sexta-feira, 24 de abril de 2009

Soulfly - Sala A - Club Apolo -Barcelona - 17/02/09



Soulfly - Sala A - Club Apolo -Barcelona - 17/02/09

Desde que a turnê do Conquer se iniciou na Alemanha, estamos acompanhando diversas apresentações do Soulfly – inclusive hoje, que é véspera de Carnaval no Brasil. Talvez tenhamos na cabeça uma imagem ou doutrina de que esta celebração tem que ser à base de samba, mulatas y otras cositas más, porém está aí um dia que, ao menos em Barcelona, muita coisa boa aconteceu.
Antes do show principal, quem fez a festa dos headbangers foi o Incite, banda de Phoenix (EUA) que, mais uma vez, fez um bom show de abertura.
Aquele aquecimento mencionado pelo Max, que vem antecedendo suas apresentações, quando o público começa a gritar "Blood, Fire, War, Hate" dez minutos antes do show, não aconteceu. Porém, outro fato curioso chamou bastante atenção; quinze minutos antes, quando o roadie entrou no palco para afinar a tradicional guitarra com a bandeira do Brasil estampada, o público vibrou como se fosse um gol em final de copa do mundo! Levando em consideração que não estávamos em um estádio, e que a grande maioria do público não era formada por brasileiros, ficou nítida a força com que Max representa nosso país pelo mundo afora.

Alguns companheiros de imprensa local elogiaram a apresentação, mas lamentaram o fato de muita gente ainda ir ao show do Soulfly para escutar uma dezena de músicas do Sepultura. Acredito não ser por aí, pois após muitos anos de estrada é normal que alguém ainda queira escutar músicas de sua antiga banda – mas que a atual confirma a cada dia que já tem um público fiel, é tema indiscutível.
Pelo menos foi o que se viu nesta noite em Barcelona quando o público vibrou com músicas de A a Z que estavam (e que não estavam) no setlist. Max parecia uma espécie maestro que ia conduzindo seu público da melhor maneira possível (aquele setlist que fica colado nas caixas de retorno serve mesmo como base, porque na última hora ele toca o que se encaixa melhor).

A abertura realmente ficou por conta de "Blood, Fire, War, Hate" e a sala Apolo parecia que ia explodir. Abriu-se um mosh-pit enorme e a bagaça estremecia. "Sanctuary" entrou na seqüência e, ainda que o excelente Joe Nunez não toque como Iggor, valeu a pena escutar uma música do Cavalera Conspiracy – ou ao menos um pedaço da mesma, já que não foi tocada na íntegra. A princípio escalada para o meio da apresentação, "Refuse/Resist" entrou como a terceira da noite e, de maneira infalível, levantou o público literalmente, que saltava como se tivesse mola nos pés; que saudades de ver isso... Digo saudades não por escutar esta música – ou lembrar dos tempos do Sepultura – mas sim porque quando outras bandas tocam por aqui, o público não tem a mesma reação. Enquanto isso, Max dava início a sua mais nova mania, a troca da camisetas; desde Napalm Death, Canibal Corpse e Benediction, até a da banda de abertura Incite.
Nosso frontman deu um “foda-se” para o inglês e falava em portunhol constantemente. A galera entendia perfeitamente suas palavras e palavrões, como por exemplo em "Prophecy", durante a qual ele insistia em dizer "Barcelona, vamos agitar essa porra, caralho!". Mesmo sem berimbau, "Primitive" ganhou uma calorosa recepção e ficou confirmado que não necessitamos de samba para fazer um carnaval em qualquer parte do mundo. O mesmo vai para "Tribe" e, posteriormente, "Umbabarauma". "Unleashed" confirmou de vez o êxito do Conquer e as pessoas cantaram e vibraram como se fosse um clássico antigo e "Seek and Strike" igualmente foi explosiva. A pesadíssima "Downstroy" deu uma aliviada no mosh-pit e "Mars" devolveu.
Músicas mais porrada também estiveram presentes, como "Frontlines" e "Molotov". Claro que "Inner Self" não ficou de fora e botou todo mundo para bater cabeça. Mark Rizzo e Bobby Burns segurando bem as bases e Max sempre sorridente, dando um verdadeiro banho d'água na galera. Vale destacar a vitalidade de Rizzo, dando voadoras no palco como um integrante de bandas hardcore nova iorquinas. Joe Nunez então improvisou uma pequena introdução, pausando e chamando a galera, até que a mesma apresentasse a fúria necessária para receber "Roots Blood Roots".
Antes mesmo de se despedirem, tocaram "Polícia", dos Titãs, que levou muita gente ao delírio. Ficou nítida a tentativa de Max de agradar a gregos e troianos, reunindo músicas de todos os álbuns, covers e principais clássicos do Sepultura – e pela cara de “esgotada” da galera dá para dizer que ele conseguiu, ainda que um ou outro com cara de “intelectual do metal” diga que não.


Por Mauricio Melo


ENGLISH VERSION
Since the Conquer tour began in Germany, we are following several presentations of Soulfly. Before the headliners came in though, who prepared the terrain was Incite, the band from Phoenix (USA) who once again did a good opening show.
The ‘warm up’ mentioned by Max, which usually happens moments before the band hits the stage – when the audience starts shouting "Blood, Fire, War, Hate" ten minutes before the show – did not happen this time. However, another curious fact drew much attention; fifteen minutes before the start, when the roadie came on stage to tune that guitar that has the Brazilian flag printed, the public shouted as if it was a goal in the final of the World Cup!

The first song actually was "Blood, Fire, War, Hate" and the Apollo room seemed to explode and a huge mosh-pit opened up. "Sanctuary" came next, and even though excellent drummer Joe Nunez doesn’t play like Iggor, it was worth listening to a song from Cavalera Conspiracy - or at least a teaser, since it was not played in full. Originally planned to be played in the middle of the set, "Refuse/Resist" entered as the third of the night, and foolproof, literally raised the audience, who jumped as if they had springs in their feet. And how I missed that... I mean, when other bands play here, the public doesn’t have the same reaction.
Today Max abandoned the English language and spoke “portunhol” constantly. The crowd understood perfectly when he said "Barcelona, vamos agitar essa porra, caralho!" during "Prophecy". "Primitive" won a warm reception as well as "Tribe" and, later, "Umbabarauma”. "Unleashed" confirmed the success of Conquer and people sang along as if it was an old classic. The ultra-heavy "Downstroy" relieved the mosh-pit and "Mars" returned it.
More badass songs were shot at the public: "Frontline", "Molotov" and, of course, "Inner Self", who put everyone to headbanging. It is worth highlighting Rizzo’s vitality, who was high kicking the air while playing his guitar, like New York hardcore musicians do. Joe Nunez then improvised a short introduction, pausing and calling the crowd, until they had the necessary fury to face "Roots Blood Roots."
Even before they ended, they played "Policia", from Brazilian rock band Titãs, which led many people to ecstasy. It was a clear attempt of Max to please everyone, bringing together songs from all albums, covers and classics from Sepultura - and judging by the tired face of the crowd we can say that he succeeded.
by Mauricio Melo

Also in Rockonnection - www.rockonnection.com
www.flickr.com/photos/mauriciomelo

Nenhum comentário: