escolhido foi o Guarnicê do Maranhão, em 2001... e aí chegando lá, eu fui em Alcântara, um ilha próxima e um pequeno museu da família real estava abandonado, onde a família Sarney que dominava aquela região não estava nem aí para toda aquela riqueza cultural, aí pensei: "eu, de Brás de Pina, com o curta aqui, represento a minha história, faço mais pela cultura Brasileira do que os políticos".O audiovisual e estar no grupo Nós do Morro me possibilitou uma série de oportunidades, em 98 fizemos um intercâmbio com quatro países: Portugal, França; Alemanha e Colômbia. Foi a primeira vez que deixei o país, ir para Portugal fez a minha cabeça girar 360º e entender bastante o país e o porquê de nosso comportamento. Em 2002 fui a Miami, Montreal e Nova york, outro choque de um Latino americano. Agora em 2007 com o Picolé, fui a Espanha e na abertura do 18 Festival de cultura latino americana em Biarritz, sul da França. Acho que só através da cultura, eu poderia estar vivendo tudo isto.

7 - Ultimos projetos?(clipe do RAPPA, Distração de Ivan, Livro, trabalhos)
O curta "A Distração de Ivan" é este roteiro que vamos realizar juntos, a primeira grande parceria que vou fazer com o realizador deste BLOG CINECLUBE . Ele foi selecionado ano passado pela PETROBRAS CULTURAL. É uma história que fala do finalzinho da minha infância lá na Zona Norte, em Brás de Pina. A relação que eu tinha com a minha avó, meus amigos e o amor pelo bairro. Estou muito animado e orgulhoso, já temos um bom elenco, será o retorno aos cinemas da histórica atriz Myrian Pérsia. É sempre uma alegria poder filmar novamente. A literatura é algo diário, agora terminei um livro que caminha entre a poesia e o conto, se chama: "As primeiras páginas de meus livros favoritos", espero realmente que ele também possa "entrar em cartaz", já estou em contato com duas editoras. E o clip do Rappa foi o último milagre realizado pelo Núcleo de cinema do Grupo Nós do Morro. Foi uma correria, filmamos em apenas dois dias, mas ficou emocionante. Ele está concorrendo a melhor CLIPE do ano pelo prêmio da MTV, o VMB.O Clip ficou bem DOC e só foi possível por causa das infinitas parcerias, toda a galera do Nós, a montagem hipnótica do Italiano Alessio Slossel, um montador que chegou aqui no Nós há oito anos atrás e ficou no Grupo. E a parceria que tivemos pela primeira vez com a produtora El Desierto, que através da amizade com o Diretor de Arte, Pedro Rossi, convidamos dois coletivos de grafiteiros e interventores que é a galera do "Nação" e "El Ninho" : Gais, BIG, Mateu Velasco e Pedro Rossi. As artes dos cartazes foram interpretações deles para a musica "Monstro invisível". A banda deu total liberdade, confiou muito no nosso trabalho. A verdade é que O RAPPA já teve 3 clipes com elenco do "Nós do Morro" (Minha alma, O que sobrou do céu e O salto) agora deu essa oportunidade da direção e realização.

8 - Filmes e diretores que admira e que influenciam seu cinema
Eu sou um cara da geração 80. Então eu não vou esconder que fui um Blockbuster total, ingênuo mesmo, totalmente americanizado e muito pouco nacional.Ficava em filas imensas em Madureira, em Olaria, na Tijuca, no sol, para ver os Rambos; os Duros de Matar e os Van Damme, mas isso passou...só Jesus mesmo. A culpa não é só minha.Mas eu acho que tudo é influência é aprendizado, você não viaja apenas com Antonioni e Godard ou o Glauber...nós somos a geração que foi alfabetizada no audiovisual, na frente da tv. Então as minhas influências vão desde os desenhos de Speed Racer, depois Ultramen, Spectro Men, Sítio do Pica Pau amarelo, Os trapalhões do cinema e da Globo aos domingos, as sessões da tarde, depois veio o curta Brasil na Tve. Publicidades, vídeo clips, muita Tv Pirata, etc.Mas se tiver que apontar um único nome cinematográfico, eu sempre vou falar do Scorcese e o seu completo: "Os Bons Companheiros".

9 - Novos nomes ou filmes em curtas
Agora eu fico mais tranqüilo, porque eu vi chegar essa última retomada e os novos nomes estão aí e eu tenho muito orgulho de alguma maneira ser parte dessa geração. Admiro praticamente quase todo o cinema que vem do Nordeste: _Lírio Ferreira e Paulo Caldas com o inesperado "O Baile Perfumado", o Karim Ainouz, com o autoral "Madame Satã", o Cláudio Assis com a trilogia "amarela" dele. _"O Lavoura Arcaica" e todos os outros trabalhos que o Luiz Fernando Carvalho realizou, isto também é retomada._Os Documentários e seus documentaristas, a velha guarda e a nova: "Onde a coruja Dorme"; "Fala tu"; " A Margem da Imagem" e "Notícias de uma Guerra Particular"; " Santo Forte"; "Nós que aqui estamos por vós esperamos".Um filme que entrou imediatamente no meu top 10 e que tenho muito orgulho de ser o nosso cinema, embora o diretor seja Chileno é realmente "Proibido Proibir" do Jorge Duran, este para mim é o filme dos últimos dez anos de retomada. _Os Internacionais são muitos, agora eu to ligado neste turco alemão: o Fatih Akin, o cara do Old Boy e aquele "polvo vivo na cara", os americanos Paul Thomas Anderson e Todd Haynes, a Lucrecia Martel e os seus "Pântanos" e as "não-narrativas" do David Lynch e Wes Anderson._Falar dos curtas e de gente ( que já não é tão nova assim) é não esquecer jamais de todos do Kleber Mendonça com "A menina do Algodão"; de todos da Raça Filmes, "Unidos vencerás 1 e 2" e da Urca Filmes, Viva "Atrocidades Maravilhosas" e "Alô Tocayo". As animações do Allan Sieber e da chegada de "Vida Maria"( Primeiro filme do Márcio Ramos. O "Ilha das Flores" também será inesquecível para nossa geração. Um orgulho toda vida.Mas estou de olho muito em que está ousando, arriscando, fazendo doideiras ou coisas engraçadas, despretensiosas, como o pessoal do "Kino Copa"; "Mate com Angu" e o pessoal da "Tv Morrinho"; Os episódios do "Saci" e o "Banho de piscina" já entraram para a história. Só não vê quem não quer.
Entrevista feita por Cavi Borges de O Globo online na seção Cine Clube (Cultura).
Além desta, também foi publicada por Kamille Viola no Jornal O Dia uma outra matéria sobre Gustavo e Luciana no link http://odiadigital.terra.com.br/flip.php?idEdicao=1207&idCaderno=18&page2go=1&origem=4# SEÇÃO CINEMA DO PDF

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Summercase 08 - Barcelona.




Diante de tantas ofertas no cardápio de festivais europeus, marcamos presença no Summercase que, em sua terceira edição, já pode confirmar seu posto como um dos mais celebrados e disputados do mercado. São menos artistas porém muita qualidade e bom gosto.


Texto e Fotos Por Mauricio Melo


SUMMERCASE 2008
Parc del Fórum, Barcelona 18 e 19 de Julho 2008

Com artistas e público mais seletos, o Summercase Festival acontece de forma simultânea nas duas principais cidades espanholas, Madri e Barcelona. Sempre em uma sexta-feira e sábado, o line-up de sexta em Barcelona é o de sábado em Madri e vice-versa, tudo muito bem organizado, planejado e estruturado.


Haviam três palcos e uma lona para as apresentações. Nos palcos Movistar e Walkman se apresentavam os grandes nomes. No palco Converse, alguns DJs, experimentalismos e emergentes da cena pop/rock/indie. Na lona Levi's rolavam muitos DJs e apresentações de bandas locais e, vale citar, estava sempre lotada. Em stands de patrocinadores havia diversão para todos: lançamentos do Guitar Hero, simuladores de bateria, penteados loucos e exclusivos para o público curtir o festival no estilo.


1º Dia - Sexta-Feira 18/7

Apesar do dia ter começado cedo para muitos, às 16h45, com EASY SNAP no palco Converse, seguido de outros bons nomes como EL GUISANTE MÁGICO e WE ARE SCIENTISTS, foi somente no show de IAN BROWN que a coisa começou a tomar forma. Mesmo o pequeno atraso (coisa não habitual por aqui) não tirou o ânimo do fiel público que se aglomerou diante do palco para cantar e dançar ao som do ex-líder do Stone Roses que, para surpresa geral, não abriu seu set com a habitual “I Wanna Be Adored”, do álbum The Stone Roses [1989], hino na época, mas com a morna “The Sweet Fantastic”, Solarized (2004).

Ainda figuraram no setlist do mítico vocalista “Sister Rose”, do último trabalho, The World is Yours (2007), “F.E.A.R.”, do Music of Spheres (2001), entre outras. Já para o final de sua apresentação recebeu a participação mais do que especial de Gary Mounfield, atual baixista do Primal Scream, ex-membro original do Stone Roses. Não poderia sair nada mais do que uma seqüência para relembrar velhos tempos com “Elephant Stone”, “Waterfall”, “Made of Stone” e “I Am Ressurrection”, todas do primeiro disco daquela que foi banda ícone da geração Madchester.

Um pausa para um respiro até a entrada do GRINDERMAN. Liderado pelo eterno mal- humorado Nick Cave, acompanhado de alguns membros de sua banda atual, os Bad Seeds e ainda ex-integrantes do Cramps. Um projeto paralelo que vem dando certo, algo no formato garage-punk-blues muito barulhento. Uma diversidade de instrumentos no palco, todos tocando vários ao mesmo tempo, o próprio Cave se desdobrando entre piano e guitarra, além de sua inconfundível e grave voz; Warren Ellis tocando guitarra e chocalhos ao mesmo tempo. Abriram com “Get it On”, simplesmente destruidor, ainda que passassem pela lista músicas como “Love Bomb” e “Go Tell the Women”, todas de seu único disco, Grinderman (2007). Excelente.

Apesar de não ser conhecida por seu mau humor como Nick Cave ou exigências extrapolantes, Debby Harry e sua banda BLONDIE fez uma exigência com relação à imprensa: não deixou os fotógrafos se aproximarem do palco, ou seja, trabalhar na área reservada. Quem quisesse que fotografasse do meio do público e conseguisse o melhor ângulo. As más línguas diziam que era para esconder a idade.

Independente do ano de nascimento de Debby, abrir um show com “Hanging on the Telephone”, cover do The Nerves foi para deixar qualquer um satisfeito. Em seguida, “One Way or Another”, do álbum Parallel Lines (1978), mesmo álbum que contém a cover citada, foi a prova que apesar dos anos a voz de Debby continua tão em forma quanto a própria, que trajava um vestido justo, exibindo uma silhueta bem atraente para uma senhora.


O fundo de palco também fazia referência à capa do álbum em questão - esta turnê celebra os 30 anos do disco. Não faltaram os clássicos mais pop como “The Tide is High”, do álbum Autoamerican (1980), e “Union City Blue”, do Eat to the Beat (1979). Vale citar que estava lotado e com certeza foi um dos shows mais celebrados e cantados da noite principalmente na música “Maria”, do No Exit (1999), disco que marcou o retorno da banda depois de um hiato de 17 anos.

No palco Movistar, exatamente as 22h30, figuraram os nova-iorquinos do Interpol, cumprindo as expectativas de seu público que estava vestido a caráter e os aguardava com ansiedade. Com seu já manjado setlist que vem sendo executado na turnê do terceiro e recente álbum, Our Love to Admire (2007), abriram como de hábito com “Pionner to the Falls”. Sempre com pouca iluminação de palco e postura fria, logo na introdução de “Slow Hands”, Antics (2004) parte da bateria se soltou e foram obrigados a interromper a apresentação por alguns minutos, Banks em um bom castelhano quebrou o gelo com "Agora todos já sabem qual música será tocada".

Em um show de setenta minutos, coube ao Interpol fazer uma seleção do que eles têm de melhor, se é que eles possuem algo de ruim. Lá estavam “C'Mere”, “Narc”, “Evil” e “Take You On a Cruise”, do álbum Antics (2004), “No I in Threesome”, “Mammoth”, “Rest My Chemestry” e “The Lighthouse”, do último trabalho, e “PDA”, “Obstacle 1” e ainda “Say Hello to the Angels”, do primeiro album, Turn on the Bright Lights (2002). Antes de terminar a apresentação, Banks deu provas de que seu castellano não era de palavras decoradas e ressaltou "Não tinha reparado que de frente a nossos olhos e atrás de vocês está o mar - que privilégio estar tocando em um lugar assim.” Saíram do palco ovacionados.
Muito bem encaixado entre as apresentações principais da noite estavam os britânicos do MÁXIMO PARK. Originários de New Castle, esta banda vem conquistando seu espaço com velocidade, vale citar que um ano atrás, ainda em outro festival, tocaram em uma lona onde só cabia a banda e o público se acotovelou para vê-los. De lá pra cá, um par de apresentações mais e um segundo disco já foram o suficiente para fazê-los ainda maiores a ponto de estarem no palco Walkman após o Interpol e antes do The Verve, fazendo com que o público tivesse tempo de curtir o show.
Destaque absoluto para o vocalista Paul Smith, que por aqui já foi comparado a Mick Jagger com sua performance de palco. Muito simpático, comunicativo e agitado, como suas músicas. O primeiro álbum, A Certain Trigger (2005), é bem garage rock e o segundo, Our Earthly Pleasures, veio um pouco mais elaborado. “Graffiti” e “Going Missing”, do primeiro trabalho, “Books from Boxes”, “Parisian Skies” e “Our Velocity”, do segundo, fizeram a alegria dos presentes e confirmou a banda no merecido posto de uma das mais aplaudidas do festival.

Depois de anos de espera e o receio de que talvez não pudéssemos mais vê-los tocando ao vivo, tinha chegado o momento mais esperado da noite (e para muitos presentes, dos últimos meses, desde o anúncio de sua reunião no final de 2007). A princípio Richard Ashcroft (voz), Simon Jones (baixo), Nick McCabe (guitarra) e Peter Salisbury (bateria) se reuniriam somente para três noites na Inglaterra e nada mais. Parece que deu certo e decidiram então colocar THE VERVE na estrada novamente e já anunciaram novo trabalho ainda para este ano.

Com uma introdução ao estilo folk e uma excelente iluminação do palco Movistar, o público delirou ao ver Ashcroft entrar em cena bem em seu estilo, óculos escuros, jaqueta de couro, cabelos desalinhados e anunciar gritando “This is Music”, do segundo álbum A Nothern Soul (1995). Daí em diante foi uma seqüência inesquecível com “Slide Away”, do álbum Storm In Heaven (1993), “A New Decade” do já citado segundo álbum, e, é claro, muitas músicas do aclamadíssimo Urban Hymns (1997) como “The Drugs Don`t Work”, “Weeping Willow”, “Lucky Man”, “Sonnet” e “Bittersweet Symphony”. Era visível a emoção nos olhos dos fãs que cantavam cada palavra das letras. Terminando a apresentação, “Love is Noise”, o novo single que estará no trabalho a ser lançado este ano e se chamará Forth.


2º Dia - Sábado 19/7


Apesar de muitos terem apontado o primeiro dia como o melhor, por conter bandas com mais nome no mercado, o sábado não ficou pra trás. Com a presença de muitas bandas novas e emergentes na cena pop/indie atual, alguns nomes já conhecidos do grande público e até a presença [mais uma] da velha-guarda, o último dia também veio forte.


Começou com a sadia batalha entre THE KOOKS e SHOUT OUT LOUDS. De um lado, os jovens britânicos se apresentavam no palco Movistar e ainda durante a apresentação, os suecos do Shout Out Louds iniciavam seus trabalhos no palco Converse. O público ficou um pouco dividido mas com certeza ninguém saiu decepcionado. Os Kooks agradaram os mais pop com “Ooh La” e “She Moves in Her Own Way”, do disco Inside In/Inside Out (2006), e apesar de estarem lançando o também bom Konk (2008) as músicas do primeiro emplacaram mais.


Já no Converse os suecos apresentaram toda sua mistura de melancolia e positividade que figuram em seus dois álbuns, Howl Howl Gaff Gaff [2005] e Our Ill Wills (2007), com temas como “Please Please Please” e “Hurry Up Let's Go”, do primeiro, “Hard Rain”, “You Are Dreaming” e “Shut Your Eyes”, do segundo, foram algumas que agradaram em cheio. Em entrevista recente, o baterista Eric se disse muito interessado em um dia poder tocar no Brasil e parece que ao que tudo indica a banda está mais próxima do que nunca de nosso lindo país - olho neles porque são maravilhosos.


Retornando ao palco Movistar já estava em sua apresentação o BREEDERS, apresentando todo lado alternativo que ainda corre nas veias de Kim Deal. Um show morno que teve ponto alto na esperada “Cannonball”, do álbum Last Splash (1993). No Walkman THE STRANGLERS também fazia uma apresentação de respeito, deixando velhos fãs com um largo sorriso em suas caras.


Ainda sob a luz do dia veio a primeira "grande" banda do sábado, o KINGS OF LEON (foto) e seu rock and roll da roça. Utilizando “No Quarter”, do Led Zeppelin, como introdução, o quarteto entra em cena e, claro, não decepcionou em nenhum momento. Misturando músicas dos seus três álbuns tocaram “Wasted Time”, “Molly`s Chambers”, do álbum Youth & Manhood (2003), esta segunda em versão mais lenta do que a de estúdio. “Pistol of Fire” e “King of the Rodeo”, do álbum Aha Shake Heartbreak (2005), e do trabalho mais recente, que veio mais limpo e progressivo, Because of the Times (2007) tocaram, entre outras, “Charmer” e “On Call”. Apesar da mudança visual e do último trabalho também apresentar mudanças, já anunciaram que um novo disco vem sendo trabalhado e que voltarão às raízes.


Descendo para o palco Walkman era a hora de conferir MOGWAI e seu estilo shoegaze que, assim como o post-rock teve seu revival com bandas como Interpol e Editors, por exemplo, vem ganhando força novamente e principalmente depois da reaparição do my bloody valentine em palcos. O Mogwai apresentou em exclusividade para o Summercase o álbum Young Team (1997) tocado na íntegra, em comemoração a uma década de lançamento do aclamado disco, que teve relançamento recente com faixas bônus e apresentações ao vivo da época. Viagem total.


Marcado para as 23h20, os SEX PISTOLS anteciparam sua apresentação em dez minutos, ainda bem que a organização anunciou o adianto. Fazendo parte das estranhas exigências, John Lydon, Steve Jones, Glen Matlock e Paul Cook também fizeram uma pré-seleção dos fotógrafos que iriam ficar na linha de frente, ou seja, mesmo sendo credenciado ainda havia os selecionados entre os escolhidos, algo raro para uma banda punk. Com quilos a mais e vestido com uma roupa que o fez parecer um pé-grande, Lydon provou que ainda tem sarcasmo o suficiente para liderar os Pistols. Bem mesmo estava Jones, de bermudas e camiseta velha como que chegado da padaria, ou melhor, de um boteco, bem à vontade e se livrando do calor que fazia naquela noite.

“Liar”, “Problems”, “God Save The Queen”, “Anarchy in the U.K.”, todas do Never Mind the Bollocks Here's the Sex Pistols (1977), marcaram presença, para delírio dos britânicos que invadiram Barcelona para vê-los - e cantavam “No Fun, No Fun”, era demais. Pouco mais de uma hora de show foi o suficiente para provar que as pistolas sexuais continuam atirando por aí. Muitos jovens presentes ficaram impressionados ao ver pelo telão Lydon sem alguns dentes - essa rapaziada indie ainda tem muito punk para aprender.

Em seguida, porém no palco Walkman, hora de conferir de perto a badalada banda brasileira CANSEI DE SER SEXY. Capa de várias revistas na Europa e considerados um fenômeno musical, não decepcionaram. Com uma decoração de palco bem animada, balões de festa espalhados e músicas como “Off the Hook”, “Alala” e “Patins”, do álbum CSS (2006), demonstraram seu lado indie/pop/rock/eletrônico roubando a cena da noite em definitivo.

O local virou uma pista de dança e as arquibancadas já não tinham espaços. Estão lançando Donkey agora e deixaram escapar também que estariam em Barcelona gravando um novo videoclipe no dia seguinte após o show. Muito seguros no palco e comunicativos, tentando falar em castelhano, mesmo que não tão bem, o público entendia perfeitamente e aplaudia o esforço e a aquelas alturas, já valia tudo. Conquistaram tal espaço que não era qualquer erro de palavra ou conjugação que iria esfriar a galera. Destaque total para a vocalista Lovefoxxx que, com seus modelitos ousados arrancava gritos de “gostosa” da fila do gargarejo.

Mesmo tendo tocado na edição passada do festival, o KAISER CHIEFS participou do momento “vale a pena ver de novo” e demonstrou toda sua força. Seu animado vocalista Ricky Wilson começou a apresentação da forma mais inusitada possível. Chegou pedindo que o público gritasse o nome de sua banda quando perguntava "vocês sabem quem somos?". Uma vez que o volume da resposta foi suficientemente alto, desceu ao fosso que separa o palco da platéia para abrir a noite com “Everything is Average Nowadays”, do segundo álbum, Yours Truly, Angry Mob (2007), enquanto tigres infláveis voavam do público em sua direção.
Deste segundo álbum também apresentaram “The Angry Mob” e o hit “Ruby” mas a festa aconteceu mesmo ao som de “Na Na Na Na Naa, Eveyday I Love You Less and Less” e, é claro, “I Predict a Riot”, do primeiro álbum, Employment (2005). Como de hábito, a apresentação se encerrou com Wilson escalando as estruturas do palco. Sem ser anunciado, Kele Orekele, vocalista do Bloc Party, tocava uma percussão de maneira bem discreta ao fundo do palco - teria sido ainda mais discreta se ele não tivesse se envolvido em uma confusão no backstage com John Lydon. Dizem que a confusão começou por parte dos Pistols.

Já entrando pela madrugada de domingo, subiram ao Walkman os britânicos do FOALS com sua mistura de techno/rock ou math/rock e fizeram uma apresentação brilhante principalmente nas músicas “Cassius”, “The French Open” e “Balloons”, todas do seu único disco Antidotes (2008). Se continuarem neste ritmo vão dar muito o que falar, principalmente por este estilo vir ganhando muita força aqui na Europa, com bandas como Minus the Bear, por exemplo.


Para finalizar a noite os escolhidos foram LOS PLANETAS, uma banda com bastante força local. Com um post cantado em castelhano, levou muita gente à frente do palco Movistar. As três da manhã de domingo muito pareciam um concerto às nove da noite, tamanha a empolgação dos numerosos fãs. Muito interessante e um bom exemplo de que, apesar dos grandes nomes internacionais, quem fechou a noite em grande estilo e prestigiada pelo público foi uma banda nacional, coisa que em nosso país raramente se vê. Que sirva de exemplo.
Mais fotos do festival em www.flickr.com/photos/mauriciomelo

The Hives comandam festa de poses - Sustentando velhos hábitos, os suecos agitam a platéia em espanglês em Barcelona




Texto e Fotos: Mauricio Melo

Barcelona, Espanha - O grupo sueco The Hives retornou a Espanha depois de deixar um gostinho de quero mais na última edição do festival FIB Heineken, em 2007, onde saíram do palco sob enorme ovação do público. 7 de Abril de 2008 foi a data escolhida para saciar aquele gostinho, mais exatamente em um dos teatros do Complexo Apolo, em Barcelona, que aliás do equipamento de som e acústica impecáveis, ostenta uma bela arquitetura anos 50, que casou perfeitamente com o perfil e o visual da banda.

O show faz parte da turnê de The Black and White Album [2007], título que parodia discos do Metallica e The Beatles, e que salvo algumas novidades sonoras, não se diferencia muito do trabalho anteriormente apresentado pela banda. As entradas já estavam esgotadas com semanas de antecedência, o que deixava claro a ansiedade e o desejo do público por revê-los. Ao apagar das luzes, com um fundo de palco negro e somente uma luz neon vermelha com a inscrição The Hives acesa, dava-se início ao espetáculo, que foi aberto com Abra Cadave, do álbum Tyrannosaurus Hives [2003]. E bem poderia se chamar Levanta Cadáver, já que é duvidável acreditar que mesmo os mortos descansem em paz numa execução ao vivo como essa.

Com suas poses manjadas, porém contagiosas, o quinteto já ia ganhando a noite com facilidade. Main Offende rolou logo em seguida e sem anúncio prévio, já deixando claro que não era mesmo pra alguém ficar parado. Das novidades Tick Tick Boom e Try it Again [a segunda mais ainda] funcionaram perfeitamente. Walk Idiot Walk, um garage-punk latente também agradou bastante. E com tanta agitação, os trajes do quinteto foram aos poucos despencando pelo palco. Até porque, nesse dia em Barcelona bateu um calor repentino de matar, e lá pela terceira música, boa parte dos músicos ainda vestiam a gravata, mas seus terninhos e as camisas abotoadas até os punhos já estavam do avesso.

Com um spanglish bem intencionado e compreensível, o vocalista Howlin Pelle Almqvist ia arrancando boas risadas da platéia. Aliás, no quesito animação os Hives são um verdadeiro espetáculo: se auto promovem, se dizem lindos - a melhor banda do planeta, mandam beijos para a platéia e tudo definem tudo que é positivo como "Very Hives". Assim, a noite se torna uma autêntica festa onde os animadores são os protagonistas.

Talvez, a nota negativa do espetáculo esteja exatamente nesta animação. Em uma oportunidade anterior, mais exatamente em 2002 na cidade de Montreal (Quebec/Canadá), estive num show da turnê de lançamento de Veni Vidi Vicious [2000]. Naquela ocasião, era realmente encantadora a performance da banda, que tinha até direito a uma paradinha, como se estivessem sido repentinamente congelados no meio de uma música. Mas confesso que 6 anos depois, presenciar a mesma pecinha, não cola mais. Mas enfim, pelo menos os sucos finalizaram a noite com I Hate To Say I Told You So depois de pouco mais de uma hora de show. Autênticos ou não, apesar de tudo, eles são "Very Hives!”

domingo, 17 de agosto de 2008

Bad Religion - Grafin comanda rebanho em Barcelona.

Bad Religion
Cidade: Barcelona
Data: 18/06/2008
Local: Sala Razzmatazz
Promotora: Cap-Cap.


Texto e foto: Mauricio Melo


A Cap-Cap manteve a fama de trazer a terras espanholas excelentes bandas e mais uma vez não decepcionou. Ao ser anunciado para meados de Junho, em meio a zilhões de festivais, um show do Bad Religion com a pequena desculpa de estar lançando New Maps of Hell, logo veio a dúvida: valeria à pena mesmo já tento assistido aos californianos em outras oportunidades?




Pobre do insano que ainda pode fazer esta pergunta, a única resposta viável esmaga aos ouvidos nos primeiros acordes de "21st Century Digital Boy", o quinteto - que as vezes se torna um sexteto com a participação pra lá de especial de Mr. Brett - demonstra toda a experiência de quem é ícone do punk-hardcore-melódico Made in California. "New Dark Ages" do último disco veio logo em seguida, deixando claro que o Bad Religion não é banda de um único integrante, fica nítida a participação de todos, Jay Bentley se tornou um dos maiores baixistas (não vocalista) a ter postura de frontman, é incrível a participação dele nas músicas, segurando as bases com tranquilidade, experiência e com uma cara de satisfação de um principiante.




Para deixar claro que o setlist seria de A a Z, logo tocaram "Suffer" que para os fãs mais antigos dispensa qualquer comentário. Ainda marcaram presença "Stranger Than Fiction", "No Control", "Come Join Us", "Big Bang", "News From the Front", "You", "Recipe for Hate" entre outras, é impossível relatar com exatidão a seqüência de clássicos executados pela banda. Greg Hetson parecia ter molas nos pés e decolava de um lado a outro com sua guitarra, Brian Baker perfeito nas bases e o atual baterista Brooks Wackerman fez um excelente trabalho apesar do forte calor local e do visível desgaste sofrido por ele durante a apresentação. O que dizer de "I Want to Conquer The World" seguida de "Let Them Eat War" esta última do álbum The Empire Strikes First, só pelos títulos já sabemos que mensagem Mr. Greg Graffin quer passar, apesar desta última ser mais leve do que a anterior. Por falar nesta figura chamada Grafin, é impressionante a postura e a simplicidade deste frontman que segue a risca sua ideologia de não querer se tornar nenhum ícone ou símbolo dentro da música mesmo já o tendo feito, deixando claro que suas palavras são mais importantes do que sua imagem. Qualquer outro frontman que tivesse o peso e a importância deste estaria (como muitas bandas) associando sua imagem para conseguir patrocínios, marcas de roupa ou produtos personalizados. Não no caso Graffin, uma pessoa simples, com roupas simples, que sobe ao palco com uma incrível serenidade e despeja protestos em forma de poesia e punk rock. Muitas vezes parece um pastor comandando seus fiéis de uma "má" religião, e podem ter certeza, seus seguidores são fiéis. O que ficou nítido na última música da noite "Sorrow", que apesar de ser bem leve tem uma letra à altura, que faz muita gente pensar enquanto Grafin canta "Well then I do imagine there will be sorrow", seu rebanho o acompanha com "Sorrow no more!".

Mais fotos sobre o show em www.flickr.com/photos/mauriciomelo


Também publicado por Rock Brigade.

Vans Tour 08 - Sick of it All & Ignite.


Se na coleção passada a marca apresentou nomes como Parkway Drive (Austrália) e Comeback Kid (Canadá), entre outros, desta vez o festival Vans Tour 2008 veio com nada mais nada menos do que oito bandas em um só dia, destaque para Ignite e Sick of it All.
Por Mauricio Melo
VANS TOUR 2008
Sala Apolo, Barcelona 26/4/2008
Mauricio Melo, texto e fotos
No cast deste ano estiveram Hook, Twenty Fighters, Burn the 8 Track, Windom in Chains, Death Before Dishonor, Subterranean Kids e, para fechar a noite em alto estilo, Ignite e Sick of it All. O único erro da organização foi realizar um festival com tantas bandas em um sábado com início as 16h30, levando em consideração que Barcelona é uma cidade que não pára e provavelmente muitos não puderam assistir todas as atrações. Fazendo parte destes muitos, não pude chegar a tempo de assistir aos shows anteriores.
Ao chegar à sala do Clube Apolo, o grupo Ignite (foto) já estava apresentando seu desfile e como modelito principal o último álbum, Our Darkest Days (2006). Para grande parte da imprensa especializada foi considerado um dos melhores discos de punk/hardcore melódico dos últimos tempos, o que rendeu à banda um patrocínio da própria marca organizadora do festival.
Além das ótimas músicas do disco anterior, A Place Called Home (2000), como "Who Sold Out Now?" e "Fill in the Blanks", o setlist foi praticamente todo em cima de Our Darkest Days, destaque para "Bleeding", "Let it Burn" e "Poverty for All". Era impressionante ver a cara de satisfação do público cantando junto à banda. O grupo ainda tocou a cover "Sunday Blood Sunday", do U2, e finalizou com uma seção acústica para as músicas "Live for Better Days" e "Slowdown".
Sem muito suspense entrou em cena o Sick of it All. O que mais impressiona, antes de mais nada, é ver como uma banda hardcore não-melódico conseguiu atingir um nível de admiração tão grande, independente do perfil do público. Outros grupos, como Agnostic Front, têm lá o seu respeito conquistado e uma posição intacta na cena hardcore, porém é um público mais direcionado, mais definido. O S.O.I.A. não, é admirado tanto pelos radicais quanto pelos fãs do hardcore melódico. Uma banda que inclusive ganhou um (bom) disco tributo ainda em vida, já que normalmente os tributos são feitos in memoriam.
Com mais de vinte anos de carreira e uma dezena de discos lançados, os irmãos Peter e Lou Koller, guitarrista e vocalista respectivamente, acompanhados de Armand Majidi na bateria e Craig Setari no baixo, desde o lançamento de Scrach the Surface (1994), desfilaram novos e velhos modelitos, alguns clássicos e muita simplicidade. Com a habitual entrada "Somos o Sick of it All da cidade de Nova York", que já serve de senha para o despejo do poderoso peso, não deixaram a peteca cair em nenhum momento.
As já tradicionais "Good Lookin' Out" e "Built to Last", do álbum Built to Last (1997), confirmaram presença no já esperado setlist da banda. Do primeiro álbum, Blood, Sweat and No Tears (1989), a já clássica "Injustice System" se fez presente. Durante a execução de "Busted", espetacularmente cantada pelo baixista Craig Setari, um roadie ainda segurava um megafone para dar mais ênfase ao vocal.
Das mais recentes, apresentaram "Take The Night Off" e "Uprising Nation", ambas do álbum Death to Tyrants (2006), "Relentless", do Life on the Hopes (2003), e ainda "District", do álbum Yours Trully (2000), entre outras. Para os fãs mais antigos e tradicionais, vale informar que ficaram de fora do set list "Scratch the Surface" e "Just Look Around", consideradas clássicas e que até recentemente faziam parte das músicas indispensáveis.
Saldo positivo e destaque absoluto para Peter Koller que, com sua guitarra em punho, salta, dança, corre a até gira no ar com seu instrumento, praticamente executando um golpe de capoeira ou algo semelhante. Seguindo este ritmo a banda prova que ainda tem muita passarela por diante, e que assim seja.