sexta-feira, 24 de abril de 2009

British Sea Power - um novo Arcade Fire?


Banda inglesa fala com exclusividade à Paradoxo em Barcelona
Por Mauricio Melo e Ana Paula Soares
Foto: Mauricio Melo
O bate-papo discontraído aconteceu no lobby do hotel onde a banda British Sea Power estava hospedada. O guitarrista Martin Noble e o baterista Wood, ao descobrirem-se diante de um brasileiro logo começaram a falar de futebol. Deixaram claro, antes de qualquer pergunta, que adorariam tocar no Brasil um dia. "Para também aproveitar um pouco da viagem para "inesquecíveis férias."
Formada em 2000 na cidade de Brighton, Inglaterra, somente em 2003 a banda deu as caras com o disco The Decline of British Sea Power. Dois anos mais tarde e com um pouco mais de experiência depois, foi a vez de apresentar o álbum Open Season ao mundo. Foi aí que algumas canções começaram a ganhar notoriedade.
Uma mistura de pós-punk e garage rock adicionadas a boas letras é o segredo deste quinteto. O álbum mais recente, Do You Like Rock Music?, lançado ano passado, levou-os a comparações com o Arcade Fire. Mas se olharmos para a história e os discos anteriores dos britânicos, vemos que não é bem por aí. Não custa lembrar que a banda esteve, em 2008, entre os nomes de grandes festivais, como o Primavera Sound de Barcelona e o tradicional Reading/Leeds Festival, na Inglaterra. Se você não gosta de rock, está lendo a entrevista errada.

Revista Paradoxo - Sei que talvez possa ser um pouco cansativo, porém como se trata em uma banda que ao menos no Brasil ainda está em descoberta, poderia fazer um pequeno resumo da história da formação da banda? As informações que tenho dizem que foi formada em 2000 e logo com os primeiros shows teve uma boa repercussão, e o primeiro album se tornou um dos favoritos da crítica britânica. Algum detalhe mais?

Noble - O de sempre, éramos amigos e desde muito jovens estudávamos juntos, eu era um jovem universitário de psicologia por exemplo. Conversávamos muito sobre música, sobre nossas bandas favoritas como Pavement e nesta época poucas pessoas gostavam de Pavement na escola e na universidade, era como ter um gosto diferente ou para alguns um mal-gosto mas era isto que nos identificava.

RP - Por mais de uma vez a banda foi comparada ao Joy Division. Particularmente, não vejo tanta semelhança. Essas comparações incomodam a banda ou faz parte do show levando em consideração que a música é algo reciclável?

Wood - Acho que fazíamos um post e poderíamos ser comparados a um ou outro, é normal que apareçam comparações e uma banda tão foda como foi o Joy Division acho que ser comparado a eles não faz mal nenhum. Mesmo que tenhamos como objetivo fazer algo diferente.

RP - Então, aproveitanto o assunto das comparações, quais são as principais influências da banda?

Noble - Pavement, Pixies, Joy Division, Velvet Underground e Iggy Pop and The Stooges, também não podemos deixar de fora.

RP - É verdade que Do You Like Rock Music foi, ou pelo menos era para ser, gravado em Montreal?

Noble - Sim, tínhamos três lugares previstos para gravar e um deles era Montreal, pois queríamos aproveitar a atmosfera daquela cidade. Apesar da idéia inicial ser ótima as coisas não saíram como queríamos. Então, em Montreal gravamos uma parte e mixamos e outra parte na República Tcheca.

RP - Um bom produtor, por melhor e mais renomado que seja, pode errar a mão e
estragar um disco ou a banda tem parcela de culpa?


Noble - Normalmente trabalhamos juntos ao engenheiro de som, mixamos o disco juntos e acredito que coisas assim não acontecerão conosco. Não existe somente uma pessoa no comando de tudo. Nos dedicamos ao máximo para fazer com que o disco saia como queremos.

RP - Quem compõe as musicas? Existe alguma fórmula específica ou as compisções vêm de jams, de estúdio? O mesmo vale para as letras.


Wood - Funciona de diferentes maneiras. Alguém chega com uma parte composta, outro com um rascunho de letra, algumas vezes sai de Jams. No início buscávamos fazer juntos e depois começamos a passar as linhas em separado e ao juntar ficavam horríveis mas depois demos sorte.

RP - Como foi participar do Primavera Sound 08 e em seguida do Reading/Leeds? Já passa a ser um bom reconhecimento do trabalho?
Martin - Bandas brilhantes participaram destas edições e estar nestes festivais é sempre bom. Levando em consideração a repercussão de ambos acho que é um bom reconhecimento.

RP - Aquela perguntinha tradicional: planos para o futuro, shows no Brasil? O que acham da ideia?
Wood - América do Sul com certeza, seria brilhante.
Martin - Gostaríamos muito de ir para shows e depois passar férias por alguns meses, curtindo o Brasil [risos]. Sabemos dos problemas que existem, mas também há em muitos lugares e isso não desanima. Gostamos muito de esportes e sempre vemos os brasileiros se destacando. Além da cultura, da comida... definitivamente é um lugar a estar.
Oficialmente publicado por Revista Paradoxo

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