sexta-feira, 29 de junho de 2012

Madball e Devil In Me em Barcelona 24/06/2012 - Estraperlo Club del Ritme - Barcelona/Espanha


Como cartão de visita do festival Ressurrection, realizado em Lugo ao norte da Espanha, Madball e Devil in Me deram as caras após passarem por Madrid e em algumas cidades portuguesas antes de finalizar esta mini turnê em Barcelona.

  Do lado de fora, o público se concentrava ao redor da pick-up do energético Monster, que distribuía sua bebida gratuita aos que queriam estar em forma e espantar o sono após a noite de São João, que por aqui é mais celebrada que ano novo. Mas quem dava um show de energia e disposição antes do show era Freddy Cricien que gravava o video clipe da música "The Beast", do novo EP Rebelion, na caçamba do trailer que transporta os equipamentos.

Antes dos nova iorquinos pisarem no palco, quem o fez foi o Devil In Me. Talvez uma banda mais apropriada para tocar ao lado de Comeback Kid, não só pela amizade entre as bandas e pela participação de Andrew Newfeld em uma das músicas e clipe, mas também pelo público. Não sei exatamente se os fãs do Madball são muito old-school para os portugueses ou se a típica apatia do público em Barcelona atacou de vez. Ainda que Poli, João, Tiago, Pedro e Matos suassem a camisa diante do público e do calor que já entra de sola no segundo dia oficial de verão, o público se comportava como muitas vezes vi no Estraperlo, mais concentrado nos cantos da sala deixando um grande clarão diante do palco, fazendo com que Poli chamasse o mesmo insistentemente. Não sabemos como foi a noite anterior em Madrid mas ao que tudo indica a banda esperava um público mais dedicado. Apesar de defenderem bem seu bom disco, The End, os lusos só conseguiram um pouco mais de empolgação em "On My Own" que tem um refrão pegajoso. Olha que estamos falando de um disco que tem petardos como a música título do álbum, "The Fall" com a já comentada participação de Newfeld nos vocais, riffs empolgantes e melódicos. A banda também possui outros dois discos e ainda assim a tarefa não foi fácil. Mereciam mais pelo que apresentaram.



  Após o empate entre Italia x Inglaterra pela Eurocopa, o que segurou o guitarrista Mitts no bar até o último minuto, chegava o grande momento. Após bandas como Sick of it All, Agnostic Front, 7 Seconds, D.R.I. e outros ícones do punk hardcore pisarem no paldo do Estraperlo, chegava o momento de Madball fazer sua parte. Abrir o setlist com "Get Out", a música mais regravada por eles mesmos (três vezes) é realmente um convite ao grito de Madball, em massa, ao final da mesma. Na sequência uma não tão conhecida ou melhor dizendo, inesperada, "For My Enemies" do disco Legacy, o Estraperlo estremecia e ainda mais com a pesada "We The People" de Inflitrate the System, um bom disco mas que passa desapercebido por parte do público.

  A grande vantagem de Freddy com o público na Espanha é que, além de carismático, ainda domina perfeitamente o idioma por conta de sua família cubana. O público que já estava debruçado no palco e agitando muito, muito diferente do show anterior, se sentia mais em casa. Somente após esta primeira sequência que o disco Empire surgiu com a música título. O próprio Freddy reconheceu que o disco era novo mas não tanto. Até mesmo músicas de Hold it Down e Look My Way foram tocadas, ambas músicas título de álbum além de "Can't Stop, Won't Stop". Mas a noite também foi old-school, não tão old como Vinnie Stigma segundo a piada de Cricien mas old para eles como "Spit On Your Grave" e "Never Had It" somente sendo interrompida por "All Or Nothing"; e já que estamos falando das antigas "It's My Life" (outra regravada no EP) também fez a alegria local. Mas a demolidora de público e canelas é mesmo "Set it Off". Ainda que a apresentação acabasse com as curtissimas "Hardcore Pride" e "Hardcore Still Lives" ficaram de fora as mais recentes, do comentado e recém lançado Rebellion.  Para o Devil in Me curtir um pouco do calor do público Freddy chama Poli para uma jam na música "Pride (Time are Changing)" demonstrando de vez que a palavra de ordem no hardcore é a amizade e o respeito. Mesmo assim, foi um setlist pra ninguém reclamar e um Madball como banda principal, o que não víamos há tempos por aqui.
Enviado por Mauricio Melo

Confira fotos desse show, por Mauricio Melo:

Cannibal Corpse, Exodus e Death Angel em Barcelona 20/06/2012 - Sala Razzmatazz e Salamandra - Barcelona/Espanha


Na semana após o festival francês Hellfest, Barcelona e muitas outras cidades que sejam de país vizinho ao realizador deste festival sempre recebem visitas de algumas bandas que lá estiveram. Muitos dizem que são os restos do festival mas nós não podemos reclamar. Comentando com um amigo que mora no Brasil e ele disse que por lá, sobra só do carnaval e passam o ano inteiro com o pagode, sertanejo, etc. Bem, deu para entender que somos uns felizardos de poder estar diante de Children of Bodom e Cannibal Corpse num dia e Exodus, Death Angel e Suicide Silence em outro com a opção de Madball no Domingo para finalizar a semana.

Voltando ao passado, não muito distante, quando o Cannibal começou suas atividades ainda com Chris Barnes nos vocais. Era impossível naquela época falar de C.C. sem que houvessem comparações com o Napalm Death. Só que o tempo se encarregou de separar as opiniões e deu a cada banda seu merecido posto. Tudo bem que o Napalm demonstra ter uma veia mais punk e que estas bandas já não tem nada a demonstrar e somente uma coisa todos concordamos entre as duas. Poucas bandas podem ter o orgulho de se manter fiel ao estilo e não só isso, após tantos anos de carreira ainda conseguir lançar discos mais brutais que os anteriores.

Nesta nova visita à cidade condal (Barcelona), o quinteto americano veio exibir seu novo trabalho, Torture, e claro foi muito bem recebido pelo público desde o inicio com "Demented Aggression", disco novo é assim mesmo, as bandas saem sedentas por toca-lo ao vivo e incluem na sequência "Sarcophagic Frenzy" que assim como no álbum são as duas primeiras. Não satisfeitos e "Scourge of Iron" também brutaliza protagonismo na sala Razzmatazz com Corpsegrinder batendo cebeça e urrando ao público. Somente aí, após "maltratar" o público com três petardos do Torture chegam as primeiras palavras de George ao público antes de "Evisceration Plague", título do álbum anterior. Parecia mesmo que a banda tinha feito um setlist repassando um pouco de cada álbum como o esperado mas não alternando os álbuns e sim retrocedendo já que "Time to Kill is Now" representou o disco Kill que como comentamos é do anterior ao Evisceration... O que também podemos ressaltar e isso não é novidade para ninguém é a qualidade técnica de seus músicos e a solidez com que se apresentam.

Para sair do óbvio "atacam" com "I Cum Blood" de Tomb of the Mutilated considerado um clássico do estilo. De volta a fase recente tivemos ainda "Make Them Suffer" em reta final antes de finalizar com "Striped, Raped and Strangled" do The Bleeding ainda que alguns dessem falta de "Fucked With a Knife" que normalmente figura na lista mas como o show foi mais curto que da última visita quando eram headlines foi completamente compreensível.

Assim como passaram Cannibal Corpse e Children of Bodom, no dia seguinte a estes duas históricas bandas fizeram suas visitas. Me equivoco, não foram duas e sim cinco bandas no mesmo dia. Além de Suicidal Angels, Heathen, Death Angel e Exodus, o Lamb of God tocou na Razzmatazz, o que dividiu um pouco o público mas que nem de longe tirou o brilho desta segunda noite.

Ao chegar dou de cara com o Heathen no palco. A grande curiosidade é que por estarem com a bandeira do Death Angel de fundo por momentos e pelo horário, imaginava de maneira convicta de que estava diante dos Angels e demorou a cair a ficha. Não só não associava as músicas como também me perguntava onde estavam os guitarristas de descendência asiática (?), não podia crer que tudo tinha mudado tanto em tão pouco tempo. Tudo bem que não passo perto de um material da banda há muitos anos mas as influencias são guardadas com carinho e as informações que tinha eram totalmente distintas ao que meus olhos viam. Um pouco mais adiante tudo foi esclarecido e lá estava o quinteto de São Francisco celebrando os vinte cinco anos de Ultra-Violence e com um setlist totalmente dedicado ao mesmo, sem tirar nem por uma música, ou seja, na mesma sequencia do disco, "Thrashers", "Evil Priest", "Voracious Souls"...até chegar a "I.P.F.S." com uma versão mais extensa. O público totalmente entregue aos californianos e os mesmos se mostraram bastante sólidos e cômodos no palco. Podemos afirmas com todas as letras que foi uma apresentação de tirar o chapéu, o que deixou o Exodus com a dura missão de fazer melhor e mais bonito, mas tinhamos a certeza desde o principio que seria complicado e assim foi.

Abriram com "Last Act of Defience" de Fabulous Disaster, todo um clássico, e seguiram com "Iconoclasm" no alto de seus sete minutos de peso. O público que já estava aquecido com o Death Angel "abraçou" a banda e a causa metal, e apesar da sala não estar lotada o mesmo deu um show à parte, verdadeiros fãs do thrash metal. Talvez a desvantagem do Exodus tenha sido a pouca movimentação no palco, bem conservadora, e a grande vantagem o tempo disponível que fez com que o setlist fosse mais recheado. E não demorou para que mais um clássico fosse tocado, "Piranha" de Bonded by Blood fez a alegria local.

A ausência de palco de Gary Holt também foi sentida. Não que Lee Altus e Rick não estejam dando conta do recado mas um membro original é sempre uma figura a ser observada.

A banda, assim como muitas de sua dimensão já não tem outro remédio após tantos álbuns que não seja fazer um repasso de carreira no setlist, e o Exodus não fugiu a regra. Tivemos músicas do Tempo of the Damned com "Blacklist" e algo mais de Bonded by Blood com "And Then There Were None", "A Lesson in Violence" e "Strike of the Beast" para fechar o set além da música título. O que sim sentimos falta além de Holt foram músicas do Impact is Imminent. Apesar de terem se dedicado bastante, meus votos vão para o Death Angel. Não que o Exodus tenha feito um show ruim, distante disso e estiveram à altura do que se espera mas o Angel suou mais a camisa.
Enviado por Mauricio Melo

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quinta-feira, 28 de junho de 2012

New Order no Sonar Barcelona 16/06/2012 - SonarClub - Barcelona/Espanha


No último Sabado fomos conferir de perto o tão badalado festival Sonar Barcelona.  Escrevo tão badalado porque sempre se escutaram tantas palavras sobre o evento e ainda que a curiosidade fosse grande sempre coincide com um dos nossos festivais favoritos, o Hellfest, que só mesmo um problema (grave) de saúde poderia me tirar deste e fazer experimentar a um outro. A grande verdade, é que à parte do show do New Order, o evento deixa muito à desejar.

Vamos ao que interessa que o tempo é curto e o show também. Apesar da banda já não contar com Peter Hook e de todos os problemas que surgiram na saida do mesmo e que particularmente sempre considerei o baixista como principal integrante do New Order, os britânicos demonstraram que ainda tem alguma lenha para queimar.

Desde a abertura com "Crystal" até o encerramento com "Love Will Tear Us Apart" a renovada banda de Stephen Morris e Bernard Summer ofereceu ao público uma hora de clássicos que inundaram as rádios nos anos 80 e 90. Apesar de Hook já não fazer estremecer as quatro cordas do grupo, o baixista que o substitui faz bem o seu papel. Aquelas inconfundíveis linhas de baixo das cordas e notas mais agudas ditaram o ritmo da festa. Boas projeções no telão ao fundo, muitas vezes exibindo imagens dos próprios clipes da banda e Summer fazendo de tudo para animar ao público que só correspondia nas três primeiras filas do recinto, dali para trás mais parecia uma curiosa juventude do que verdadeiros fãs da banda; e tal situação ficou mais nítida quando tocaram com nova roupagem "Isolation" do Joy Division, a movimentação foi pouca.

E por falar nas mais antigas, não puderam ficar de fora temas como "Cerimony" e um dos clássicos pop mais reverenciados da banda, "Bizarre Love Triangle", o que deu um pouco mais de animo nos curiosos de trás, seguido de "True Faith" numa versão mais acelerada do que de hábito.

Para manter o ritmo entra em cena "The Perfect Kiss" e já em clima de fim de festa após quase uma hora de apresentação "Blue Monday" que mesmo antes de soar os primeiros acordes se exibia no telão o título da música para delírio local.

O encerramento ficou por conta da já comentada "Love Will Tear Us Apart" e sinceramente gostaria de saber onde estavam os jovens desordeiros que tentaram bagunçar a festa neste final quando tocaram a outra música do Joy Division? Como igualmente comentamos anteriormente, somente as três primeiras filas faziam jus ao que realmente o New Order merecia, porque o que nos ofereceu foi realmente à altura do esperado com um Summer comunicativo, animado e Morris mandando ver nas baquetas ainda que tenha faltado "Transmission" para finalizar com chave de ouro.

O que ainda não conseguimos enteder foi a proposta do festival que contém em sua chamada oficial Musica Avançada e New Media Art. Primeiro ficou por conta da programação, já que por se tratar de um festival com poucas apresentações ao vivo, não vejo o motivo de que dois dos três principais shows coincidam no mesmo horário. Se fosse o caso de outros festivais com 150 bandas, é totalmente compreensível que as apresentações coincidam, o que não se trata deste.

O New Order tocou no mesmo horário do The Roots e o público ficou esperando por uma hora e meia o Hot Chip. Neste meio tempo DJs animavam a festa com músicas nada avançadas. Ou seja, quem paga para ir ao Sonar paga para assistir a um único show, porque além de poucos os mesmos ainda coincidem.

Por falar em público, talvez esteja aí o grande problema. Quando cobrimos outros festivais de verão, fica nítido o compromisso do público com o evento. É totalmente reconhecível quem vai ou não aos shows. São pessoas comprometidas com a música e o estilo oferecido pelo evento, o que não acontece com o Sonar. Na verdade vimos um festival sem identidade ou com a mesma perdida. Uma porcentagem menor do público tinha este compromisso mas a grande maioria era de tão má categoria que deixava os comprometidos deslocados.

Tivemos a nítida sensação de estarmos participando de um carnaval fora de época versão europeia. Pessoas muito  preocupadas em sair bem na foto para as redes sociais, bombadinhos de academia desfilando com suas camisetas apertadas, traficante à balde entre o público, meninas de salto alto, roupas de marcas, etc, etc. Só faltaram os falsos lutadores e aquela combinação clássica de  bermuda de praia com ténis de mola de academia para completar a história, é um festival povão que vive de uma imagem construída há um tempo. E a música? bem, isso era o pano de fundo e pouco importava.
Enviado por Mauricio Melo

Confira fotos desse show, por Mauricio Melo:

The Stone Roses em Barcelona 08/06/2012 - Sala Razzmatazz - Barcelona/Espanha



Parece mesmo que 2012 é o ano das reuniões musicais. Bandas como Refused (que conferimos no Primavera Sound deste ano), At The Drive-in e The Stone Roses confirmaram as suas e com formação original, o que é muito importante.

  E destas, duas estarão na próxima edição do FIB (Festival Internacional Benicàssim) que a cada ano dá um show à parte nas seleções de bandas para o seu cartaz, que, assim como o Reading / Leeds festival é considerado um dos melhores do verão europeu. Só para termos uma idéia, este ano, além das já citadas At The Drive-In e Stone Roses, ainda conta com New Order, Noel Gallegher, Bob Dylan, The Horrors, Bombay Bicycle Club, Florence and The Machines, Buzzcocks e uma centena mais.

  Porque estamos falando do FIB ao invés de comentar o show de ontem do Stone Roses na sala Razzmatazz de Barcelona? Porque foi exatamente este festival que trouxe a banda para Barcelona a mitológica banda de Manchester no que chamam de Festas Oficiais do evento para duas noites consecutivas na cidade condal. Isso mesmo, hoje (Sábado 9 de Junho 2012) acontece o segundo show e, claro, as entradas estão esgotadas.

Para este show em que estivemos as entradas não se esgotaram por completo mas a casa estava bem cheia e repleta de britânicos.



O clima do lado de fora não podia ser melhor, bares lotados, copos de cerveja transbordando e um público bastante adulto, e muitos com aquela tipica camiseta tão popularizada num dos clipes da banda. Uma pena que os jovens não tenham vindo conferir quem, no meio de toda onda Madchestar no final dos anos 80, mais influenciou gerações futuras, como Kasabian por exemplo. Outra coisa que podemos destacar é que apesar de toda badalação que a banda teve nesta época, esta foi a primeira vez que visitam Barcelona. Antes dessa, um único show da mesma foi registrada na cidade de Valencia há 23 anos atrás.

Com um certo atraso, colocando por terra a pontualidade britânica, o quarteto entra em cena e apesar de algumas rugas e algo de cabelos grisalhos, não decepcionaram. A abertura do show foi a prevista, tudo bem que poderiam abrir com qualquer outra canção de seus únicos dois discos, mas "I Wanna Be Adored" não é uma canção qualquer apesar de sua curta letra, a melodia imposta pela mesma é uma verdadeira loucura que provoca devoção pela banda. Antes dos primeiros acordes uma camisa do Manchester United foi lançada no palco, pela cara de Ian Brown ficou a dúvida, de qual time será nosso frontman em questão, United ou City? Por falar em Brown, o vocalista tem a postura e atitude necessária para liderar os Roses, aquelas típicas de bandas de Manchester e do movimento que participaram como The Stone Roses e posteriormente o Oasis, ainda que este participe de outro movimento. Muita gente classifica esta postura como "marra" mas a grande verdade é isso que os diferencia. Sempre comento que o mundo da música também necessita disto. Assim como os viciados, os bonzinhos, os simpáticos...a música necessita desta postura para completar seu mundo. O público simplesmente enlouqueceu com a primeira música e Ian ia saudando o mesmo de lado a lado.

  Com "Mersey Paradise" em segundo posto a banda demonstrou que iria fazer um apanhado de músicas lançadas no pouco tempo em que estiveram em plena atividade (criativa ou não), deixando de lado a teoria que só o primeiro disco obteve retorno de público e o mesmo não decepcionava.

Porém nem tudo foram flores na noite de sexta-feira, alguns problemas de som fazia com que Ian caminhasse de um lado a outro, gesticulando para a mesa de som e tentando achar a melhor posição para evitar microfonias. Ainda mais se considerarmos que o show não foi fotografado pela imprensa e sim por um fotógrafo oficial, além de estar sendo oficialmente gravado em vídeo, não sabemos ao certo se somente estes shows ou toda a turnê de reunião estará incluída, possivelmente para um DVD.

  Não demorou para outro clássico da banda dar as caras no setlist. Muitos pensaram que "Fools Gold" encerraria a noite mas na metade da apresentação aquela batida característica Reni, o baixo suingado de Mani e claro o virtuoso John Squire na guitarra ofereceram ao público a versão mais longa desta canção, fazendo com que a Razzmatazz (antiga sala Zeleste onde foram gravados Loco Live dos Ramones e o vídeo Under Siege do Sepultura) voltasse no tempo mais uma vez e se tornasse uma pista de dança, insano. Outra que não ficou para o final foi "She Bangs the Drums". Podemos dizer que apesar de tentarem fugir do cliché de banda de um disco só, o que definitivamente não é verdade, o auto-intitulado e primeiro álbum é quem realmente manda na festa. Por falar nele, a batera de Reni tem nos bumbos as rodelas de laranja que se destacam na capa do citado disco. Falando em visual da banda, vale destacar a quantidade de baixos com pinturas psicodélicas que possui o simpático Mani, o público não parava de fazer coro com seu nome entre uma música e outra.

Para acalmar um pouco os ânimos e tentar baixar o calor local entra em cena "Shoot You Down" e "Waterfall" na sequência para que o concerto seja classificado como histórico de uma vez por todas.

 Retornando ao nosso frontman e falando de curiosidades, havia um balde ao lado da bateria para que o mesmo cuspisse entre uma música e outra mas o que destaca mesmo é sua performance no palco. Dança com os ombros, move as pernas de maneira que já classificamos como "a marchinha de Brown", move os braços com seus chocalhos e algumas vezes desce ao público para comprimenta-los.  Tivemos até seios de fora e arremesso de sutien como nos shows de hard-rock.

Após pouco mais de uma hora de apresentação e um punhado de músicas como "This is the One", o quarteto sai de cena e retorna para "Driving South" e "Elephant Stone" nos deixando com um sabor de quero mais. Para o segundo show é impossível mas...quem sabe para o FIB?

  As surpresas não acabaram por aí, ao sairmos da Razzmatazz os integrantes estavam a ponto de sair. Curiosos, paramos para vê-los e vimos outro protagonista de Manchester fumando um cigarrinho, Liam Gallagher ali estava como convidado especial. Uma pena que várias fãs gritavam, choravam e cantavam Oasis, o que espantou de vez nosso convidado secreto em questão.
Organiza: FIB Benicàssim - www.fiberfib.com
Enviado por Mauricio Melo

San Miguel Primavera Sound 2012 na Espanha 02/06/2012 - Arco do Triunfo e Parc del Fórum - Barcelona/Espanha


Sabe estas historias que acontecem a cada dia, que sempre escutamos ou assistimos pelos canais de televisão como se fosse uma tele dramaturgia e que os mesmos exageram no drama mas que nunca conhecemos ninguém que tenha passado por tal situação, etc, etc? Pois nossa história com o San Miguel Primavera Sound 2012 começou dois meses antes do evento com algo parecido. No final de Março, o mensageiro que vos escreve teve um grave problema de saúde, passando por uma cirurgia de urgência e com 90% de chances de não sobreviver. Ao acordar um dia depois a primeira pergunta que me vem à cabeça é "o que faço aqui e que dia é hoje?" na verdade já se tinham passado 24 horas e a última coisa que lembro é que estava sentado no sofá pedindo ajuda. Ao recobrar a consciência e ter melhor noção do acontecido, uma das perguntas que não queriam calar era se estaria saudável para, pelo menos, o San Miguel Primavera Sound deste ano, já que o Hellfest estava praticamente descartado. Muitos apostavam que não, mas com muita paciência e pensamento positivo lá estava eu, ou nós, já que não estava sozinho, Ana Paula Soares estava junto e amigos fotógrafos (ou não) para dar uma força no que fosse necessário, ou seja, da UTI ao festival em exatos dois meses, com muitas limitações mas presença o suficiente para conferir alguns dos melhores shows que este evento podia oferecer e ainda saímos no lucro, estar vivo é a grande festa.

Pre-Primavera Sound 2012, 30/05/2012.

Nossa jornada começou na Terça-feira com duas bandas na sala Apolo,Elephant e Dutch Uncles, nada mal e mais destaque para a segunda banda e sua mistureba de elementos e influencias. Mas foi na quarta-feira que o espirito primaveral começou a tomar conta com dois shows de alto nível no que nos referimos ao indie rock, The Walkmen e os já tradicionais Black Lips. Antes deles o The Wedding Present se apresentou e tocou na íntegra o álbum "Seamosters". Após uma longa espera, mais de década, The Walkmen veio ao festival ano passado para um show dentro dos dias oficiais no Parc del Fòrum e este ano presenteou ao público com uma apresentação diante do Arco do Triunfo catalão numa das ofertas gratuitas do festival. Com bons discos em seu currículo, incluindo o lançado há pouco Heaven, fizeram excelente apresentação diante de um público que mais esperava o Black Lips mas que se rendeu aos acordes de "The Rat". O que vimos foi uma banda feliz por mais uma vez estar no festival, guitarras elegantes e que parte do público deixou passar desapercebido que por se tratar de um ambiente público e um show gratuito, reuniu muita gente que nada tinha à ver com o festival. Já para os queiridinhos do grande público indie o jogo estava mais que ganho. Assim como o Shellac o Black Lips vem visitando Barcelona anualmente, ainda que tenham lançado disco novo ano passado o público vibra mesmo com músicas dos dois primeiros como "Take My Heart", "Fast Fuse", "Again and Again" e "Katrina", além do já esperado caos entre banda e público como lançamento de cervejas, campeonato de cuspe à distancia, chuva de rolos de papel higienico e muito rock and roll.


Quinta-feira, 31/05/2012 - Primeiro dia.

Na quinta-feira, primeiro dia oficial do evento, o mesmo começou como acabou a noite anterior, com Black Lips tocando do alto do Red Bull Tour Bus, um ônibus com estilo escolar anos 70 onde algumas bandas tocavam na entrada do festival, aberto ao público (gratuito). Nesta apresentação, um dos guitarristas urinou no público enquanto tocava, acho que passou um pouco dos limites mas se tem público que aceita, vamos nessa.

Lá dentro do Fòrum, o primeiro a passar por nosso crivo foi o Archers of Loaf. Debaixo de um bom sol que mais parecia o alto verão apesar do horário, 19:30, fizeram um show para um bom público com músicas do aclamado Icky Mettle como "Web in Front" e "Wrong" hit de video bmx nos anos 90. Um pouco mais adiante e numa boa sombra Lee Ranaldodemonstrava que o Sonic Youth lhe deve muito e que muitos dos bons discos lançados pela banda leva sua assinatura. Lançando Between the Times and the Tides, Lee fez de sua apresentação uma das mais belas do dia, com direito a presença de Mark Arm do Mudhoney no fosso de fotógrafos. É o que nos resta enquanto o impasse do Sonic Youth continua. "Waiting on a Dream" e "Angles" foram os grandes destaques. E por falar emMudhoney a mesma veio na sequência e neste momento fizemos o primeiro "sacrifício" da noite. Esta aí uma das coisas que se aprende nos festivais europeus, o poder da decisão. No mesmo horário do grupo de Seattle tocava o Death Cab for Cutie e seu melancólico e sofisticado rock "universitário", uma banda que particularmente nos interessava muito mas a decisão foi unanime, a galera de Seattle ganhou a queda de braço e fomos levados pela emoção de recordar a nossa época escolar e as fitas K7 na hora do intervalo bombando musicas do Piece of Cake e Every Good Boy Deserves Fudge entre outras do Five Dollars Bob's Mook Cooter Stew. Arm começou empunhando sua guitarra e terminou como um frontmen punk rock liderando sua banda com apenas o microfone nas mãos. Nos primeiros acordes de "Touch me I'm Sick", por mais que esteja concentrado e com a camera num suporte para aliviar o peso e não sacrificar a cirurgia, da vontade de largar tudo e sair pulando mas me contentei com um largo sorriso. Além deste, outros "hinos" de nossa juventude foram tocados como "Suck You Dry" e "Let it Slide". Após tudo isso as chances de arrependimento pelo sacrifício anterior foi soterrada.



Meia hora após as doze badaladas noturnas chegava o grande momento do dia e para muitos, do evento. O Refused pisava em Barcelona após anunciar seu tão esperado retorno. Sempre acontece o mesmo quando o show é muito esperado, perco a concentração, imagino estar mal posicionado para as fotos e as três putas canções passam voando. Sem contar que a barricada era estreita e a luz caótica, além de ter o corpo sacudido com os acordes de "Worms of the Sense, Faculties of the Skull", algo brutal. Antes disso a introdução da apresentação era de tirar o fôlego e proporcionar ansiedade, uma música atmosférica dava a pista de que algo realmente iria acontecer no palco da Ray Ban e assim foi. Com a luz em contra e integrantes milimetricamente posicionados, num "silencio" absoluto e público enlouquecido. Entre estas três velozes canções estava "Rather Be Dead" e Dennis Lyxzén demonstrou estar em forma e à altura de liderar a banda que mudou o rumo do punk no final dos anos 90 junto a Jon Brannstrom, Kristopher Steen, Magnus Hoggren e David Sandstrom. Lixzén está bem diferente da última vez que visitou Barcelona com seu irreconhecível The International Noise Conspiracy, fantasiado de brega dos anos 70. Também não faltaram os samplers entre as músicas assim como em seu mais aclamado disco The Shape Of Punk To Come... Durante a apresentação Dennis deixou claro que a maior motivação da banda estar ali era o público, seus fãs e todos que pediram à banda um retorno. Talvez seja esta a grande turnê que o já mencionado álbum não teve em seu tempo real já que o mesmo serviu mais como um testamento do que outra coisa. Uma merecida turnê que demorou mais de década para acontecer e que prova de uma vez por todas que o disco continua atual e podemos dizer que o mesmo foi praticamente tocado por inteiro. Coincidência ou não a banda escolheu um dos momentos mais caóticos na politica européia para exibir seu descontentamento, com músicas que canalizaram sua raiva e marcaram época. Também marcou presença o "Refused are Fucking Dead" que ao contrario to título demonstra que uma banda mais viva do que nunca. O grande momento da noite foi guardado para o final com "New Noise" e o grito em massa de "Can I Sream?" na introdução da mesma e um show que já entrou para a história do festival. O público enlouqueceu e se via uma grande massa saltante diante do palco, algo que poucas bandas conseguiram fazer em doze edições do evento.

Nossa noite não acabava por aí, ainda faltava conferir os escoceses doFranz Ferdinand que apesar de ter um público diferente ficaram um pouco apagados após o Refused no que podemos dizer expectativas para a primeira jornada do festival. Talvez pelo fato de terem tocado nesta cidade há poucos meses. De qualquer maneira, fizeram um bom show no que para muitos foi o grande encerramento da primeira noite. Lá estiveram músicas como "Jaqueline", "Michael", "Ulysses" e todos os personagens possíveis, além de "Walk Away", é claro. Após ver-los ao vivo se descobre o porque de que com apenas três discos a banda passou de abertura à principal e tocando em lugares considerados grandes na Europa como o Palau Sant Jordi de Barcelona, um ginásio olímpico. Sempre comento o mesmo, está aí um grupo que acho até certo ponto chato de escutar seus discos mas ao vivo, a coisa muda de figura. Se podemos reclamar um pouquinho poderiamos dizer que o show foi curto para quem era considerado um dos cabeças do festival, apenas uma hora e quinze de palco.

Sexta-feira, 01/06/2012 - Segundo dia.

Sexta-feira e segundo dia do festival, segundo as estatísticas do evento o dia que reuniu mais gente, 42.000 pessoas. A cada ano existe este dia, aquele que pela possibilidade de comprar ingressos únicos e não somente o abono para todo o evento, tem um artista que atrai o grande público. Em outras edições os escolhidos foram, por exemplo, Portishead, Neil Young, Pixies, Pet Shop Boys e este ano o escolhido foi o The Cure, acreditamos até que de maneira isolada. Porque esta crença? Se olharmos para cartazes passados, podemos analizar que junto ao grande nome que atrai multidões existem outros de igual peso mas este ano foi um pouco diferente. Existiram fortes nomes da cena atual mas de história recente. No passado Neil Young, Sonic Youth e My Bloody Valentine se dividiram num único festival, em outro Iggy & Stooges, Pixies e New Order e por aí vai passando por White Stripes, Smashing Pumpkins e Patti Smith. Talvez motivos de agenda ou até mesmo a crise na Europa, que parece não afetar aos festivais mas...



Deixando as analises de lado e partindo para o que interessa. Antes da banda principal tivemos The Chamaleons num palco, Chavez em outro e Rufus Wainwright no principal até chegarmos ao prometido The Cure e desde cedo já era perceptível a presença de um público mais adulto, menos moda e mais honesto. Uma hora antes do show já começava a formar a grande fila para que os fotógrafos chegasseam a limitada barricada. Eramos tantos que foram necessários dois grupos de 60 (limite da barricada) o que ao final nos colocava à merce da sorte, qual das duas canções haveria mais luz, quais expressões de rosto seriam as melhores as da primeira ou a seguinte? Assim como há quatro anos na última visita que o grupo fez a cidade condal e que vem sendo habitual, "Plainsong" abriu o setlist e que me perdoem os jornalistas formados na escola, sei que é um erro se colocar em primeira pessoa para comentar um show ou evento mas chutando o balde total, foi difícil concentrar mais uma vez. Estar diante do Robert Smith e lembrar que The Cure foi o primeiro show ao vivo que vi na vida ainda adolescente foi complicado, não só para quem escreve mas também para muita gente que estava lá, um grande momento. A sequencia da músicas parecia repetir ao show de 2008, "Pictures of You" e "High" deu mais um passo para que as suspeitas de uma apresentação de três horas realmente estava por confirmar. Como uma maratona, Smith e compania iniciam com um ritmo marcado, sem grandes esforços. O grupo atingiu tal nível dentro da música que já não é mais necessário lançar discos míticos ou que queiram provar algo, o que o público quer mesmo é vê-los executando sua própria história, bela, calma e emocionante. Muito se comentava de que a banda renderia homenagem aos vinte anos de Wish, repassando na íntegra o álbum o que não aconteceu e claro, ninguém reclamou.

O ambiente começou a aquecer com "The End of the World" ainda que a resposta do público não fosse tão grande, algo melhor com "Lovesong" e "Push" mas com "In Between Days" foi a rendição. Daí em diante não faltaram clássicos dos anos 80 e 90 como "Just Like Heaven", "A Forest", "Close to Me", "The Caterpillar", "Friday I'm in Love" celebrando perfeitamente o dia que nada mais era que uma sexta-feira e "Let's go to Bed" e uma avalanche sem fim de clássicos que só foi interrompido pela organização do festival que após 3 horas de show deu apenas três minutos mais para a banda encerrar com "Boys Don't Cry", afinal, por se tratar de um festival os horários são limitados mas nada grave no geral, só faltaram alguns clássicos mais mas ao menos temos motivos para recebe-los num futuro.


E o dia não fechou com o Cure já que nesta edição o festival recebeu um pacote bastante extremo. Tudo bem que em outras ocasiões até o Motorhead já tocou. Sem contar em grupos como Monotonix e Fucked Up que também tem veias punks. Porém este ano a coisa foi mais profunda com Mayhem, Napalm Death, Trash Talk e OFF! Também estavam previsto o Melvins que cancelou na última hora. O único que não entendemos foi porque não juntaram todas estas bandas, mais extremas num único dia, dando a oportunidade ao público metal e hardcore a mesma que os fãs do The Cure, comprar entradas para um único dia e não ter que comprar o abono de todo o festival para conferir bandas que quando tocam em casas menores, tocam por preços bem menores. Fica a experiência.

O show do Napalm Death é sempre imperdível mas vê-los num palco maior, não muito maior do que estão acostumados, com mais potencia sonora e ao ar livre foi uma experiencia nova. Lançando o excelente Utilitarian a banda atacou com músicas de todos os álbuns como já era esperado mas abriu mesmo com "Errors in the Signals", assustando um ou outro indie rocker desavisado que passava pelo local. Além dessa, "Everyday Pox" também foi tocada com direito ao zumbido das cornetas na versão de estúdio desta música mas a festa fica completa com "Siege of Power" e "Scum", entre outros clássicos que não cansamos de escutar. O que muita gente achou estranho foi a decisão da banda de não aceitar fotógrafos na barricada, alguns classificaram como estrelismo e outros entenderam ao contrário. Realmente estrelismo é ter o photopass para fotografar-los, uma permissão para uma banda que não se importa em ser fotografada e que nem é necessário pedir.

Quem não se preocupou com isso foi o Mayhem e seu black metal nórdico. A polêmica banda chegou ao Primavera Sound gerando muita expectativa e com a possível execução na íntegra de De Mysteriis Dom Satanas, que ao final não foi executada de ponta a ponta mas o setlist estava recheado. Capitaneada por Necrobutcher os noruegueses arrasaram o cenário com um palco totalmente decorado com cabeças de porco e tochas, além do figurino ensangüentado do vocalista Attila Csihar, um crucifixo de ponta cabeça junto ao microfone e o tradicional frente de cranio na mão e "Freezing Moon" devastando. O público que já era grande para o Napalm Death só aumentou e brutalizou para o Mayhem. Muita gente que já tinha assistido a banda em outras ocasiões pode testemunhar e classificar esta como uma das melhores atuações da banda nos últimos anos. Se compararmos com o que vimos ano passado no Hellfest, não há dúvidas.

Quem também esteve presente e que teve que se contentar com um público menor foram os californianos do Trash Talk. Quem ainda não conhece e é fã de hardcore total, chamo de total porque só hardcore é pouco. Ritmo abrasivo e riffs vulcanicos do melhor punk underground do momento. A banda possui dois discos e um EP, um deles produzido por Steve Albini com músicas que mal superam um minuto de duração. O show foi intenso e o setlist extenso para a meia hora que ficaram no palco, na verdade nem todos os integrantes ficaram no palco já que o vocalista praticamente passou o show jogado na galera e em determinado momento no centro de um mosh pit enquanto berrava porradas como "Awake", "Flesh and Blood" e "Vultures", intenso até a medula. Aí sim minha aventura pós UTI passou a ser desgastante.


Para finalizar a noite e acalmar o corpo demos uma passada no The Drums, banda novaiorquina que se tornou queridinha do público e que esteve no festival em 2010. Desta vez defendendo um novo álbum, Portamento, e oficialmente como um trio. Apesar do hit "Let's Go Surfing" ter ajudado em popularizar-los o mesmo poderia ter marcado negativamente a banda, como "aqueles que cantam a música do assovio". Com o disco novo mudaram um pouco a fórmula mas não perderam a essência mas no fundo o que o público queria escutar era, além da anunciada, "Best Friend" e "Man and the Moon", entre outras.

Sábado 02/06/2012 - Terceiro dia.

Sábado foi um dia de poucas e selecionadas missões. Veronica Falls foi a primeira delas. A nova esperança britânica se fez ouvir no palco Mini, que de pequeno não tem nada já que o nome se devia a marca de carros que patrocinava este recanto. Ainda cedo, sete da noite se fez ouvir seu surf-pop/garage uma e outra vez até escuro e boas músicas como "My Heart Beats" e "Bad Feeling". O quarteto já havia passado pela edição de inverno do festival, chamado Primavera Club e nós deixamos escapar.


Apesar de bons nomes na redondeza, resolvemos nos reservar para o curto, intenso e explosivo show da noite. As onze da noite o lendário Keith Morris e seus comparsas aterrizavam com seu OFF! no palco da Vice, o mesmo que recebeu Mayhem e Napalm Death. Mais conhecido como primeiro vocalista do Black Flag e fundador do Circle Jerks, Morris conseguiu recuperar toda a crudeza do passado, ajudado claro por Mario Rubalcaba (Rocket From the Crypt), Steve McDonald (Red Cross) e Dimitri Coats (Burning Bridges). Além de defender seu lançamento com 16 músicas em 16 minutos o grupo apresentou seu setlist de 21 petardos em menos de meia hora, público em massa, discursos contra injustiças e bom humor. Muito se fala neste estilo cru da banda mas existe outro grupo californiano que aparece em seu característico som, os Dead Kennedys, não somente nas interpretações de estúdio mas também no palco. Aqueles movimentos e espressões corporais estilo Jello Biafra também ficam nítidos ao vivo, geração de ouro da Califórnia. O quarteto abriu com "Panic Attack" e seguiu com "I Don't Belong" e "I Got News for You", neste momento os seguranças já queriam expulsar os fotógrafos da barricada, afinal três músicas são três música, ainda que seja em três minutos. Um pouco mais de tolerância foi liberada, dois minutos na verdade. E no meio de tudo isso ainda deu para sentir a ausência de "Rotten Apple", menos um minuto de palco. Mesmo assim, a apresentação foi de tirar o chapéu, talvez se fosse mais longa cansaria um pouco. Finalizaram com "Upside Down" e ainda que muita gente tinha esperança de um pouco mais um simples boa noite deu fim a apresentação.

Foi acabar o OFF! e "voar" para o Shellac, banda mais que habitual no festival. O grupo vem anualmente ao evento e toca no mesmo palco, o mais curioso é que muita gente espera esta visita e o ATP fica lotado, talvez a banda que leve mais público a este palco em todo o festival. Uma vez mais a banda foi demolidora e claro, esperamos ver-los outra vez em 2013.

Antes do fim e também no ATP um público mais reduzido porém honesto conferiu de perto o Godflesh, os verdadeiros fãs classificaram como um luxo poder assistir ao grupo. Com projeções de um mundo caótico ao fundo e muita escuridão no palco a dupla levou muito peso e suor para o palco e o público retribuía com o velho movimento de bate cabeça. A abertura ficou por conta de "Like Rats" e a demolidora fusão entre eletronico e metal foi adiante com "Avalanche Master Song" que só pelo título já da para saber como era estar diante do baixo de G.C. Green.

O festival deu adeus de forma oficial no Parc del Fòrum com o Justice. Uma parede sonora que fazia o corpo tremer e apesar do clima festeiro de D.A.N.C.E. atraiu um público que pouco tem a ver com a filosofia do festival, apesar da boa apresentação da dupla.

O encerramento oficial foi na tradicional Sala Apolo com mais um show doBlack Lips mas como o departamento médico não liberou, ficamos à distancia. FIM e até 2013


Confira fotos desse show, por Mauricio Melo:

ORIGINALLY PUBLISHED AT ZONA PUNK WEB SITE.