quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Primavera Club Barcelona 2014 c/ Cerebral Ballzy, Alvvays e mais

Primavera Club Barcelona 2014 c/ Cerebral Ballzy, Alvvays e mais

02/11/2014 - Sala 2 - Apolo - Barcelona / Espanha





No último 2 de Novembro, um domingo, o festival Primavera Club encerrou sua edição de 2014 em alta após uma pausa de dois anos. Sim, vale lembrar que em 2013, o irmão caçula do Primavera Sound tirou “férias” de Barcelona e só reapareceu este ano. Talvez porque naquele instante (2012), estava se tornando tão grande quanto a tradicional edição primaveral que acontece sempre na última semana de Maio com bandas e artistas em solitário que poderiam tranquilamente ser uma das atrações principais do grande formato, o que fugia ou melhor, estava fugindo da proposta inicial do Primavera Club que nada mais é do que apresentar novos e promissores nomes. E por falar em novos, para este ano a organização, ao anunciar o cartaz do festival frisou bem que eram nomes desconhecidos. 

Como nos dias atuais, através da tecnologia passamos de desconhecidos a novos fenômenos na velocidade de um clique, os que até então eram meros desconhecidos para grande parte do público se tornou o próximo grande nome antes mesmo do festival abrir oficialmente suas portas. Foram 40 apresentações e dos que conferimos podemos destacar dois nomes, Childhood e Alvvays. Não que os outros não tenham qualidades, distante disso, mas estas duas bandas estão prontas para assumirem tais postos. Entre outros grupos que chamaram atenção estão os espanhóis do The Saurs e o experimental Der Panther.


Para manter a forma, abrimos nossa humilde jornada dentro da sala 2 do Teatro Apolo com os nova iorquinos do Cerebral Ballzy, o bom e velho punk com guitarras sujas marcava presença com músicas como “Another Day” e “City’s Girl”, desordem no palco e um vocalista que mau conseguia abrir os olhos durante a primeira música, mais adiante conseguiu enxergar o suficiente para subir na bancada do bar e berrar por lá com seu microfone em punho. A banda pertence ao selo Cult Records de Julian Casablancas e lançaram disco este ano.

Logo acima, na sala principal do mesmo teatro vimos de perto o Fever The Ghost que muito chamou atenção pelo figurino, já que estávamos em noite de Halloween e alguns personagens flertavam entre mal vestir e fantasias, enfim valia tudo para celebrar as bruxas. Como disse antes, o vocalista só se deixou ver após algumas canções, até então o que víamos eram vozes que saiam de uma misteriosa capa com guitarra em punho.

Diante de tantas propostas e novidades acabamos por apostar nos britânicos do Childhood para encerrar nossa primeira jornada e foi tiro certo, destaque total para “Pay For Cool” que resgata com fidelidade aquelas linhas de baixo dos anos 80. Canções pegajosas, um pop rock de guitarras limpas de seu recém lançado Lacuna e uma apresentação que não passou desapercebida.


Para o Sábado, nos limitamos a duas bandas na pequena sala 2 do Apolo (outra vez). Lá conferimos de perto os canadenses do Greys. A curiosidade era imensa e após ler insistentes comparações da banda com o Fugazi, o que rendeu até uma música chamada Guy Picciotto. No palco a banda mais parecia um Nirvana na época do Bleach do que um Fugazi, porém com um som mais polido. O quarteto canadense (Toronto) apresentou seu recém lançado If Anything e todos cartuchos disponíveis do álbum. Vale à pena dar uma conferida básica no som da banda. 

Para finalizar o sábado e logo após a apresentação do Greys tivemos os americanos do 
Nothing, banda com um perfil mais shoegaze e que flerta entre a melodia e a distorção. Não tão intenso quanto os canadenses mas nada de se jogar fora. Cinco minutos antes do show começar o guitarrista deixou seu instrumento distorcendo e criando camadas sobre camadas de distorção, já era um sinal do que estava por vir e “Hymn to the Pillory” é o melhor exemplo que podemos deixar nestas linhas.


Para iniciar nossa ultima jornada, demos uma passada rápida para conferir os dinamarqueses do Lower e suas nítidas influencias de Joy Division no que se diz lado escuro da banda. Não pudemos ficar até o final do set já que ao notar a sala 2 esvaziar com certa rapidez e lembrar que logo acima canadenses (mais um grupo) do Alvvays seria a próxima atração entrou um fugaz pensamento, “há um sentimento no ar”. Típica sensação de que o The Next Big Thing do indie está acontecendo, ou irá acontecer. Alvvays foi a escolhida da edição e tivemos que correr para conseguir um bom angulo para as fotos. Já havia fãs com camisas autografadas, debruçados no palco e se derretendo por qualquer movimento que a banda fazia antes de oficialmente entrar no palco. Abriram o set com “The Agency Group” e animaram com “Next of Kin” conquistando o público já no dedilhado de introdução da musica que não é tão diferente de “Atop a Cake”. Também deixaram claro suas influencias com um cover do The Primitives, “Out of Reach”.

Antes de encerrar a noite ainda descemos para o show de vinte minutos dos “punks” Perfect Pussy. Ruído aos extremos, com um baixista que se contorce em todas as direções, um baterista com cara de nerd mas não tanto quanto o gordinho com cara de serial killer que parecia uma estátua fabricando distorções num sintetizador ou algo do tipo. Nos vocais? Uma jovem com cara de boazinha, com algumas tatuagens cool, um vestido comportado e se não enxerguei mal o sovaco por depilar berrando aos extremos e deixando qualquer vocal de grindcore comendo poeira.

Para finalizar a invasão canadense no Primavera Club, tivemos os quebequenses do Ought. Outra coisa que chamou atenção nesta nova geração de bandas foi a quantidade de músicos que apresentaram descalços e o vocalista / guitarrista Tim Beeler foi mais um adepto ao estilo. Mais um grupo com um trabalho fresquinho debaixo do braço e uma apresentação que já os coloca entre uma das grandes revelações que o evento pode oferecer, “Pleasant Heart”, música que abre More Than Any Other Day já pode ser considerado um hit apesar de terem aberto com “Today More Than Any Other Day” de maneira bem lenta até ganhar o ritmo necessário para incendiar a sala principal do Apolo, o mesmo perfil tem a música “Clarity”. Também chamou atenção a performance em “Gemini”.

Assim foi nossa participação no festival Primavera Club 2014 e acreditamos que o festival cumpriu com sua missão, apresentar novos nomes, dar oportunidades a uma nova geração de bandas, jovens bandas com muito a mostrar. Olhando mais adiante é dizer que crescem as expectativas para a revelação do cartaz para a festa de debutante do Primavera Sound em Maio de 2015, façam suas apostas.
Enviado por Mauricio Melo







Nenhum comentário: