quinta-feira, 28 de junho de 2012

New Order no Sonar Barcelona 16/06/2012 - SonarClub - Barcelona/Espanha


No último Sabado fomos conferir de perto o tão badalado festival Sonar Barcelona.  Escrevo tão badalado porque sempre se escutaram tantas palavras sobre o evento e ainda que a curiosidade fosse grande sempre coincide com um dos nossos festivais favoritos, o Hellfest, que só mesmo um problema (grave) de saúde poderia me tirar deste e fazer experimentar a um outro. A grande verdade, é que à parte do show do New Order, o evento deixa muito à desejar.

Vamos ao que interessa que o tempo é curto e o show também. Apesar da banda já não contar com Peter Hook e de todos os problemas que surgiram na saida do mesmo e que particularmente sempre considerei o baixista como principal integrante do New Order, os britânicos demonstraram que ainda tem alguma lenha para queimar.

Desde a abertura com "Crystal" até o encerramento com "Love Will Tear Us Apart" a renovada banda de Stephen Morris e Bernard Summer ofereceu ao público uma hora de clássicos que inundaram as rádios nos anos 80 e 90. Apesar de Hook já não fazer estremecer as quatro cordas do grupo, o baixista que o substitui faz bem o seu papel. Aquelas inconfundíveis linhas de baixo das cordas e notas mais agudas ditaram o ritmo da festa. Boas projeções no telão ao fundo, muitas vezes exibindo imagens dos próprios clipes da banda e Summer fazendo de tudo para animar ao público que só correspondia nas três primeiras filas do recinto, dali para trás mais parecia uma curiosa juventude do que verdadeiros fãs da banda; e tal situação ficou mais nítida quando tocaram com nova roupagem "Isolation" do Joy Division, a movimentação foi pouca.

E por falar nas mais antigas, não puderam ficar de fora temas como "Cerimony" e um dos clássicos pop mais reverenciados da banda, "Bizarre Love Triangle", o que deu um pouco mais de animo nos curiosos de trás, seguido de "True Faith" numa versão mais acelerada do que de hábito.

Para manter o ritmo entra em cena "The Perfect Kiss" e já em clima de fim de festa após quase uma hora de apresentação "Blue Monday" que mesmo antes de soar os primeiros acordes se exibia no telão o título da música para delírio local.

O encerramento ficou por conta da já comentada "Love Will Tear Us Apart" e sinceramente gostaria de saber onde estavam os jovens desordeiros que tentaram bagunçar a festa neste final quando tocaram a outra música do Joy Division? Como igualmente comentamos anteriormente, somente as três primeiras filas faziam jus ao que realmente o New Order merecia, porque o que nos ofereceu foi realmente à altura do esperado com um Summer comunicativo, animado e Morris mandando ver nas baquetas ainda que tenha faltado "Transmission" para finalizar com chave de ouro.

O que ainda não conseguimos enteder foi a proposta do festival que contém em sua chamada oficial Musica Avançada e New Media Art. Primeiro ficou por conta da programação, já que por se tratar de um festival com poucas apresentações ao vivo, não vejo o motivo de que dois dos três principais shows coincidam no mesmo horário. Se fosse o caso de outros festivais com 150 bandas, é totalmente compreensível que as apresentações coincidam, o que não se trata deste.

O New Order tocou no mesmo horário do The Roots e o público ficou esperando por uma hora e meia o Hot Chip. Neste meio tempo DJs animavam a festa com músicas nada avançadas. Ou seja, quem paga para ir ao Sonar paga para assistir a um único show, porque além de poucos os mesmos ainda coincidem.

Por falar em público, talvez esteja aí o grande problema. Quando cobrimos outros festivais de verão, fica nítido o compromisso do público com o evento. É totalmente reconhecível quem vai ou não aos shows. São pessoas comprometidas com a música e o estilo oferecido pelo evento, o que não acontece com o Sonar. Na verdade vimos um festival sem identidade ou com a mesma perdida. Uma porcentagem menor do público tinha este compromisso mas a grande maioria era de tão má categoria que deixava os comprometidos deslocados.

Tivemos a nítida sensação de estarmos participando de um carnaval fora de época versão europeia. Pessoas muito  preocupadas em sair bem na foto para as redes sociais, bombadinhos de academia desfilando com suas camisetas apertadas, traficante à balde entre o público, meninas de salto alto, roupas de marcas, etc, etc. Só faltaram os falsos lutadores e aquela combinação clássica de  bermuda de praia com ténis de mola de academia para completar a história, é um festival povão que vive de uma imagem construída há um tempo. E a música? bem, isso era o pano de fundo e pouco importava.
Enviado por Mauricio Melo

Confira fotos desse show, por Mauricio Melo:

Nenhum comentário: